No Dia em que Eu te conheci . *



Notas: Esta história baseia-se e contém fatos verídicos, ou seja, grande parte desta história aconteceu mesmo. 
As imagens não são das personagens verdadeiras. 
Esta história tem direitos de autor.




Personagens :



Anna ( eu ) 

Nasci na Holanda, fui morar para a Espanha e foi de lá de onde vim. Mas a minha família é 100% de origem portuguesa. Tenho 17 anos  e frequento o 12º ano.
Tenho um irmão mais velho chamado André e é um chato do caraças ... Ele sempre teve várias despreocupações em relação á família. Mas quando se preocupa é a sério e é muito protetor.
Eu não sou espanhola, apenas vim de lá porque lá o meu pai arranjava mais dinheiro. Mas foi despedido. ( que felicidade ... )
Sou muito tímida , insegura e indecisa de mim própria. Por vezes a minha auto-estima não é a melhor e com isso posso arranjar sérios problemas. Sou teimosa. Não sou influenciável.
Tenho tudo o que quero e felizmente nunca me faltou nada. Porém, também não tenho tudo, mas sou feliz assim desta maneira. Sempre fui educada, nunca faltei ao respeito a ninguém.
 Mas os meus pais não são assim muito presentes. O meu pai é médico e a minha mãe trabalha numa boa empresa.
Sou muito amiga dos meus amigos e por vezes confio demasiado nas pessoas.

Esta vai ser a minha história.

Leonor


Não é muito tímida , é muito independente e boa aluna.
É uma amiga espectacular, uma querida. Também não é influenciável 
A sua personalidade é muito doce e tem uma voz muito fofinha. Luta pelo que quer, logo consegue tudo. É sincera e muito meiga. Não consegue ser má para ninguém, mas quando algo está mal,ela faz os possíveis para corrigir. É muito amiga dos amigos, confia facilmente e é de confiança.
Leonor conhecia David desde o quarto ano e sempre foram muito amigos. Com o passar do tempo, Leonor e David ficam mais próximos e ela começa a ter um fraquinho por ele. Mas quando o destino de David aconteceu, ela ficou muito destroçada. Mais tarde ela apaixona-se por Miguel e quem sabe se algo mais irá acontecer entre eles os dois ... 
• Lea e Lione são as suas alcunhas.

João


Tem 19 anos, chumbou duas vezes no 9º e no 7º ano. É uma pessoa rebelde,odeia demonstrar os seus sentimentos, porque ao longo da sua vida aprendeu demasiado com isso (e irão descobrir porquê, se lerem a história)  mas quando quer consegue ser muito querido e sossegado. Só faz porcaria nas aulas.Pode-se considerar um bad boy (quando quer). 
A aparência dele engana, pois ele pode parecer um durão e sê-lo por vezes. Mas lá no fundo é um rapaz com sentimentos e que se importa muito com as pessoas de quem ama. Não é muito influenciável, mas é oposto: ele é que influencia um bocado as pessoas. 
Contudo, João também já passou muito na vida (também irão descobrir o porquê) : não suportava e cortava os pulsos e também se tentou suicidar. Mas passou essa fase. João sonha em ser realmente feliz com quem ama e de preferência fora do país. Consegue fazer tudo por essa pessoa, ele costuma dizer se metem-se com a pessoa que ele ama, metem-se com ele também. Consegue mesmo defender a pessoa, até mesmo bater-lhes. 
 É cómico e também sincero. Não é tímido. Tem uma personalidade muito forte e tal como toda gente também tem os seus altos e baixos. É frontal.
Ele tem um segredo muito forte, mas que mais tarde se vai descobrir.
É moreno, tem olhos castanhos.

Tiago


 É de origem brasileira. A mãe é brasileira e o padrasto é português. Tem uma irmã mais velha, cujo nome é Ana e tem muito mais sotaque que ele. O Tiago e a irmã vieram para Portugal muito novos.
É muito simpático ( ou pelo menos costumava ser) e giro.
Tem 17 anos.
Tem cabelo castanho e olhos castanhos.
Ele muda, infelizmente... por causa de motivos que mais tarde se vão descobrir.
É hiperativo e com alguma popularidade na escola. É persistente, quando quer realmente uma coisa tem de ser logo e não desiste. É muito frontal. Nesse aspeto, é mais frontal que João.
Era namorado da Leonor.
Tiago é o que vai sofrer mais alterações nesta história, principalmente mudanças de humor. No inicio, ela costumava ser simpático; ''sossegado'' , ou seja, não arranjava problemas com ninguém; com uma personalidade doce. Mais tarde ele torna-se o oposto: torna-se uma pessoa fria, arrogante, irónica e ainda assim bipolar. Mas depois volta a ser novamente o que era. Não tanto, mas pelo menos muda o comportamento. Tiago não teve uma infância nada fácil, mas sempre teve tudo o que quis.


David





 Tem 17 anos e também era de Espanha, mas ele era mesmo espanhol.
Também é um bocado rebelde, mas não muito, porém era tímido.
Apesar de não parecer, David era tímido (quando queria) e também tirava boas notas. 
David sempre quis conhecer o seu avô, mas este infelizmente faleceu de acidente de viação e faleceu quando David ainda não tinha nascido. 
Ele não era propriamente mimado, mas era filho único, logo podia fazer aquilo que lhe apetecesse e tinha tudo o que queria. Os seus pais trabalhavam e por vezes não tinham muito tempo para ele.
Sobre ele não há muito a dizer. Continuou sempre a ser ele próprio.
Mas infelizmente acontece uma coisa trágica a ele e que muda completamente o Tiago ( outra vez) e isso dá uma grande reviravolta á história.
Era o melhor amigo de Tiago no inicio da história, até ao capítulo 3.

PERSONAGENS NOVAS !

Tânia :

24 anos. Era prima do David. 
Era simpática e tinha muito sotaque espanhol, pois tal como o primo vieram desde pequenos para Portugal.
Tânia estudara para ser pediatra , pois adora crianças, mas o seu sonho era ser professora primária, mas infelizmente não deu para isso. 
Tânia era filha de professores e estes eram bastantes rígidos,exigiam sempre muito dela mas Tânia adorava os pais. Tânia era a "filha dos papás", porque sempre foi uma rapariga responsável, boa aluna e nunca se meteu em conflitos.
 Os seus pais também gostavam muito de Tânia e também era a única filha que tinham. Estes podiam passar muito tempo fora de casa, mas eram os três bastante unidos. Tânia adorava a família. Nunca decepcionou ninguém. 
Até agora, Tânia era fisioterapeuta e gostava do que fazia, apesar de não ser o que tencionava. 
Tânia e David eram muito próximos. 
Era uma mulher sempre bem-disposta e alegre. 
Vai connosco de férias para o Algarve.
Aparece no capítulo 11.



Marta :


17 anos.  Vive na Margem Sul com os pais e a sua irmã mais velha,  Beatriz.
Marta é uma rapariga com mudanças de feitio constantes , mas muito carinhosa e sorridente. 
Vai-se apaixonar por João.
Esta , ainda tem o espírito bastante de criança e adora ser o centro das atenções, que todos tenham pena dela e é capaz de tudo para agradar alguém que gosta.
Mente muito por esses motivos. Consegue ser um bocado falsa.
 Por vezes, Marta não tem muito noção das coisas que faz e por vezes essas são bem más. Assim como, que por vezes, Marta faz isso apenas porque gosta de uma pessoa e faz os possíveis para ficar com essa pessoa. E grande parte das coisas não correm bem e quem se prejudica é ela.
É mimada. Desde pequena que está habituada a ter tudo o que quer e tenta sempre convencer as pessoas quando quer algo. Os pais sempre lhe deram muita atenção.
João e Leonor conheceram Marta, Beatriz , Mateus e Miguel na mesma noite , quando os dois saíram a um bar.
Aparece no capítulo 11.

Beatriz :

20 anos. É a irmã mais velha de Marta.
Beatriz é muito responsável e adulta , independente, bem-disposta, simpática e sempre disposta a ajudar os outros. Beatriz , quando tinha 16 anos teve a sua maior paixão , mas infelizmente soube que o rapaz era homossexual e daí tornou-se mais atenta ao amor.
Beatriz, quando conhece João desconfia que ele seja gay e tem uma conversa séria com a irmã mais nova.
 Beatriz sonha em ser psicóloga, pois o que mais gosta é ajudar as pessoas.
Ela relativamente á sua irmã mais nova não são muito parecidas, pois Marta é mais criança e Beatriz muito mais adulta. Claro, Beatriz e Marta são irmãs, só que não são do meu mesmo sangue, daí a não serem nada parecidas uma com a outra. Beatriz é a filha adotiva dos pais de Marta, portanto, Beatriz tem noção que na vida nada é perfeito e também se sofre. Isto irá descobrir-se no capítulo 17.
Beatriz é uma senhora e dá-se ao respeito.
Aparece no capítulo 11.


Mateus :


18 anos. Veio da Margem Sul com Marta, Miguel e Beatriz, mas é apenas amigo deles.
 Mateus é um rapaz muito carinhoso, sorridente, bem disposto e bonito. Quando gosta realmente de uma pessoa, gosta mesmo e faz de tudo para que essa pessoa possa ser feliz, e se essa pessoa está feliz, ele também está. Ele luta pelo aquilo que mais gosta. Por vezes não consegue.  Mas desta vez vai ser diferente.
Mateus nunca foi um menino rico e mimado. Sempre esteve habituado a coisas mais simples e nunca teve muito o apoio dos pais. Sempre foi honesto quanto ao que sentia e nunca teve problemas com isso. Porque para ele, a sinceridade é o ponto forte numa pessoa e ele tenta sempre ser o mais sincero possível. Por vezes tem alguns complexos com ele mesmo, mas não é nada que não se supere.
Mas, esconde também um segredo, tal como João.
Mateus e João ficam amigos, até a amizade deles ser mais forte do que ambos pensam.
 Mateus já teve também vários problemas na escola, mas sonha em ter um futuro fora do país. 
Ele tem os pais divorciados e é filho único, logo foi tudo muito difícil para ele, atrapalhou muito o ano letivo e daí já ter chumbado duas vezes, mas também da sua rebeldia e falta de timidez (só é tímido quando lhe apetece e para muito pouca gente ) 
Aparece no capítulo 11.


Miguel :



18 anos, muito perto dos 19. 
O seu nome é João Miguel, mas desde pequeno que o tratam por Miguel e é assim que quer que as outras pessoas o tratem também.
Vem também da Margem Sul e é amigo de Marta, Beatriz e Mateus. Mateus e Miguel são amigos muito próximos. 
Miguel tem carta de mota e é muito independente e muito radical. Mas no fundo acaba sempre por fazer porcaria e as coisas nunca ficam boas para ele. Apesar de ter boas notas e ser bom aluno, é rebelde e só pensa em divertir-se, embora também já ter passado um mau bocado devido á morte da sua mãe, pois Miguel não conheceu muito bem a sua mãe e daí a viver com o pai e com a sua madrinha. Na realidade, a sua madrinha é sua tia, irmã mais velha do pai, mas sempre foi como uma madrinha e mãe para ele. Perdeu a mãe com apenas seis anos. Vive com o pai e com a a madrinha. Esta divorciou-se do seu tio há quase oito anos. Este agora encontra-se no Porto, com outra mulher. Miguel gosta muito do tio e fala muitas vezes com ele. Nunca teve muita conivência com os padrinhos, porque tinham a mania das riquezas e nunca se interessaram muito nele. A ''madrinha'' /tia dele é auxiliar de uma escola e o pai é empresário, chefe de uma boa empresa. 
Em toda a sua vida, ele sempre teve a fama  de mimado. Tira boas notas, mas grande parte destas devem-se a mentiras e cábulas. Passa o tempo sozinho e ainda assim se discute muito na casa dele.
 Mais tarde conhece melhor Leonor e descobrem que são cada vez mais compatíveis. 
Aparece no capítulo 11.

Lourenço :

Tem 18 anos. É meu colega na Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Entrou para a Universidade com média de 16,2 valores, devido a ter baixado as notas no décimo primeiro ano. É um bom aluno, com os seus altos e baixos, porém não é dos melhores e por vezes balda-se um pouco.
É alto, tem cabelo castanho escuro, olhos castanhos e pele morena. 
Lourenço veio de Viseu. Tal como eu, faz anos em Junho, já nas férias de verão. Faz anos dia 19 de Junho (enquanto eu faço anos dia 30 desse mês). 
Tem cara de santinho... Mas já experimentou droga,  no nono e décimo primeiro ano. É um bocadinho influenciável, pois ele começou a drogar-se devido ás companhias. Os pais dele nunca souberam disso, mas felizmente ele já se deixou disso. E será que vai ser sempre assim? 
É bonito, rebelde mas também sociável e simpático. Não é tímido. Consegue muito parecer uma pessoa que não é ou que nunca foi. Consegue fazer-se de bonzinho e de inocente quando está em apuros.
Lourenço vive um pouco ausente dos pais e estes ausentes dele também. O pai dele, só pensa em trabalho e em dinheiro, é chefe bancário. A mãe dele, trabalha, é enfermeira e tal como o pai só pensa em dinheiro. Ambos trabalham o dia quase todo e Lourenço só via os pais á noite. Portanto, Lourenço sempre teve muita liberdade, mas sempre quis ter mais atenção dos pais, já que é filho único. Sempre teve tudo o que quis e é bastante independente.
Aparece no inicio do capítulo 16.

Carlos:


O Carlos tem 17 anos e vive em Lisboa. É um rapaz bissexual, com problemas de auto-estima, auto-confiança e tem distúrbios mentais. Carlos vai para uma clínica psiquiatra, onde encontra Mateus e tem  bastante interesse nele. O seu maior defeito é ser perseguidor (stalker e muita gente o acha psicopata, mas ele nunca se soube defender muito bem, normalmente ele defende-se enquanto chora ou grita) quando gosta de uma pessoa, mas não é por mal. Afinal, ele não se considera doente nem acha que precisa de ajuda. Carlos encontrava-se na clínica há mais de seis meses quando Mateus lá chegou.
Apesar de ser um rapaz muito estranho e por vezes não ter uma conversa "normal", ele já sofreu a sua maior desilusão amorosa: namorou com um rapaz durante algum tempo, mas esse rapaz afinal andava a gozar com ele. Carlos reagiu mal e a partir daí começou a ser um rapaz frio, que mal sorri e que só faz cara séria e ao longo dos capítulos (apesar de serem poucos) vai demonstrar isso. Após o seu desgosto de amor, os seus pais divorciaram-se, passando ainda menos tempo com ele e Carlos depois entra numa escola de ensino superior. É um rapaz confuso e embora que seja frio, tem uma mistura de sentimentos de raiva, ódio e tristeza. Por vezes as pessoas zangam-se com ele, mas ele não tem culpa de ser assim e Mateus vai tentar ter muita paciência com ele. Mas será que isto é tudo sobre ele? Será que ele esconde mais alguma coisa? Haverá algo mais a esconder acerca da sua (verdadeira) identidade? 
Aparece no capítulo 20. 



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- Ainda falta muito para chegarmos? – Perguntei eu, impaciente
- Tem calma, maninha! – Respondeu  o meu irmão.
O meu irmão e eu, estamos sempre (ou a maior parte do tempo) a discutir, porque ele tem sempre (ou quase sempre) a mania que é rei! Isso irrita-me…
Sou a Anna (sim, com dois nn. Nasci na Holanda), tenho olhos azuis, cabelos loiros compridos e lisos. E vim de Salamanca (nome esquisito, mas foi a cidade de onde eu vim), na Espanha. Sou considerada uma pessoa muito tímida e insegura.
E bem, finalmente tinham chegado a Lisboa, após uma longa viagem de carro…
A minha casa era DIVINAL! Era grande, branca e com uma piscina.
Lembrara-me que hoje eu ainda ia às aulas, numa escola nova.
Era meio dia e meio, quando acabei de arrumar o meu novo quarto. Estava pronta para ir para aquela nova escola. Estava ansiosa!
Ganhei mais alguma coragem e entrei naquela escola, sem conhecer ninguém, apreciando a beleza daquela escola e as pessoas que a frequentavam e decidi ir dar uma volta pela escola, percorrendo os corredores procurando a minha sala, aquela onde iria conhecer a minha turma ou talvez alguém que me marcasse na vida. 
 Farta de andar, resolvi sentar-me num banco e á estava eu, sentada, a viver o primeiro dia numa escola nova. Um rapaz e uma rapariga começaram a olhar para mim e vieram logo ter comigo. Achei estranho, fiquei nervosa mas tentei agir com naturalidade. Eles eram os dois tão bonitos que confesso que me senti pouco á vontade.
- Olá, já sei que és nova cá, portanto, sê muito bem-vinda!
A rapariga tinha uma voz linda, assim como ela… Ela tinha longos cabelos encaracolados castanhos-claros e olhos castanhos .
- Já agora eu chamo-me Leonor.
E finalmente o rapaz que estava com ela disse:
- Olá. Eu sou o David..
- Prazer,  eu sou a Anna... - apresentei-me, sorrindo.
Sentira-me ainda mais envergonhada do que já estava. Mas eles demonstraram que não era preciso eu estar envergonhada e apresentaram-me a escola.
Conclusão do dia: AMEI! Apesar de ter estado nervosa.
No dia seguinte, lá estavam eles, á minha espera, e confesso que fiquei um bocadinho incomodada de os ver juntos! Não sei porquê! Mas naquele momento deu-me um bocadinho de raiva, enchi o peito de ar, e disse com calma (e com lata):
- Leonor, o David é teu namorado?
- Não, ele é apenas um grande amigo meu, somos colegas desde o 4ºano … Já tenho namorado – Disse ela com muita calma e não ter levado a mal a minha pergunta.
- Quem é?
- É um da outra turma, chama-se Tiago, tem dezassete anos tem cabelo quase castanho e olhos castanhos. Mas ele não tem vindo á escola porque está doente… – Explicou ela
- Ah… - Disse mais aliviada
De repente o telemóvel dela toca.  
Lembrara-me que adorava aquela música e que há séculos que não ouvia, pois não me lembro do nome. Recordo-me que a primeira vez que a ouvi estava com o meu amigo no melhor lugar da escola e a rádio da escola pôs lá esta música. Nunca mais a esqueci…
Bom, mas ela atendeu logo o telemóvel, porque era o namorado dela a dizer que amanha já podia ir para escola e que estava com muitas saudades dela, e essas lamechisses  todas de namorados… Senti-me uma forever alone. Tão forever alone que vocês nem fazem ideia.
Enfim, é a vida! Enquanto ela estava ao telemóvel, o David começara a por conversa comigo.
- Então… De onde eras mesmo? – Perguntou, com o seu bonito sorriso.
- Vim de Salamanca , Espanha… - Disse, eu, tímida como sempre.
- Eu era de Madrid ! – Disse, surpreendido.
- A sério? – Surpreendi-me, que para começar éramos do mesmo país!
- Yah! A sério.
- Que fixe! – Disse, enquanto sorria timidamente.
Finalmente e após uma longa conversa com o David e a Leonor uma conversa com o Tiago chega a altura em que ela lhe diz “ Tenho saudades tuas! “
Mas para aí uns dez minutos de a Leonor ter desligado o telemóvel, aparece um rapaz. Um rapaz com cabelo quase loiro, e também uns olhos castanhos. Aperceberam-me que era assim que ela descreveu Tiago. É bonito, muito bonito, mas não tanto como achei o David.
Mas assim que ele acabara de falar, a sua voz era tão doce… Assim mais ou menos como a do Robert Pattinson, mas um bocadinho jovem.
-  Afinal vieste! – Disse Leonor, feliz
- Surpresa! – Disse ele.
Sim, tinha mesmo a certeza, eles gostavam mesmo um do outro! Isso é bom, e sobretudo quando se é correspondido. Eu não tenho namorado há dois anos, porque simplesmente o meu namorado era a coisinha mais estúpida de todas! Ele nunca gostou de mim, apenas me usou para fazer ciúmes á sua antiga namorada… Que estúpido! Eu também nunca lhe dei muita confiança porque… bem, não sei porque mas desde que ele me fez isso, não quero ter mais namorados e sobretudo não tenho muito jeito para a coisa.
Até que, o Tiago, vira-se para mim e diz-me meio a sorrir:
- Olá.
- Olá. – Disse eu.
- Bem, Anna, como já deves ter reparado, este é o Tiago, o meu namorado. Tiago, esta é a Anna, a aluna nova. – Disse a Leonor.
- Prazer em conhecer-te, Anna – Disse ele, novamente.
- Digo o mesmo, Tiago – Disse eu, tentando por a minha voz suave e linda como a da Leonor… Mas não me saiu lá muito bem..
Eu acho o rapaz muito sorridente! Mas até é simpático… E giro… 
David esteve sempre calado, enquanto eu e o Tiago tínhamos a conversa mais curta do mundo, e depois disso.
Houve uma troca de olhares entre mim e o David. Aquela troca de olhares que quando se repara numa pessoa. Fiquei corada e tentei disfarçar fingindo que não estava a sentir nada, mas não consegui, então veio aquele riso, oh aquele riso estúpido e magnifico que acontece poucas vezes na vida, aquele riso que não para e aquele riso que simplesmente pareceu-me que tinha significado algo.

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Chegara um novo dia e novamente estava a Leonor e o David á porta da escola. Mas desta vez com o namorado dela, o Tiago.
- Bom dia, Anna – Cumprimentou David.
- Como estás hoje? – Disse a Leonor.
- Bom dia, meninos, estou bem e vocês? – Disse eu, a sorrir
- Nem por isso… - Disse o Tiago
- Porquê? – Perguntei.
- Que seca, vamos ter matemática! Odeio! – Disse o Tiago, aborrecido.
- Eu gosto de matemática… - Comentei eu.
- Tu também? Boa! – Disse o David, feliz
- Já somos três… Matemática é a minha disciplina preferida! – Continuou a Leonor.
- IUPI! Boa! Não é todos os dias em que se encontra tanta gente a gostar de matemática – Disse eu.
Isto estava a correr bem… Eu e o David já tem outra coisa em comum. Que fixe!
Isto era bom…
Apareceu um outro rapaz moreno.
- Olá, João! – Chamou Leonor.
- Olá. – Ele parecia um bocado aborrecido, mal-encarado.
- Esta é a Anna. – Disse a Leonor.
- Ciao, Anna! – Disse, ele.
- Italiano?
- Sim, vim de Itália. Estive lá a passar férias com os meus tios. – Disse ele
- Bem, vamos? 'Tá quase na hora. – Inquiriu David.
- Bem visto… - Respondeu ele.
Tiago, estava com um ar sério…
- Preciso de falar contigo. A sós…
- Sim, claro…
Eu fiquei com o David e com o João. E eles foram falar…
- Olha… Custa-me tanto dizer isto.
As lágrimas começavam a sair dos olhos lindos e castanhos da Lione.
- Diz – Dissera ela, quase a chorar.
- Os meus pais, estão a pensar que eu volte para o Brasil… E ultimamente, temos andado mal, e desculpa dizer-te mas acho que já não gosto da mesma maneira que gostava antes …
- Portanto…
- Portanto… Eles querem que eu… E tu, acabemos… Mas, podemos ficar melhores amigos, amigos para sempre  , melhores amigos inseparáveis ! Ouve, Leonor. Eu gosto muito de ti mas penso que já não é da mesma maneira que antes e também com estes stresses do meus pais... Anda tudo complicado.
Mal ele acabara de dizer isso, começou logo a chorar.
Eu fui ter com ela.
- Que se passa? Agora vais-me contar tudo, e vou compreender-te percebo muito disto…
Mas porque é que eu disse aquilo?! Não percebo nada de namoros!
- Eu e o Tiago acabamos…
- O quê ! Mas porquê?!
- Por causa lá de umas coisas da família dele… Que ia voltar para o Brasil.
- Qual é o lado bom nisso?
- Ele disse-me também que podíamos ficar melhores amigos… Amigos para sempre.
- Isso nem é muito mau… Ao menos falam…
- Mas não temos relação!
- Eu sei que é complicado para ti, portanto se calhar o melhor é esquecê-lo …
- Mas vamos estar toda a vida sem nos falar?
- Não! Mas isso já vais ter que falar com ele, se podem ser amigos ou não. É o melhor, eu sei que tu gostavas dele. Mas essa história pareceu-me mesmo ter sido inventada. Desde quando é que pais dele mandam no amor que sente por ti? Ninguém manda no amor das pessoas, ele é que sabe oque realmente sente por ti. – Respondi.
- Ena, já alguma vez te aconteceu?
- Sim, já me aconteceu isso! – Menti.
            Bem, de facto não seja bem mentir, eu e o meu namorado acabámos porque ele não gostava de mim, namorámos para ele fazer ciúmes á namoradinha dele e porque lhe estava a apetecer chatear-me.
- A sério? Como é que foi?
- Bom… Não foi muito fácil, mas tive de aguentar. Mas até agora somos amigos… Desde o dia que acabamos. – Continuei a mentir.
- Pois, mas isso foi quando?
- No ano passado, ainda na Espanha. - Continuei , tentando desviar o assunto
- Vieste da Espanha ?! Uau, que fixe!
- Mas a sério, lamento imenso pelo que aconteceu.
- Não lamentes, tu não tens culpa do que aconteceu … Mas vá, mudamos de assunto. Espanha é um país lindo!
- Portugal também é giro…
- Achas mesmo?
- Sim, acho…
- E porque vieste para cá?
- O meu pai arranjou cá um trabalho e foi despedido…
- E estás a gostar? Estas cá há já quase três semanas
- Sim, estou a gostar. E não é pouco!
- Qual é a melhor parte?
- David…
Ela sorriu e vi que podia confiar realmente nela.
- Porquê o David?
- Sei lá… Ele é bué lindo e temos muitas coisas em comum.
– Pois. Eu já reparei que tu tens um fraquinho por ele… Nota-se!
- Achas mesmo?
- Sim Anna, nota-se milhões!
Corei por um momento, sem reparar que estavam o David e o João estavam a ouvir. Ele também corou…
- Vocês estavam a ouvir? – Perguntou ela.
- Sim!- Disseram até ao mesmo tempo…
- Isso foi mau. – Comentou.
- É ilegal, mas podes fazê-lo! - Brinquei.
Todos se riram, até gostei de meter piada, foi engraçado.
Reparei que já estávamos atrasados dez minutos. Íamos ter matemática e a stora não é nada simpática. É gorda, feia e mal-encarada, está sempre a ralhar!
-  Que tal irmos ? Estamos atrasados dez minutos e vocês sabem como é a stora
- O tempo passa mesmo depressa! Sim, vamos – Respondeu ela.
- Tiago e João, veem connosco? – Perguntei.
- Ainda ficamos. Nós atrasamo-nos sempre. – Respondeu o João.
-  Não me admira nada que cheguem atrasados. – Comentou David.
- Fazem vocês muito bem. – Gozei, rindo – Então, vá, até logo.
E lá fomos nós os três: Eu, a Leonor e o David para a aborrecida aula de matemática. Bem, eu gosto de matemática, só não gosto das aulas e da stora. Uma coisa boa é que me sento ao lado do David , que fixe!
A aula foi “ animada “ Eu e o David estivemos a falar durante toda a aula e mal-encarada da stora ralhou-nos e chamou-nos á atenção mais de três vezes. Mas nós pouco ralados com isso continuámos a falar.
Finalmente se ouviu o toque de saída, para se ir para o intervalo. Finalmente!
A Leonor, no intervalo teve de ir ter com o Tiago, para esclarecer mais umas coisas sobre de terem acabado. Gostava de ser assim, popular, ter um namorado e se acabássemos eu ir logo falar com ele, para saber melhor o motivo do fim da relação.
Fui ao bar com o David. Depois de irmos ao bar decidimos ir para a sombra de uma grande árvore da escola, o sítio mais sossegado da escola, e pouca gente vai para aquele sítio.
Nunca gostei tanto de uma escola! Enfim, para variar eu e o David começamos a falar espanhol. Foi divertido, falamos sobre as coisas nas nossas antigas cidades, dos irmãos mais velhos, enfim talvez sobre tudo… 
  - Temos muitas coisas em comum!
 - Pois. Preciso de te perguntar uma coisa, Anna…
- Diz, estás á vontade.
- Anna, temos mesmo muitas coisas em comum e já somos amigos… Já desabafei bués cenas contigo e acho que já te considero como tal. Aceitas ser a minha melhor amiga?
            E disse isto, corando levemente…
Oh my god! Ainda não consigo acreditar que ele me fez esta pergunta. Nem soube oque responder!
- Sim, claro. Porque não?
-Ótimo!
- Mas pensei que a Leonor fosse a tua melhor amiga…
- Não é, mas somos grandes amigos. Sou da turma dela desde o 4ºano.
Eu sabia que eles se conheciam desde o 4ºano, apenas fiz esta pergunta para saber.
Ainda não consigo acreditar que eu agora sou a MELHOR AMIGA do David! Que cena!
Tocou mais uma vez, o toque de 10 minutos de atraso. Íamos ter ciências, era a ultima aula do dia e depois já não tínhamos aulas de tarde. Infelizmente não fiquei ao lado do David nem da Leonor, fiquei ao lado de outra rapariga, mas não falámos, acho-a muito antipática, apenas sei que se chama Joana e que me sentei ao lado dela porque o stôr insistiu e ela estava sentada sozinha na mesa.
A aula foi uma autêntica seca, tínhamos que dissecar um sapo. Foi um nojo!
A antipática da Joana não me falou durante toda a aula, nem colaborou comigo! Enfim, mas gente destas não vale mesmo a pena…
A aula acabou, mas parece que estive lá dentro séculos!
A Leonor disse-me que a Joana gosta do David já há muito tempo, mas que ele nunca lhe ligou muito.
Até achei muito bem, pois Joana é muito antipática. Mas enfim!
            João e Tiago vieram ter connosco.
- Então, divertiram-se? – Perguntou a Leonor com um sorriso.
            Ambos se riram…
- Hum, estou a ver que isso é um “sim”!
- Yah, foi bué fixe. – Respondera João.
- E oque fizeram? Posso saber? – Perguntei.
-Fomos fumar. – Respondeu Tiago
- Fumar?! Onde?! – Perguntei, já calculando a resposta.
-Ao pé do ginásio, é o sítio mais sossegado da escola, quase ninguém vai para lá. Por isso fomos nós. – Respondeu Tiago descontraído.
-Ah, muito bem, muito bem… - Continuou Lione, brincando.
-Exato, fizeram vocês muito bem! – Respondi.
- Yah, Anna, nós sabemos. – Respondeu o João.
- E ainda bem que sabem! – Respondi.
            Apetecia-me contar tanto uma piada naquele momento… Mas não consegui, sou muito tímida, insegura e indecisa…
Tímida porque não sabia se eles iam achar piada, insegura porque não sabia se eles iam gozar comigo e indecisa porque não sabia se ia contar ou não. Mas eu sou assim, já disse que a minha personalidade é esta, mas quando estou com os meus amigos sou 100% louca/estupida/parva/doida.
Normal, também não os conheço assim tão bem, três semanas ainda não dá muito bem.
Pronto, talvez dê, mas muitas vezes tenho vergonha de lhes perguntar coisas!
Ok, foi naquele momento em que disse:
            - Lione, quero-te perguntar uma coisa a sós!
Eu e ela fomos falar a sós e eu disse:
            - Como é que consegues, Lione?
Ela ficou confusa.
             - Conseguir o quê, Anna?
            - Como consegues sempre reagir na boa? Como não consegues ser tímida e insegura, como eu?
            - Também já o fui, às vezes ainda sou. Não te sei explicar muito bem, apenas que comecei a sentir-me melhor comigo própria e deixei de ter medo. Não tenhas medo, mesmo que te corra mal! Vai-te, assim que consegues sempre reagir na boa e deixares de ser tímida. Responde sempre que alguém te fale mal, defende-te.
            - Não sei se sou capaz. Lione, eu admiro-te bué adorava ser como tu!
Ela corou.
            - Gostavas mesmo, Anna?
            - Sim, gostava muito mesmo…
            - Como já te disse, para deixares de ser tímida e insegura, tens de te sentir bem contigo, e deixares de ter medo dos outros. Pensa que ninguém é melhor que tu ou mais bonito, não tenhas medo das pessoas!- E disse isto, a sorrir.
            - Não sei se consigo…
            - Claro que consegues, Anna!
            -  Não sei, Lione ...
            - Claro que sim ! Concentra-te e pensa noque vais dizer. Se eu consegui, tu também consegues. Todos conseguem! - E disse isto com um sorriso lindo, os do costume.


               

 Capitulo dois -   (in) Segurança


Acordei, fui tomar o pequeno almoço. E depois resolvi ir pesar-me, porque pensei noque a Lione me tinha dito sobre sentir-me bem comigo própria.
Apanhei uma desilusão: estou gorda. Quase 70 quilos!
Já sei ! Vou fazer dieta, preciso de emagrecer...
Fui para a escola, sempre a pensar noque ela me disse.
E como de costume estavam os meus três grandes amigos á minha espera, á porta da sala onde iamos ter a aula.
Cheguei cedo. Ainda só estavamos nós os três lá á porta. Até que eu disse:
- Oque acham de ouvirmos uma música fixe ? Logo pela manhã sabe bem ouvir coisas fixes!
Todos concordaram. Eu pus uma música que já á bué que não ouvia.
E eu, feita tarada pus-me para aí a cantar a música a altos berros.
- Acalma-te, Anna ! - Disse o David.
- Eu gosto de fiambre ! - Disse a Lione.
O David começou a olhar para nós.
Tive vergonha de o ter feito, se pudesse voltava atrás, mas já está, já está ...
Tocara finalmente ( infelizmente) para irmos para a aula. Iamos ter inglês, uma disciplina que não desgosto por completo. A STORA TEM UM PÉSSIMO SOTAQUE ! 
O David tinha-me dito que a stora parece uma galinha. Oque é verdade !
Passado um bocado recebemos uma grande notícia: IAMOS TER SUBSTITUIÇÃO ! 
Isto significa que nos podemos juntar em grupos e fazer  o que quisermos!
Como de costume, sentámo-nos eu, o David e a Lione.
Verdade ou consequência?
Eu vs Lione :
Eu:  verdade ou consequência ?
Lione: verdade !
Eu: é verdade que já alguma vez roubas-te num centro comercial ?
Lione: mentira :c
Eu:  primeira consequencia : dares um beijo no Francisco ( um betinho da turma )
Lione: que nojo !
Eu: segunda consequencia:  pores-te de cima da cadeira e cantares a Macarena e terceira consequencia: dizeres á stora  que está muito bonita hoje.
A Lione escolheu a terceira. Chamou a stora , mas a stora queria que ela dissesse em voz alta para a turma toda ! Ainda melhor !
- A stora  hoje está muito bonita!
A stora começou a rir e a corar muito. Significa que gostou.
- Porque diz isso, Leonor ?
- Porque ... Porque ... Porque adoro o seu estilo ! Tradicional! Sim , eu adoro !
Eu e o David começámos logo a rir.
A stora agradeceu.
David vs Eu 

David: Verdade ou consequência ?
Eu: verdade.
David: é verdade que gostas do twilight ?
Eu: Por amor de God , não podias fazer uma pergunta melhor , mais difícil? Óbvio que gosto!
David: Deu-me.
Lione: É verdade , normalmente este jogo com o David não é assim !
David: Eu gosto de desafios !
Lione: Eu sei muito bem que gostas.
Eu: Dá para ver que sim.

Tocou , para os 45 minutos, foi outra stora a substituir. 
QUE SECA ! 
Estivemos a resolver umas malditas atividades de inglês e olhar para o quadro! A stora era uma bruxa! Que má !

***
1 semana depois ...

Mais um dia de escola! Bem, hoje é sexta feira, mas não tive aulas á tarde.
- Vamos os três á pastelaria almoçar ? - Perguntou o David.
- Almoçar, numa pastelaria ? - Perguntei.
- Sim, Anna. Costumávamos lá ir todas as sextas feiras á hora de almoço. - Disse a Lione.
- Se costumávamos, não é , Lione? - Perguntou David.
Ambos se riram e eu fiquei mais do que curiosa!
- Qual é o motivo da risada ? Agora vão-me contar, fiquei mesmo curiosa! - Disse eu, quase a morrer de curiosidade.
- Uma vez, numa sexta -começou a Lione.
- íamos almoçar todas as sextas feiras , ás horas de almoço. -interrompeu David.
- Sim, continuando... Nós os quatro, eu , o David , o João e o Tiago estávamos a almoçar na esplanada  e tu, senhor David tinhas encontrado uma lagartixa pouco ou nada bonita. - continuou Lione.
- Deixa-me contar o resto ! - Disse David. - E eu tinha dito: " olha uma lagartixa ! ",o
Tiago tinha dito: "anda cá , linda ! " , a Lione disse: " Ei ! Eu sou muito mais importante  doque esse réptil feio ! " , o Tiago pôs o bicho no café da Lione. A Lione passa-se por completo e grita: " NO MEU CAFÉ NÃO ! "
- Nessa altura, eu e o Tiago ainda namorávamos... - comentou Lione.
- O João disse daquelas asneiras bué alto e " é maluca !  mas tens de admitir que é parecida contigo ... " a Lione grita outra vez bué alto e com aquela vozinha esganiçada dela : " EU NÃO SOU NADA PARECIDA COM ESTA COISA , ESTÁS A OUVIR ?! TU É QUE ÉS PARECIDO COM ELA. ÁS TANTAS DESCENDES DESTAS CRIATURAS HORRIVEIS ! " 
E estava tudo a olhar para nós , como se fossemos uns loucos! A Lione pega na lagartixa e põe na cerveja do João e na Monster do Tiago. A Lione disse: "É PARA VER SE GOSTAM ! " E então aparece o empregado da pastelaria a mandar vir connosco. - Disse o David.
- Muito bem , sim senhora ! - disse eu a rir muito.
- Mas eu até queria ir lá hoje ... - disse o David.
- Então vá , vamos lá! - disse eu , a rir ainda.
- Tantas coisas que já aconteceram lá , não foi, David ?! - brincou Lione.
- Se foi! Muitas vezes até ligávamos em anónimo a alguns números ao calhas , para alguns colegas ou pessoas parvas ! - Disse o David.
- Era bué divertido... - Disse a Lione.
- Adorava ter estado com vocês na altura. Tanta coisa que devo ter perdido! - disse eu.
- Foi mesmo uma pena. Divertias-te a valer! Ás vezes até gravavamos coisas no telemovel. - Disse a Lione.
- Daqui a bocado toca e vamos para a ultima aula do dia. Hoje é sexta , não temos aulas de tarde. - disse eu - Também tenho vontade de ir !
- Exato ! E como não temos aulas de tarde, depois de almoço íamos dar um passaeio por aí. - Sugeriu a Lione.
- A mim parece-me ótimo ! - Disse eu.
- Por mim pode ser.  E depois vamos onde ? Ahh , já sei , ao shopping ! - Gozou David- Com a Lione é sempre assim ...
- Força nisso ! Obvio que vamos, não é , Anna ? David , ninguém tem culpa de seres imapaciente. - Disse a Lione , também a brincar.
-  Claro ! Isso não são perguntas que se façam a uma pessoa! Lione, não ligues , rapazes são assim ... - brinquei eu.
Esqueci-me de contar, mas estou a fazer dieta, já estou mais magra ! Mas ainda não o suficiente, só páro quando chegar á perfeição. 
O método foi: num dia comer só 1 iogurte. E é muito eficaz ! Já emagreci 5 kg. *-*
Sim , 5 kg, quero emagrecer depressa , para poder ficar bonita ...
Estou a gostar deste método e não tenho medo ! (:
Tinha finalmente chegado a hora de almoço . Fomos os três para a tal pastelaria. Não sabia oque pedir , mas nada  de muito calórico, ainda estou em dieta. 
Ainda não tinha comido o meu iogurte, ainda estava de estômago vazio ( só como o iogurte á tarde ) . Depois do almoço já não comi mais nada hoje !
Chegámos á pastelaria. Estava quase vazia e tinha muito boa apresentação. 
- Vamos comer todos uma tosta mista ! - disse o David.
- Aqui são enormes e deliciosas ! Quando cá vinha-mos pedia-mos sempre todos uma tosta mista. - disse a Lione.
- Então o fiambre deve ser delicioso, não é Lione ? - brinquei.
- SE É ! - disse ela.
Sentámo-nos numa mesa ao pé da janela , com uma paisagem muito bonita da cidade.
Estivemos a conversar enquanto a comida não vinha. O empregado foi lá perguntar as bebidas.
- Quero um Ice Tea. - pediu a Lione.
- Eu uma coca-cola. - pediu David.
- E tu, Anna , já decidis-te ? - perguntou-me a Lione.
- Sim , eu quero uma água. - pedi..
- Tens a certeza que queres uma água? - perguntou a Lione.
- Absoluta. - respondi.
- Não é todos os dias em que alguém pede uma água quando se está com os amigos. - gozou David.
- A coca-cola e o Ice Tea têm muitas calorias. - respondi.
- De vez em quando não faz mal. - disse a Lione.
Não respondi.
Passado um bocado um outro empregado voltou com as tostas mistas. Eram enormes ! Acontece que o David e  a Lione conheciam o empregado. 
- Rafael ! - cumprimentou Lione, feliz por vê-lo.
- Olá , Lione !! - cumprimentou também. 
- Então , bacano ? - perguntou David, com a sua maneira de cumprimentar as pessoas.
- David ! Voltás-te , puto ! Há quanto tempo ! - cumprimentou também Rafael, dando-lhe um passo bem.
- Não temos cá vindo. Sabes como é .. - continuou David.
- Lione, estás diferente! Tu também , puto. - continuou ele.
- Pois estou ! Olha, Rafa , esta é a Anna. Sê simpático para ela, ok ? - disse a Lione, a sorrir, como sempre.
- Só me cá faltava esta , miúda! Eu sou simpático para toda a gente. - brincou o Rafa. - Olá, como estás ? Eu sou o Rafael , mas mais conhecido por Rafa.
- Heyo , estou bem. Prazer em conhecer-te. - respondi.
Depois ele deu-nos as tostas e foi-se embora para o balcão. 
Entretanto, começámos a comer.
- Vamos jogar ao verdade ou consequência ? - perguntou David, comendo.
- Não me apetece. - respondi.
- Nem a mim. Jogamos na escola, que é mais divertido. - respondeu Lione.- Então e cenas maradas ?
- Não conheço esse jogo. - ironizou David , gozando.
- Passas a conhecer. - respondeu Lione.
- Eu começo ! E já sei que cena vou contar.. - respondeu David.
- Estás-me a assustar ! - disse Lione, brincando.
- Eu estou ansiosa para saber ! - respondi.
- Eu nem quero imaginar o que vai sair daquela boca. - disse Lione.
- Limita-te a ouvir. - respondeu David.
- Vá lá. Gostava mesmo muito de ouvir, se não se importassem! - respondi.
- Uma vez estavamos nós os quatro num grupo. Eu, a Lione, o João e o Tiago. Foi numa aula de substituição a francês. A stora era bué estúpida. Quando faziamos algo, nunca via. Até estavamos a comer, nessa aula ! - começou David.
- Muito gostamos nós das aulas de substituição ! - comentou Lione, a rir.
- Exatamente. Bem ditas aulas para vocês fazerem porcaria ... - comentei também.
- Então, o Tiago passou-nos o telemóvel dele e sugeriu ligar a um amiguinho dele, também um pouco crazy. - continuou David.
- Telefonar  numa aula ? Isso é estranho. - comentei.
- Nós somos estranhos , a verdade tem que se dizer... - disse Lione. - É ilegal , mas podes fazê-lo ! De quem será esta frase ...
- Minha e com orgulho ! - respondi.
- Ligámos para o gajo ... - continuou David.
- Oh My God ... - comentei.
- Ligámos para o tipo, em anónimo. Começámos a gozá-lo e disfarçámos as vozes. 
Eu dizia: Olá , bom dia. Daqui fala o Tony Carreira e queria convidá-lo para o meu próximo concerto.
O rapaz : Horácio ?!
Eu: Sim , é o Marco Horácio.
Lione:  QUERIDO , VEM ALMOÇAR ! 
O João imitava um cão.
O rapaz: Estou ?!
Eu: Sim estou e o senhor ?
João : Tu gostas de mim ?
O rapaz : Oi ?!
Tiago : OLÁ !
Lione: Vem comer o teu frango assado, que está a arrefecer, querido !
Eu: Já vou , amor, estou só a falar com um fã.
João: Aceita ou não a oferta?
O rapaz: Mas que oferta ?
Lione: Gosta de fiambre ?!
E depois o gajo desligou. Foi brutal ! - disse David.
Eu ri-me bué.
Depois do almoço, fomos apanhar o autocarro para irmos ao Colombo.
- Vou comprar um gelado. - disse a Lione.
- Eu vou contigo. - disse David.
Fomos á Olá e os dois pediram um Swirl, aqueles gelados que têm montes de calorias, gomas , topping e que são deliciosos. Mas como ainda não acabei a dieta, não comi.
- Eu não quero ... - disse.
- Porquê ? É delicioso ! - disse a Lione, começando a comer.
- É melhor não .. - respondi.- Tem imensas calorias e comi muito.
- Estás a gozar ? Só comes-te metade da tosta. - disse David.
- Era grande e eu estou em dieta. - respondi.
- Estás mais magra. - notou David.
- Mas dieta não é deixares de comer... - atalhou Lione.
- Mas eu não deixei de comer ! - respondi.
Eles ficaram um pouco a olhar. Mas eu estou completamente bem ! 
- Pronto, está bem. Também não vamos insistir.Não é não.- disse David.
E pronto, estivémos a espreitar lojas ( eu e a Lione, com o David não se pode ir ao shopping ! ) até ás 19h. Não jantei, pois já tinha comido muito por hoje.
Os meu pais chegam a casa sempre depois das 23h. Por isso passo muito tempo sózinha. O meu irmão anda na Universidade do Porto, quer ser advogado.
Resumo deste dia : tenho uns amigos fantásticos, que se preocupam demasiado e inventam coisas onde elas não existem, com o David não se pode ir ao shopping, as tostas mistas daquela pastelaria são deliciosas. 
*
A cada dia percebo que o David é perfeito. Hoje ele fez um sorriso lindo quando me cumprimentou ! Trazia uma camisola daquelas com capucho , igual a esta :
E ficava-lhe mesmo bem !  Ele é lindo, estou farta de dizer isto ! O sorriso dele é lindo, quando ele sorri, eu bloqueio mesmo. Fico sem palavras. Será que gosto assim tanto dele ? Será que ele também gosta de mim  da mesma maneira que gosto dele ? Mas se calhar não.. Ele não ia gostar de uma rapariga gorda como eu. Tenho que emagrecer o mais rápido possível para ele raparar em mim! Porque pessoas bonitas e populares só gostam de pessoas bonitas e magras e populares. Mas esse dia talvez chegue, o dia em que eu ficar magra.
Tenho uns melhores amigos lindos ! O que eu acho estranho é terem uma melhor amiga gorda, que não é popular e suficientemente bonita. Se estou a ser exigente para comigo comigo própria ? NÃO ! Quer dizer, talvez um pouco, mas como se diz : '' uma mulher para ser bonita tem que sofrer '' !
No intervalo estivemos os dois, porque a Lione teve de ir falar com o Tiago para resolverem melhor as coisas que se passavam entre eles. Ela ao menos teve um namorado giro e popular, ela é gira. E eu, nunca tive um namorado. ( pessoas a gozarem , dizendo que nos amam não conta. ) Que inveja ! Sentira-me mesmo mal.  Começo a odiar-me ... 
Estar com o David a sós até foi agradável. Estivemos a falar sobre muitas coisas. Como por exemplo, a loja onde ele comprou a camisola , da Espanha, do Tiago e da Lione, da stora de filosofia.. Enfim, de muitas coisas! Eu e ele temos várias coisas em comum...

Capitulo 3 - O Fim de uma Amizade



A amizade de Tiago e Lione ainda permanecera, mas lembrara-me que eles tinham acabado á pouco, assim que descobri que entre ele e David havia uma certa rivalidade, ainda sem saber ao certo o motivo, mas a Lione tinha-me dito que gostavam os dois de mim. De mim ? Mas o que tenho eu assim de especial ? Serei assim tão bonita ? Serei perfeita para eles gostarem de mim ? Que terei eu ? Magia? Poderes ?


Mas ao menos já sei que David gosta de mim, mas eu não gosto do Tiago. 
E por acaso Tiago tinha-me dado três dias para decidir entre ele e o David. Oh my God , isto só em filmes não ?! Só comigo ... Continuo a perguntar-me oque tenho assim de especial , para isto armar uma grande confusão ..
- Lione, se a Anna te perguntar quem ela deve escolher, podes responder que ela deve escolher-me a mim? - perguntou David.
Ela não respondera... Mas nas aulas eu perguntei-lhe:
- Lione, estou perdida... Isto só em filmes ! Devo escolher o David, certo ?
Ela demorara a responder :
- Sim, escolhe o David. Eu ainda gosto do Tiago e tu gostas do David e o David gosta de ti.
- Certo.. - Respondi com firmeza.
***
Três dias já se tinham passado. Já fiz a minha escolha. E escolho o David. Sem dúvida nenhuma, estou decidida e eu ADORO o David.
- Oi Anna - cumprimentou Tiago.
- Olá. - respondi.
- Então, já decidis-te ? Tu tinhas até hoje.
- Sim já decidi. Escolho o David, sem dúvida nenhuma.
- Oquê ? - respondera ele, com uma cara de "estás maluca ! "
- Sim , isso mesmo. Escolho o David ! Até porque eu gosto dele, e isto é uma estupidez absoluta.
- Foi a Lione que te disse , não foi ?
- Não, ninguém me disse nada. Acredita no que quiseres.
Ele não acreditou e foi-se embora.
- Porque foste dizer á Anna para escolher o David ? - perguntou Tiago á Lione.
- É assim ... - começou Lione.
- Pensava que .. - interrompeu Tiago.
- Calma , rapaz ! - interrompeu também - Eu fiz isto porque gosto de ti.
- Se gostasses de mim tinhas feito oque pedi.
- Pronto, tens razão. Não gosto de ti. Amo-te !  - e de seguida deu-lhe um beijo muito curto. - Fiz isto porque gosto de ti e porque a Anna gosta do David desde que chegou a Lisboa. 
Ele ficara parado e demorara a responder.
- É assim : Eu já te esqueci ! Gosto da Anna desde que acabámos. Como foste capaz ?!
- Estou a ver que não podemos ao menos ser amigos ...
- Não , nunca mais. Falsa.
E dito isto, foi-se embora com uma amizade acabada , com uma raiva do tamanho do Mundo e prometendo vingança para o David e para a Lione.
- Não se pode confiar em ninguém hoje em dia. Mas isto não vai ficar assim, prometo. - retorquiu ele, para si próprio, enraivado, enquanto caminhava em direção a sua casa.
No dia seguinte, acordara com uma certa sensação indescritível. Como se algo não estivesse bem. 
Depois de me vestir e ir a correr bem depressa para a escola vi a Lione e o David, juntos, outra vez.
- Olá ! - cumprimentei.
- Olá Anna - cumprimentou David.
- Olá. - cumprimentou Lione de uma forma murcha.
Yeah ! Eu sabia ! Passa-se qualquer coisa com a Lione, ela não estava bem, não sei porquê mas o que devo fazer é tentar animá-la.  
Eu acho que David também se tinha apercebido disso. Por isso, ele disse :
- O que acham de hoje irmos dar uma volta á hora de almoço ?
- Onde ... - Dissera ela.
- A mim parece-me bem ! Vá lá, vem connosco ! Até porque precisas de espairecer ou ainda entras em depressão. - respondi.
- Não sei, poderíamos ir ao Colombo ... - dissera David , com intenção de animá-la.
- Vês ?! Não são todos os dias em que ouves o David a querer ir a um Centro Comercial ! - continuei.
- O que se passa ? - perguntei-lhe. Mas não perguntei para ser cusca, perguntei para ajudar.

- Bem, então é assim : eu e o Tiago zangámo-nos. - respondera ela, quase a chorar.
- Tipo, a sério , Lione ?! Zanguei-me com bué gente e não faço o alarido que fazes. - respondeu David.
- Não estás a ajudar, David ... - comentei. 
- Mas é diferente, David. Eu ainda gosto dele, percebes ? - continuou Lione.
- Sim, percebo. Foi o que também quis dizer. Zanguei-me com a minha primeira namorada, acabá-mos , continuá-mos chateados e agora há séculos que não a vejo ! Achas que fiquei contente ? Claro que não. Mas até me fez um favor, era cá uma chata ... - prosseguiu David.
- É complicado, Lione, até porque a tua história e do Tiago ficou mesmo confusa. Mas chatearam-se porquê ? - perguntei.
- Sabes aquela coisa em que tinhas de escolher entre o David e o Tiago ? 
David ficara a olhar.
- Que coisa ?! - interrompeu David.
- O David não sabe ?! - perguntei.
- Eu não ! - respondeu ele.
- Também pensava que sabias... - disse Lione.
- Pois , mas não sei ! Agora quero saber isso. - pediu David.
- É assim, o Tiago gosta da Anna , e pronto, enfim, tem ciúmes de ti, por isso, ele pediu que escolhesse no prazo de três dias entre ti ele. - explicou ela.
- Que estúpido ... - comentou David. - Isso é totalmente uma estupidez !
- Sim , ok , eu disse á Anna para te escolher, porque eu ainda gosto dele e eu pensei que ainda tínhamos possibilidade de ficar juntos. - continuou.
- E foi exatamente isso que lhe disse. - acrescentei eu. - Disse que não , porque eu não gosto dele. Gosto de outra pessoa ...
- O Tiago, ficou furioso e descarregou tudo para cima de mim. Disse que jamais iria voltar para mim e essas coisas ... - continuou Lione.
- Ahh , 'tou a ver. E então ? As pessoas chateiam-se muitas vezes por cenas mesmo estúpidas. E ele foi. Tu até fizes-te bem. Se a Anna não gosta dele, também não lhe ia mentir, certo ? - disse David, num tom diferente do habitual.
                        Deve ser a primeira vez que sou o centro de tudo ! Mas eu não gosto disso, odeio ser o centro das atenções e não quero criar má fama.
- Certo, eu também odeio mentiras. - disse ela.
- Também não vais ficar triste forever ! A vida continua e com o tempo, tudo passa. -  dissera ele.
- Exato, por isso, não fiques triste , mais tarde ou cedo fazem as pazes. - dissera eu.
- Vá , agora quero que respondas. Vamos ao Colombo  ou não ? - perguntou ele, com um sorriso, daqueles mesmo motivadores !
- Está bem, vocês convenceram-me , mas David, vais apanhar uma seca do caraças ... - disse Lione, também a sorrir.
- Eu sei , mas faço isto tudo pelos amigos, nem que entre com vocês nas lojas. - continuou ele.
- Então vamos a ver se é mesmo verdade!! - disse eu de uma maneira manhosa que despertou logo a atenção de todos.
                      Eu tinha um plano. Não, estejam descansados não é dos maus.O plano era fazê-lo ir a tantas lojas que ele já nem se importaria de estar sempre lá a ir.
- Então vá vamos estamos à espera de quê???? - disse a Lione.
     E lá fomos nós todos contentes e já sem falar no Tiago nem em nada que estivesse relacionado com ele. 
     O passeio no Colombo foi ótimo, já o plano é que correu um pouco mal porque o David disse que não entrava em nenhuma loja e que só entrava se algum dia nós estivéssemos muito, muito tristes.
- Querem vir jantar a minha casa?? A minha mãe disse que há comida para todos. - dissera Lione quando saímos do Colombo.
- Eu por mim não quero, não tenho fome nenhuma. - respondi eu.
- Então porque Anna anda eu vou com muito prazer e com... 
- Muita fome -  dissemos eu  e a Lione em conjunto.
- Desculpem mas não me apetece, talvez para a próxima.
- Ok já vi que não vais aceitar. Até amanha Anna!!  
- Xau David. Xau Lione!!
     Eu até gostava de ter ido mas já tinha comido a minha dose por aquele dia. Quando cheguei a casa estava com tanto sono que me fui logo  deitar e adormeci no preciso momento em que encostei a cabeça à almofada. 
     No dia seguinte acordei e pensei - É sábado!! - depois - Au dói-me a cabeça!- portanto levantei-me e como sempre estava sozinha em casa, os meus pais estão a trabalhar.
     Então agarrei no telemóvel e liguei para a Lione e para o David e imaginem, eles também estão doentes, e vêm para minha casa passar o dia.
- Olá entrem, eu estava no sofá embrulhada no cobertor a ver televisão, façam o mesmo!
- Bom dia, tu até parece que nem tens febre já eu atchim! Pronto já perceberam.
- Pois já, olhem eu telefonei à minha mãe e ela vem ver-nos e podem cá passar a noite ok?
- ya por nós tudo bem, então e que vamos fazer? - perguntou Lione
- Verdade ou Consequência? - sugeriu o David.
- Por mim pode ser - respondi.
- Então vá começo eu a fazer ao David. Verdade ou Consequência? - disse Lione.
- Consequência 
- Muito bem, agrada-me 1ª Beijar a Anna na boca.
- Ei - resmunguei
- 2ª lamber o sofá e 3ª dizer as tabuadas todas em menos de 3 min.
- Escolho a 3ª - Disse ele.
      Lindo, parece que não gosta de mim.
- Boa escolha e em  3 2 1 começa!
     E passados 2 min. ele já ia na tabuada do 10 o que quer dizer que superou o desafio.
- Boa David conseguis-te. Atchim! Atchim! - disse eu e eles imitaram-me na parte dos Atchins. 
- Alguém tem fome? - perguntei por delicadeza.
- Oh, Anna deves pensar que nós estamos bons de saúde!
- Pois... eu também não tenho fome nenhuma mas perguntei por delicadeza.
- Só tu, mas obrigada na mesma. - disse a Lione.
      A porta da rua abriu-se e a minha mãe entrou e com o seu normal ar feliz disse:
- Então meus queridos doentinhos como estão?
- Olá mãe, já conheces os meus amigos? A Lione e o David.
- Olá David! Olá Lione!
- Olá mãe da Anna! - disseram os meus amigos.
- Bom, chega de apresentações vamos ver como vocês estão. Ei Anna tas muito magra!
- Não mãe deve ser da doença.
- Então ok como está a vossa febre?
- Mal estamos cheios de dor de cabeça! - respondemos
- Então vamos lá ver isso.
      A minha mãe examinou-nos e por fim disse que não era nada de grave, que era apenas uma febre e que já podia-mos ir à escola na segunda. Mas amanhã tínhamos de ficar em casa, o que me agradou porque vamos ficar todos juntos em minha casa. Boa!!!
      O dia seguinte chegou depressa, depressa de mais e o meu pai também notou que eu estava mais magra, o que é bom porque quer dizer que se nota e também porque os meus pais olharam para mim durante tempo suficiente. Boa! Bom na mesma!
      E Domingo à noite já não tínhamos febre! yupi! E eles foram para a casa deles.




   Capitulo 4 - Uma nova pessoa



                       

           Acordara com a sensação que um dos meus amigos não estava bem ou tinha mudado.
           Depois de me arranjar e de ter preparado um leite à pressa, fui para a escola.
- Olá, Lione!
- Olá.
            Sim, eu estava certa Lione não estava bem, pois tinha reparado que estava menos alegre e a sua voz também.
- Lione, o que se passa?
- Nada.
- Oh, vá lá, eu conheço-te há três meses, portanto, diz!
- Está bem...
            Lione contara-me tudo.
- Não acredito! 
- É verdade... Ele disse mesmo, que, desde que acabou comigo não pensava em mais nenhuma pessoa neste Mundo, sem ser tu.
- Mas eu não gosto dele! Mas sim dele, do David. E pode ser que já não esteja zangado!
           Dito isto, ele entrara na escola, e fingiu que não nos viu! Reparara também que cortou o cabelo e este, estava cada vez menos loirinho do que no inicio do ano.
          Lione olhara para mim com um ar zangado. 
- Uh, retiro o que disse.
         Também tinha reparado que os seus olhos, a sua cor estava mais clara. Mais uma vez estava certa... E ele ignorou-nos mesmo! Começo a não gostar dele!
- Bem, vou ao bar. Queres vir? - Perguntei.
- Não, Anna, deixa estar. Eu fico aqui...
- Está bem...
         Quando cheguei à grande fila do bar, ( estive um bocado à espera) , não tinha reparado que o Tiago estava atrás de mim.
- Buú! - gritara ele, de modo a ter-me assustado um pouco.
- AH ! - Gritara eu um pouco assustada e depois virei-me para ele - Para que é que foi isso?! Querias dar-me um ataque cardíaco?!
- Que grande cagaço... - Dissera ele ainda a gozar.
- Mesmo, Tiago! Que grande cagaço! Mas quem o ia apanhar eras tu e não eu!
- Porquê?
- Porque, se estás assim tão preocupado comigo...
        David aparecera e tinha-me interrompido.
- Olá! Estou a interromper algo?
- Não, David, não estás. Vamos - E fui-me embora com ele.
         O Tiago esse, ficou na fila do bar.
- Estavas a falar de quê, para ele? - Perguntara David.
- Bem, nada de jeito! - respondi.
- Odeio esse tipo!
- Porquê?
- Eu admito que já fomos mais amigos. E não o achas estranho?
- Sim, realmente! Está mais antipático do que no inicio do ano.
        Passámos pela biblioteca, sem dar conta, e vimos o placar de noticias da escola e vi isto anexado:
 " Baile de fim de ano do 12º ano às 19 horas, no ginásio da escola no dia 18 de Junho." 
        Frequento o 12º ano...
- Ena, estou a ver que esta escola é muito antecipada nos eventos...Faltam 3 meses só estamos em Março... - Comentei.
- Pois, mas no ano passado, os do 11º ano não tiveram direito a nada! e este ano temos viagem e baile de finalistas.
- Na minha antiga escola em Espanha, do 7º ao 12º ano havia baile de mascaras.
- E foste mascarada de quê?
- Bem, aquilo foi mudando de tema, cada ano, no 7º ano fui de princesa chinesa, nessa altura podia-se escolher  no 8º também, fui de japonesa, mas a partir do 9º ano a escola escolheu. No 9º fui de vampira, o tema era monstros, no 10º fui de princesa do séc. XVII, o tema era o séc. XVII, e no 11º fui de havaiana, o tema era nacionalidades do Mundo.
- Devias parecer gira de havaiana.
- Obrigada, mas nem por isso.
         Acabara de tocar.
- Estás pronto para matemática? 
- Sim, que remédio...
         Quando cheguei à sala estranhei logo uma coisa: O Tiago está no fundo da sala e o novo lugar do David é mesmo ao meu lado.
- David, esse é o seu novo lugar - Disse o professor.
- Bem parece que somos agora parceiros! - Comentei toda contente.
         Ele sorriu para mim, e foi um sorriso tão lindo!
         Com um ar zangado, Tiago olhara-nos, e acho que foi bem feita, pela primeira vez. A aula foi divertida, porque estivemos a falar sempre, melhor aula de matemática e bem... assim foi o meu dia, o David (está comprovado) é e será o meu parceiro...



                                                       * * * 






         Acordei com uma surpresa... O meu cabelo estava ondulado, não é que não gostasse, mas já há algum tempo que tenho o cabelo liso, e não tenho ondulado há muito tempo... Mas já não tinha tempo para o alisar, portanto mais uma vez preparei o leite com chocolate frio, vesti-me e fui para a escola.

         Ora cheguei lá e todo o pessoal da minha turma me disse que parecia muito bem, óbvio que gostei e agradeci...
         Minutos depois, apareceu David com um ar muito zangado.
- Hoje estás zangado. O que se passa?
- Conto-te na aula, vai tocar.
          E tocou mesmo.
- Ok, agora vais-me contar...
- Alguém me escreveu uma carta com uma espécie de bomba que me deixou todo despentiado. 
- E sabes quem foi?
- Não. A carta era anónima.
- Realmente, isso é bué estranho.
- Não sei quem foi... Ondulas-te o cabelo?
- ya, quer dizer, durante a noite ondulou, sem eu fazer nada. Mas há muito tempo que não tenho assim o cabelo.
- Ah... Estranho...
- Gostas?
- Sim... Ficas bem, devias usar sempre assim o cabelo...
         Corei... E fiquei sem nada a dizer... Cada vez fico com mais vontade de ir à escola.
- O teu pai, a tua mãe e o teu irmão fazem o que? - perguntou ele
- O meu pai é médico, a minha mãe é enfermeira e o meu irmão anda na Universidade de Coimbra, porquê?
- Por nada... Deves passar bué tempo sozinha.
- E passo. Acordo sozinha, almoço sozinha... Os meus pais costumam chegar à noite, mas mesmo assim a minha mãe tem turnos.
- Ah...
         Lione apareceu.
- Ei! Será que posso ir convosco?
- Que raio de pergunta é essa! Claro que podes!
         A Lione e o David começaram a falar de jogos, irritei-me um bocadinho...
- Bom, que tal falarmos de barbies? - brinquei.
- Gosto da ideia! Vocês têm aquela barbie que dá luzinhas? Eu tenho! - continuou ele a brincar.
- Eu também! Acho essa super linda! - continuou ele.
         Eu ficara sem ideias... Não sabia que dizer. David tinha abanado a cabeça para compor o cabelo. Bloqueei por completo! A minha cara ficou esquisita! Parecia uma miúda ou até mesmo uma anormal! Por momentos só me apeteceu dizer " és lindo! " . Ok, ele apercebeu-se e começou também a olhar para mim. Foi esquisito.
- E então, onde moram? - perguntei.
- Eu moro neste prédio. - disse o David apontando.
- Que sorte! Eu moro longe da escola. - respondi.
- Eu também! - Disse a Lione.
          Passados uns minutos despedimos-nos do David e eu e a Lione continuámos e estivemos sempre a falar. Sinto-me à vontade com ela. Ela é a minha melhor amiga! Mais tarde despedi-me dela e continuei o meu caminho, desta vez sozinha. O parvo do meu irmão esteve sempre a gozar com o meu cabelo. Que parvo! Só me apetecia bater-lhe! Mas bem...
          No dia seguinte, o meu cabelo ainda estava ondulado. Deixei-me dormir e cheguei 5 min. atrasada, ia ter História: a aula mais aborrecida de todas! A stora está sempre a falar da sua vida e os testes são lixados! Encontrei à porta da escola, encostados às grades da escola o João e o Tiago. Sabem a fazer o quê? FUMAR! Sim, isso mesmo, fumar!
- Bom dia! - disse o João-
- Bom dia! - disse também o Tiago - Isto são horas de chegar?
- Deixei-me dormir. Olhem se não se importam vou para a aula. Vou ter História. A stora é exigente e aborrecida.
- Sim, vai lá - Disse o João.  
           Fui, mas tinha reparado que o Tiago tinha piercings na orelha, ( como o João, mas o João já tinha antes) e o seu cabelo já estava mesmo castanho. O João estava com boné e o Tiago com capucho. Ainda passei pelo bar porque estava cheia de sede.
           Cheguei à sala, a stora deu-me um sermão do pior, tinha chegado 10 minutos atrasada. Eu sento-me sempre quase no meio da sala ao lado da Lione e do David. Eu pedi à stora com a desculpa de não ser portuguesa e os stores deixaram. Passamos as aulas todas a falar e a passar bilhetinhos. Às vezes, até mesmo a jogar. Mas poucas vezes.
           A aula, como sempre foi uma seca, mas depois tornou-se divertida. Eu a Lione e o David estivemos a contar piadas e fartamos-nos de rir! Tiago olhara-nos com má cara. No fim a aula a professora foi recolher os tpc's que tinha mandado na última aula.
           Até que chegou a vez do grupo Tiago e João.
- Tiago e João, onde está o trabalho?
- Atrás de si - respondeu Tiago.
- Não vejo.
- Então abra os olhos! Quem lhe manda ver pelo cú?
          E então, a turma partiu-se a rir.
- Tiago! Vai levar falta disciplinar!
- Porquê? Não tem que fazer isso por mim!
          Ainda não percebi nem se calhar irei perceber porque o Tiago estava assim...Muito diferente! Mas bem, a vida é dele e só ele sabe da sua vida.
         O Tiago voltou a olhar para mim e a stora marcou-lhe falta disciplinar devido à sua má educação. Tocara finalmente para sair.
- Lione, ainda gostas muito do Tiago, não é? - perguntei.
- Porquê?
- Da maneira que olhas para ele...vá sê sincera.
- Sim, Anna, óbvio que isso não engana ninguém...
         ( David tinha ido á casa de banho)
- Eu sabia!
- Não consigo de deixar de gostar dele, Anna!
- Sim, eu compreendo, mas sabes que agora existe um novo Tiago e lamento dizer, mas vais ter que o esquecer...
- Vai ser complicado, Anna...
- Eu sei que vai, mas o tempo cura tudo e pode ser que tu e o Tiago voltem a ser amigos!
- Isso era mesmo bom, Anna, mas duvido. Ele disse "nunca".
- Nunca digas nunca!
- Lá isso é verdade - disse, com um sorriso.
          Segunda feira! Que seca... Também é aborrecido escrever nos fins de semana, há coisas muito mais divertidas e bonitas para se fazer no fim de semana.
          O meu dia foi como todos os outros.
          Fui à escola, houve teste de matemática. Foi muito difícil e a stora é super exigente! Se calhar nem gosta de mim.
          O Tiago deixou o teste em branco.
- Porque deixou o teste em branco? - perguntou a stora.
- Vai ter menos trabalho a corrigir - respondera ele.
- Isso é uma falta de respeito!
- Falta de respeito nenhuma stora, a stora fez-me uma pergunta e eu respondi.
- Ai esta malta de hoje em dia...
- Ai esta malta de hoje em dia  nada!
- O menino não me responda assim!
- Assim como?!
            Que parvo! Tenho outra novidade: sonhei em finalmente ter um corpo de sonho, "Adiós" gordura! Mas sei que ainda vai demorar, ou espero que isso aconteça mesmo, lá por ser um sonho, não significa que não se realize, certo? Mas enfim, sonhos!
            A minha dieta não é assim muito fácil, mas é eficaz! Sou capaz de fazer de tudo para chegar à perfeição, não posso continuar gorda e feia para sempre!
           Mas no intervalo enquanto eu fui à papelaria comprar uma caneta (a tinta... durante o teste acabou e tive de pedir à Lione que me emprestasse uma) a Lione e o David ficaram a falar.
- David, não achas que a Anna anda estranha?
- Porque dizes isso?
- Não anda a comer muito...
- Ah, isso! E reparas-te como ela ficou quando eu lhe disse que está mais magra?
- Isso é toda a gente, David, tenho a certeza que gostavas que eu te dissesse que estás mais magro ou mais bonito!
- Eu sou bonito!
- Claro que és.
- Eu sei!
- Ainda bem. Mas falando a sério, espero que a Anna não tenha deixado de comer para emagrecer.
- Ela já tem idade para saber que assim não se emagrece.
- Sim, já todos sabemos, mas a Anna é teimosa!
- Obrigado pela informação, ainda não tinha reparado! - dissera, ironicamente.
- Contigo não dá para falar, fogo...
           Lione foi ter com o Tiago, para falar sobre esse assunto.
- O que queres? - perguntara ele, sem vontade de a ouvir.
- Cala-te e ouve-me - disse ela, pegando pela sua mão pálida e gelada.
- Que é isto?!
- Quero que me ajudes.
- Ajudar? Em quê? Ou se não quiser ajudar-te?
- Claro que queres. É assim, não me ajudas a mim, mas sim à Anna.
          Ele ficara calado, pois queria que explicasse.
- A Anna está mais magra.
- Jura?!
- Porque acho que está a deixar de comer. Tu não notas que ela está a emagrecer muito depressa?
- Noto que está mais magra.
- Então é o seguinte: vamos todos estar de olho nela para a ajudar.
- Agora andas armada em psicóloga? 
- E tu em insensível? Eu pelo menos ajudo e preocupo-me com os meus amigos. Mas isso já é problema teu. Se gostas mesmo dela, ajuda-a.
- Está bem - dissera ele friamente, indo embora, com aquele seu tique de andar com as mãos nos bolsos.
            Eu chegara finalmente ao pé deles.
- Onde foste? Demoraste bué - perguntou David.
- Fui à papelaria. Havia lá uma fila enorme.
            João apareceu.
- O que acham de hoje irmos ao Pingo Doce comer uma pizza?
- Bom dia, João! - disse eu.
- Só se for para ti - respondeu.
- Eu sempre pensei que fosses almoçar com o teu amiguinho - retorquiu David.
- Puto, tens algum problema? - disse o Tiago, atrás de mim e do David, de forma a que a minha pessoa se tenha assustado.
- Tiago, assustei-me outra vez por tua causa! Achas bem? Tens de parar de fazer isso. E de onde é que apareces-te?
            Ele não me respondeu, mas olhou para a Lione, a Lione olhou para o David e o David olhou para o João.
- Fez-se silêncio - comentou Tiago.
- Só que tu rompeste-o - respondeu João.
- Vamos todos comer uma pizza ao Pingo Doce! - disse Lione, entusiasmada.
            Vou comer só uma ou duas fatias.
- À hora de almoço... - disse João.
- Não, à hora de dormir - interrompeu David.
- Cada um paga o seu, é que não tenho dinheiro - continuou João, ignorando David.
- Sim, todos sabemos - disse eu.
            Íamos ter português e a aula é uma balda qualquer! Como sempre foi uma seca.
            Mas descobri uma coisa: uma rapariga que eu pensava que é minha amiga esteve a aula toda a falar mal de mim para dois outros colegas que estavam atrás e ao lado dela. Foi a Joana, gosta do David... Foi o João que me disse. Eu sei que é verdade, mas porque não me disse em vez de falar nas costas? Tenho de continuar a dieta, ainda estou obesa. Eu pensava que era minha amiga, costumávamos falar e rir juntas. Porquê? Porquê eu?
- A Joana é falsa e intresseira - disse o David.
- É verdade. Ela uma vez, fez-se de minha amiga só por causa do David, estava sempre a pedir-me informações do David, porque nós conhecemos-nos desde a primaria - acrescentou Lione - e ainda gosta dele.
- Mas eu não gosto dela, ela tem de aprender isso de uma vez por todas! - disse David.
- Acalma-te rapaz! - disse eu.
- É teimosa - disse David.
- Eu conheço muita gente que é assim - brincou Lione, referindo-se a mim e quem sabe ao David.
- Deixa lá, coisas de Leonor - Continuei eu.
- Claro.
- Porque é que Lione é a tua alcunha? - perguntei, com curiosidade.
- É o nome de uma boneca, dizem que sou parecida com ela e chamo-me Leonor, ambos começam por L. 
- E Lea? É mais bonito e não é o nome de uma boneca. Mas tu és uma claro.
- Com esses olhos e cabelos, que te ficam bué bem.
- Conversas de raparigas, não me vou meter - interrompeu David.
- Eu?! Tu ainda mais, Anna.
           Mentira. Nem quis responder.
- Aceitas ou não Lea? Precisas de mudar a alcunha - perguntei, ignorando completamente o que ela disse.





   Capitulo 5 - Amores






            Hora de almoço! Fomos todos para o Pingo Doce almoçar.


            A Lea pediu um Compal, o Tiago, o João e o David pediram uma coca-cola. E eu uma água.
 - Água?! - perguntou João.
- Sim, água - respondi.
- Ok, como queiras - disse o João bebendo a coca-cola dele.
            Passado um bocado o homem (empregado) trouxe-nos a grande piza, abrasada em calorias. Só comi uma fatia.
- Ficas bem só com uma fatia tão pequena? - perguntou João
- Sim e eu não tenho muita fome - respondi.
- De certeza? - Perguntou Lea.
- Sim, de certeza - respondi.
            E depois olharam-se uns aos outros.
            Isto é estranho. Parece que estão de olho em mim. Não gosto nada disto, de me sentir pressionada.
            Mas até foi engraçado almoçar com o João, ele é super cómico. Ele parece ser muito aborrecido, com mau humor e mau caráter. Mas lá no fundo é muito engraçado e fixe. Ele esteve a falar, e quando o David disse qualquer coisa da stora de ciências (que já não me lembro o que) e o João respondeu com uma frase preversa, mas ao mesmo tempo engraçada. Já tinha dito que chumbou duas vezes, no 7º e no 9º ano. É muito rebelde.
            O David hoje trazia uma camisa azul, branca e vermelha! Não tenho mais nada de jeito para dizer. Mas estava L-I-N-D-O!! (como sempre, isto não é nenhuma novidade)
           O Tiago mal falara durante o almoço... Agora não sei mesmo o que dizer! As ideias foram-se abaixo!
                                        « algum tempo mais tarde»
           Já me lembrei! Depois do almoço fomos dar uma volta pelos bairros. Acontece que nos perdemos todos. E sabem de quem foi esta excelente ideia?! O David! Ele tinha dito: " que tal darmos uma volta por aí?" e o Tiago respondeu: " a fazer..." e o João continuou: " olha, a dar uma volta não?! Acho que o David tinha dito isso, burro."
           Farto-me de rir com aquele rapaz! Seguimos o David, mas não conhecia o caminho.
- Para onde é que estamos a ir? - perguntei.
- Também nunca vim para aqui - confessou David.
- Posso dar-te um murro na cara? - perguntou Tiago.
- A cara da minha pessoa é demasiado linda para ser esmurrada. Também não sou nenhuma batata a murro - respondeu ele.
- Andas muito violento, amigo! Nada se resolve com violência - gozou João - Não és batata, mas sim nabo.
- Isso agora não está em questão - disse Lea.
- Eu só quero sair daqui - disse eu.
- Até porque convém - continuou Tiago.
                                " Wonder were you are watching from the stars"
             É uma frase que não me sai da cabeça! Acho que é da música Jar of Hearts, da Christina Perri. É bem linda, faz-me pensar.
             Voltando atrás, nós achámos o caminho graças ao João. Viemos ter a um bairro perto da praia. 
             Cheguei a casa e bebi uma água e passei a tarde a ler e no computador. Reparei numa coisa no João que achei piada : é às vezes ter uns tiques com as mãos. Recebera uma chamada da Lea.
- Olá Anna! Como estás?
- Bem e tu Lea?
- Também . Olha, quero falar contigo.
- Diz.
- Preciso de ajuda...
- 'tas-me a deixar nervosa! Diz lá de uma vez por todas o que é.
- É assim: Eu acho que gosto do João!
- Achas?
- Tenho a certeza. Ele é tão engraçado, giro e querido!
- E qual é a parte em que eu te ajudo?
- Não sejas casmurra! Ia já agora passar à parte. Achas que lhe devo dizer?
- Estou surpreendida... Até hoje nunca me pedis-te ajuda nesses assuntos. Como é que fizeste com o Tiago?
- Foi ele que deu o primeiro passo.
- Então acho que desta vez devias ser tu a dá-lo. Mas espera uns dias. O teu fim de namoro com o Tiago ainda é recente e o João pode pensar que não é a sério, que estás a chamar a atenção do Tiago para voltar para ti. Tudo a seu tempo! Mas é óbvio que vais ter de lutar para o teres.
- Não, já o 'tou a esquecer.
- Boa, até porque ele agora anda numa fase. Mas vais ter de esquecer melhor o Tiago e depois lutar pelo João. O João tem que perceber que tu és uma pessoa fantástica!
- Devias ir para psicologia...
- Estava a pensar em ir para medicina ou enfermagem...
- Também tinhas jeito para psicologia.
            Ouvira o portão da garagem. Era a minha mãe.
- Vou pensar... Olha Lea, tenho de desligar, a minha mãe chegou.
- Xau, obrigada. 
- De nada, se precisares de alguma coisa diz.
            E depois desliguei. E como é possível a minha mãe chegar tão cedo?!
            Voltando ao assunto Lea x João, eles até estavam amigos e trocam olhares. Mas é provável que namorem muito tempo! (mais do que quando namorou com o Tiago) Até porque para a Lea é fácil arranjar namorado, ela é muito bonita. Adorava que eu também fosse assim.
           Pergunto-me de uma coisa: como é possível algumas pessoas serem tão populares? Vi numa rede social um rapaz com 8978 perguntas, 9998 gostos. E a maioria das perguntas são "és lindo" e bla bla bla! Mas não é nada de especial! Isto não é estúpido? Mas enfim... Até gostava de ser assim, mesmo não tendo nada de especial.
           Hoje foi um dia para ser recordado! Por onde devo começar? Pelo início, Ok? Ok! Então foi assim: Acordei com um péssimo humor! Cheguei 5 min. atrasada. Cada vez reparo mais que o João é estranho e que é provável que fique com a Lea.
          Enquanto no intervalo a Lea foi ter com o João, eu fiquei sozinha com o David.
          Estivemos a conversar um bocado até que... Ele se aproximou mais e me beijou! Por um lado foi mau porque nunca dei um beijo (é verdade) e beijo mal. Felizmente o Tiago não viu, mas quando nos beijámos, foi precisamente quando tocou.
- Porque fizeste isso? - perguntei.
- Porque só hoje é que fui capaz.
- Também nunca fui capaz.
- Gosto de ti...
- Também gosto de ti, desde o Dia Em Que Eu Te Conheci!!
E de repente ficámos os dois calados, a olhar um para outro.
 Decidimos, então, baldar á aula de História, que é perigosamente aborrecida. A mulher fala pelos cotovelos ! A mulher, em vez de falar na matéria, fala mas é na sua família que está no Alentejo.
E então ?! NOBODY CARES ! 


Uma vez, estivémos a aula toda de 45 minutos a falar de SIDA ! E A MATÉRIA ERA DE PORTUGAL , NO SÉCULO XVII ! 
Quem quer saber ?!



Afinal, o David é mais tímido do que eu pensava. Ele não falou muito ( menos do que costuma falar), devia estar a pensar em mais coisas. 


EU ESTAVA. 
Estivemos num sítio especial, sossegado, no pátio.
            - És linda, Anna.
            - És parvo, David.
            - És linda , Anna. 
             - Sou linda, sou. - dissera eu , de uma forma irónica e seca.
            - Já vi que não gostas que te digam verdades.
            - Não, não gosto é de mentiras, tipo essa.
David suspirou. E um silêncio voltara.
             - Tu sim , és lindo.
Ele sorriu. E fez daqueles sorrisos que gosto profundamente.
             - Não sei porque te achas feia. É uma estupidez absoluta.
             - Não é estupidez , é verdade.
             - Não é não.
             - Eu sou gorda , balofa , um pote !
David suspirou outra vez. Fez um grande suspiro e disse:
              - Eu não acredito que vamos discutir isto...
              - Isto sim, é verdade.
              - Vocês raparigas são todas iguais! Estão sempre com essas cenas do gorda e feia, mesmo sabendo que são lindas. ANNA , TU ÉS LINDA !
              - Pois sou. - disse outra vez de forma irónica.
              - És sim.
              - A maior parte das pessoas não acha isso.
              - Ah sim ? Tipo quem ? 
              - A Joana, o Miguel , o Bruno e isso...
              - E tu dás valor ? Eles têm inveja, principalmente a Joana. Os outros vão atrás dela.
               - Inveja de  quê , David ?
               - De eu gostar de ti.
Naquele momento, ficara sem nada para dizer. As palavras foram-se.
               - Mas somos amigos fortes...
OMG , eu não acredito que eu própria disse isto ! Não acredito mesmo ! Que parva !
Ele riu.
                - Ainda bem que te animo.
                - Mas esse gostar, não é o gostar de amizade. É gostar  de te fazer Rainha.
                - Ohh, não sejas parvo...
Outra parvoíce. Quando estou com vergonha nunca digo nada de jeito.
                - Yah , parvamente apaixonado por ti. AMO-TE, ANNA !
E entretanto, ele tirou a pulseira de plástico cor de laranja que tinha uma frase e deu-ma.
Tirou  também o seu casaco e pediu-me para o vestir.
Somos oficialmente namorados.
                  - Aleluia ! Até que enfim ! - disse Lione, quando lhe contei a novidade. - Estava a ver que não, fico muito contente por vocês !

Por isso , hoje foi um dia ótimo, o mais feliz da minha vida.



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É um novo dia, de uma nova etapa.
Hoje é sexta-feira. A Lione, para não ''incomodar os pombinhos'' ( ela disse isto!)  deixou-nos sozinhos.
                 - David, tu gostas mesmo de mim ?
                 - Isso não se pergunta, Anna.
                 - É que , nunca tive um namorado a sério...
                 - Passas a ter !
                 - É que sou gorda e feia...
                 - Hmm ? Estás a variar mesmo.
                 - Nunca ninguém gostou de mim por isso.
                 - Porque esses gajos foram burros. Ainda devem ser. Amo-te mesmo, Anna. Acredita em mim , sou uma pessoa sincera.
Entretanto, ele tirou o seu casaco e deu-me para o vestir.
                 - Não tens frio ?
                 - Não, mas esse casaco fica-te bem, porque é meu.
                 - Obviamente.
                 - És uma princesa.
E beijou-me. 
Foi um beijo que demorou algum tempo.
Também tivemos Educação Física e hoje foi para pesar. Foi uma vergonha e uma desilusão. 
O David pesa 55kg , a Lione 53, o João 56kg e o Tiago 51kg. E eu 60 kg. Sou gorda. Apanhei uma desilusão e vergonha enorme !
Mas ainda vou lutar ainda mais para ter um peso aceitavel. Acho que um iogurte com 46 calorias é muito... Irei amanhã ao supermercado a ver se encontro iogurtes com menos. Ou então uma fruta, uma maçã, por exemplo.
        A hora de almoço foi como de costume,  fomos comer pizza á pastelaria. Como a pizza tem muitas calorias não comi mais nada em todo o dia.
A seguir ao almoço fomos todos ao Vasco da Gama, apanhámos o autocarro.
Foi divertido e até vimos pessoal conhecido, lá da escola.
Hoje criei um blog , com as minhas histórias que eu escrevo e para desabafar, como um diário.
       Já decidi,  em vez de um iogurte, uma maçã. É melhor, tem menos calorias.
O resto mantem-se:  só comer isso por dia !
        A minha mãe chegou mais cedo hoje. Portanto, teve tempo para fazer o jantar. Tive mesmo que jantar com ela, mas contra a minha vontade ( não é nada disso que estão a pensar, é que assim irei comer muito e a comida da minha mãe é deliciosa ) e a minha mãe deita sempre muita comida, por isso tive de comer muita, apesar de deliciosa.
A comida da minha mãe é a melhor do Mundo !
                  - Estás mais magra, Anna... - reparou ela.
                  - Eu acho que estou é mais gorda !
                  - Não estás não. E deixás-te a comida toda porquê ? Que desperdício, sabendo que há miúdos que passam á fome... E fiz essa comida com tanto carinho e amor !
Fiquei sem saber o que dizer.Se lhe dissesse '' estou a fazer dieta'' , ela responderia '' dieta não é deixar de comer, filha ''.
                 - Porque eu ao almoço comi muito e depois fui ao Vasco da Gama e comi lá um gelado enorme.
Desculpa estar-te a mentir e ter deixado grande parte da comida, mas teve mesmo que ser mamã! 
Até fiquei com vontade de chorar.
Mas eu acho que ela acreditou.
Epá , sinto-me mesmo mal, por lhe ter mentido desta maneira, mas tem que ser. Acho que ela iria compreender.
           Deitei-me super tarde, fiquei a falar com o David e só depois de falar com ele, fazer os trabalhos de casa, ler um pouco, escrever e ouvir música é que me  deitei.
Vou chamar o David vampiro !
Sim , eu sei que parece um pouco parvo e estranho ao mesmo tempo. Mas como ele é lindo, loiro e branquinho, porque não ? :P



Hoje é sábado, não costumo falar dos sábados pois fico todos os sábados em casa.


Então, hoje saí com o David !
Estivemos numa pastelaria , mas mais num bar do que mesmo pastelaria.
Eu gostei muito da tarde.
Calma , NÃO FIZEMOS PORCARIAS !
Só uns beijinhos...
Ele até é envergonhado, só que é daquelas pessoas que não demonstra ser. Reparei nisso agora !
    Mas também tive que voltar cedo para casa. Um dia destes apresento o David aos meus pais.
   O David é decente, é calmo, bom aluno e educado. Por isso acho que irão gostar dele !
Mas , para ser sincera , o meu pai nunca gostou de eu namorar. 
Mas claro, todos os pais são assim , certo ?
A minha mãe sempre foi mais tranquila nestas coisas.
Talvez amanhã !



Hoje é Domingo. O David aceitou ir cá a casa almoçar e conhecer os meus pais.


Ele portou-se bem , foi ele próprio.
               - Então, David, o que achas da minha filha Anna ? - perguntou o meu pai.
               - Acho-a uma pessoa fantástica. Amo-a muito.
               - És muito bonito, David. E simpático e educado. A Anna teve muito bom gosto. - disse a minha mãe.
                - Ahh ... - dissera David, sem saber o que dizer , envergonhado.
No final , ele agradeceu o almoço e foi-se embora.
               - Gostei muito do David, Anna. É bonito e muito educado. - disse a minha mãe.
               - Ainda és muito novinha para namorar. Preocupa-te mas é com os estudos ! Olha que eu e a tua mãe só namorámos aos 19 anos ! - disse o meu pai, como sempre a contrariar ou com algum problema.
Enfim , conversa de pais...
  Mas o que interessa é que eles gostaram do David e isso deixa-me muito contente.
Umas horas depois , o meu pai até disse que ele é bom rapaz !




Mais uma Segunda ! Hoje, o dia foi como o habitual: sózinha em casa.


A minha mãe deixou-me comida , para o almoço, para eu supostamente comer. 
Era esparguete com carne aos quadrados. Tinha um aspeto delicioso e por momentos apeteceu-me comer uma boa pratada, mas não podia...
    As coisas nem sempre podem ser como queremos !
Como uma maçã e acabou ! ( mas só a como á tarde )
    E então, lá fui eu para a escola, preparada mais ou menos para tudo.
Cheguei á porta da escola e vi o Tiago e o João a fumarem e noutro lado estava o David, longe deles os dois. 
O David  veio ter comigo.
   - Vampiro ! - gritei eu, para ele.
E ele deu-me um beijo.
Não me senti muito á vontade , pois o Tiago viu. Olha , paciência , temos pena !
E o João, feito parvo fez daqueles assobios , fez um enorme aplauso e gritou, enquanto eu o David nos beijávamos.
Depois, eu e o David entrámos para dentro da escola e fomos para a sala, ter com a Lione.
    - Que casal tão bonito. - ironizou Tiago, para João, num tom seco.
    - Deixa lá que eles qualquer dia se deixam. Aquele miúdo nunca teve relações que durassem pouco mais de um mês. - respondeu João, fumando o seu cigarro.
    - Espero que tenhas razão, puto.
    - Eu tenho sempre razão.
Pelos vistos não gostaram muito. Que pena!! (ironia)
- Olha os pombinhos! - Gritou Lione ao ver-nos.
- Bom dia também para ti! - cumprimentou David.
- Hoje o João disse Olá!
- Que bom para ti - comentou  David, de uma forma um pouco seca.
- Ainda agora estava ali a fumar com o "Tiaguinho" - continuei eu.
- Ele estava sozinho...
- Pelos vistos já não está agora - disse David.
- Porque ficas sempre tão zangado quando se fala dele? - perguntou-lhe ele. - Tens alguma coisa contra ele? É que para estares a falar assim é porque deves ter algo contra ele, algum problema.
 - Eu cá naõ tenho problema nenhum. Apenas não me dou muito bem com o gajo - respondeu David.
- Hoje à tarde querem ir dar uma volta, já que não temos testes? - disse eu, desviando o assunto, para esta conversa não causar discussões.
- Sim quero! - respondeu David.
- Por mim pode ser. - respondeu Lione - Onde vamos?
- Não sei, que tal aos teleféricos?
- Pode ser, mas acho que esse lugar era mais para ti e para o David.
- Mas não te vamos pôr de fora, não é? - disse eu.
- Então, pode ser, aceito o convite!
- Aquilo é brutal! - comentou David.
- Yah, pois é, tem uma vista linda! - continuei eu. - Às 14h30, pode ser?
- E se almoçássemos antes juntos? - perguntou Lione.
- Me gusta tu idea - disse David
- Por mim tanto me faz - respondi.
- Vai ser fixe! - respondeu ela.
 - E onde vamos? - perguntou David.
- Pode ser ao Vasco da Gama, então. E depois vamos aos teleféricos - respondi
- Por mim tudo bem - disse Lione
- Por mim, obviamente que sim - respondeu David.
Tocou. Entrámos na sala e hoje a stora de filosofia estava rabugenta. E que mais?
Houve teste surpresa! ( e de uma matéria que era aborrecida e não sabia muito, logo, não estava nada preparada)
 - Boa maneira de começar a semana! - ironizou João para a stora.
- Tenho uns alunos muito mal comportadinhos!
- Quem?! - Gozou ele.
- O menino, por exemplo.
- Eu?! - Continuou ele a gozar.
- Não admito faltas de respeito, quer que lhe anule o teste?
 - Tanto me faz, não sei nada desta treta.
- Muito bem, quer então que lhe anule o teste. Dê-mo então.
- Sem problema nenhum - e deu-lhe o teste.
- Fizeste até que pergunta, meu? - perguntou-lhe Tiago já sabendo a resposta.
- Nenhuma. A única coisa que fiz foi preencher o cabeçalho, fiz isso num minuto - respondeu ele, um pouco alto, toda a turma ouviu, incluindo a stora.
A stora nem respondeu!
O teste não me correu bem, mas acho que irei tirar uma POSITIVA.
Era um pouco mau se tirasse nega. A aula a seguir ( esta aula foi de 45 minutos) ainda foi mais aborrecida, estava só a bocejar, quase a dormir mesmo! São os piores 45 minutos de sempre!
No final das aulas fomos ao Vasco da Gama almoçar e depois fomos andar nos teleféricos.
- Aquele não é o João? - perguntou Lione quando acabámos de pagar o bilhete.
E era mesmo! Estava à nossa frente, com uma rapariga. Ele não nos viu, ou fingiu que não nos viu.
A rapariga tinha (e ainda deve ter) olhos azuis, cabelo loiro e muito liso. também reparei que era muito branca e que tinha acne.
A Lione não parava de olhar para eles, que também estavam no teleférico à nossa frente. A miúda tinha um ar estrangeiro.
No fim eles saíram, os dois, a rir e a falar italiano.
- Olá, João! - cumprimentou Lione, não propriamente contente, mas com um sorriso irónico.
- Olá! - Cumprimentou ele, retribuindo o sorriso irónico.
- Vejo que a tarde está a correr-te bem! - disse, continuando com o mesmo sorriso.
 -Está sim. Vá xau - disse ele na mesma, retribuindo outra vez o tal sorriso.
- Até amanhã! - continuando com o mesmo sorriso.
Eles foram-se embora.
- Quem será a rapariga? Será namorada dele italiana? - perguntou Lione
- Não sei, perguntas-me isso a mim?! - retorquiu o David num tom trocista. - Qual é a cena com o gajo? Gostas dele? É que parece!
Ela ficou sem nada dizer.
***
Três semanas já haviam passado.
Porque é que ainda continuo tão gorda? Estou a  ver que este método também não resulta, que tristeza!
Temos um colega novo. Chama-se Martim, não é muito bonito e parece betinho.
Já estamos quase nas férias de Natal, e esta é sempre uma época em que se engorda muito.
Hoje não saí, fiquei em casa, no computador a fazer video-chamadas com o David.
A Lione disse que hoje não podia sair, estava de castigo cujo motivo não sei.
O David também não podia porque tinha familiares dele em casa, mas podíamos fazer video-chamada no messenger.
Acho que o João gosta da Lione, assim como ele gosta dele. Da maneira como se olham, ainda dá coisa.
Mas ele às vezes parece um bruto! Da maneira de falar, de ser...
Ele à 2 anos ou 3, quando andava no 9º ano andou à porrada com várias pessoas, rapazes, na maioria e já foi suspenso da escola onde andava antes. Ele por vezes dá-me medo, sei lá eu porquê é esquisito.
Pois não sei... Também não sou a melhor pessoa para avaliar pessoas, sobretudo pessoas rebeldes.
Nota: O João tirou nega a quase tudo pelo que a Lione me disse.
Sonhei a meio da noite. 
Acho que foi o sonho mais parvo que alguma vez tivera! 
Sonhei que estávamos numa visita de estudo, imaginem onde...
A Israel, desses países em guerra!
Nós todos atrás, (nos bancos) mas como só havia 4 lugares, o Tiago sentou-se no colo do João! Oh My God!!
Então no sonho, a Lione diz isto para o João:
- Cheiras bem! Qual é o perfume que usas?
- É o meu cheiro natural.
A seguir, dá uma música da Floribela no autocarro, e então começámos todos a dançar e cantar, enfim, a curtir o som feitos parvos! O motorista do autocarro era cá um mal encarado! Começou a chamar-nos crianças estúpidas.
- O dia não lhe está a correr bem - comentara Lione.
- Acordou com os pés de fora - disse eu.
- Quer que eu conduza? - perguntou o (mas foi mais um grito) João para o raio do homem.
- Só tens a carta de mota - disse eu.
- E já não é totalmente mau!
O condutor continuou a chamar-nos crianças parvas, estúpidas e idiotas!
 E não sei o que foi mais.
Então, hoje de manhã contei o sonho ao David (porque é a primeira pessoa que vejo de manhã) e ele começou a rir.
Quando contei à Lione, ela começou a rir como uma psicopata e depois ela vira-se para o João:
- Cheiras tão bem! Qual é o perfume que usas?
- Pato Joli ( espero ter escrito bem) - respondera o João.
- Simples, ele toma banho - ironizou Tiago num tom trocista.
Então, ela depois veio ter connosco.
- A Leonor passou-se! - disse eu
- Achei piada à resposta do João!
- Deve ter sido diferente da do sonho, né, Anna?
- É, vampiro!
- Que giro, a Anna trata o David por vampiro! :D
- Ele é branquinho, lindo e loirinho! Não parece mesmo um vampiro! Ah, e também tem sempre a pele fria.
- Tipo, Edward Cullen?
- Sim, só que é infinitas vezes mais bonito!
- Conversas de gajas...
- Pronto, vampiro, já não te digo mais verdades!
- Olha, Lol.
- Ficaste foi é todo convencido é o que é !
Anna e David a discutirem nível 1.
Tivemos teste de português.
A mim correu-me bem, mas ao João nem tanto.
Começámos a fazer o teste, passado um minuto ou nem isso:
- Acabei o teste.
- Tem o teste em branco, só preencheu o cabeçalho...
- É da maneira que tem menos trabalho a corrigi-lo.
- Tem razão! - disse a stora recolhendo o teste enquanto fazia um sorriso cínico.
A turma riu-se, incluindo também a Lione. 
Ela acha-lhe muita piada. Mas se me dessem a escolher Tiago ou João, obviamente que escolhia o João, mesmo assim acho-o melhor.
Na aula seguinte o professor de Biologia:
- João, diga-me a resposta do exercício.
- Diga?
- Diga-me mas é a mim a resposta ao exercício.
- TPC, João! - disse a Luana, uma colega nossa, que até tem um fraquinho por ele.
- Ahh, isso...
- Haveria de ser o quê? - retorquiu ela.
- Então, João?
- Olhe, stor, isso rimou! Que giro! - troçou ele.
Estou à espera quero a resposta ao exercício 2, que ficou para TPC. - respondeu o stor, após um grande suspiro.
- Sabe, stor, isso vai ser difícil...
- Já vi que sim, rapaz... - suspirou o stor.
- Não fiz o TPC e não trouxe o livro. Esqueci-me dele em casa.
- Ótimo! - ironizou o stor - aposto que nem se deu ao trabalho de os fazer, mas vá, vamos todos ouvi-lo. A que propósito não fez  o trabalho de casa?
- Não tive tempo.
- Pois claro. João é um menino muito ocupado. - ironizou.
- Pois sabe como é. Também tenho vida própria.
- Muito bem, venha ao quadro - ordenou, perdendo a paciência e depois deu-lhe o giz para escrever.
Ele não se deixou ir abaixo, que ele não é desses.
Ele errou tudo.
- O menino errou, sente-se que é melhor.
Ele sentou-se.
- Raio do cota. - disse ele para o Tiago, num tom seco e baixo. 
Eu, a Lione e o David ouvimos.
- Disse alguma coisa? - pelos vistos o velho também ouviu.
- Disse que hoje está uma brasa, todo bom. Lindo...
Risada geral e de longa duração. Nós também rimos.
- Muito bem. RUA! JÁ! LEVA FALTA DISCIPLINAR!
- Mas a aula só começou há meia hora... E está frio lá fora!
- RUA! Pelo seu mau, péssimo correção, comportamento e a sua grande falta de respeito! Agora vá para a rua, leva falta disciplinar e não incomode!
- Oh, tasse bem - respondeu ele com muita calma e depois pegou na mochila que só devia ter um caderno, que nem sequer o tirara para fora e saiu da sala, super tranquilo.
A aula depois foi calma, correu bem.
O velhote até estava com uma cara mais de animo do que quando lá estava o João. Mas isso é normal, certo? Claro que é!
Depois, quando saímos das aulas eu e o David fomos os dois a pé, enquanto que a Lione não, pois o pai foi lá buscá-la.
Entretanto, durante o "passeio", eu e o David parámos e sentámos-nos no passeio da estrada, que ficava numa zona bonita e ao pé de casas.
Falámos, abraçámos-nos, brincámos e sobretudo beijámos-nos. Passaram vários carros por nós, talvez de propósito para nos ver a namorar!
Mas nós não demos importância. Nós temos uma vida, eles têm a deles. Vida própria e diferente!
Enfim!
" O David é lindo!
E eu amo-o muito! <3
Ass. Anna * " , foi o que eu escrevi na camisola branca dele, com a caneta preta permanente.
- Eu vou usar sempre esta camisola, Anna.
- Fazes tu muito bem, ó vampiro!
- Já que eu conheci os teus pais, no sábado vais a minha casa conhecer os meus pais!
- Está bem.
Irei comer muito! Mas também não lhe ia dizer que não...
Mas eu cá me arranjo.
Hei-de encontrar alguma solução.
Enfim.



 Capitulo 6 - Para o bem e para o mal



Acordei e senti-me enjoada.
Hoje é sábado, dia de conhecer os pais do David.
- Não comes nada, Anna? - perguntou a minha mãe - Vá lá, come ao menos uma sandes.
- Não, eu vou fartar-me de comer!
- E um iogurte?
- Não, não insistas...
- Já vi que estás muito bonita.
- Obrigada... Bem vou indo.
- Diverte-te!
Saí e fui em direção à casa do David, onde já estivera estado, mas sem os pais dele.
- Bienvenida, Anna! - cumprimentou a mãe dele.
- Gracias!
Então, depois fomo-nos sentar.
Começámos.
Não me conti. Estava faminta!
Por isso até comi bem.
Senti vontade de vomitar.
- Posso ir à casa de banho?
- Claro que podes, Anna. Faz como se estivesses em tua casa - respondeu a mãe do David com um sorriso e o seu sotaque espanhol.
Cheguei à casa de banho e 
Kaboom!

Explodi.
Demorei muito na casa de banho e só passado algum tempo é que voltei para a mesa. Se calhar não devia ter comido.
E agora? Que faço eu?
- Estás bem? - perguntou-me David, preocupado.
- Sim, estou bem.
- De certeza?
- Sim, não te preocupes.
Nessa altura entrou o pai do David.
A sala estava cheia de fotografias e numa foto a preto e branco ( uma foto antiga, via-se) estava um homem parecidíssimo com o David! Fiquei algum tempo a olhar para a foto.
A Anna está a ver a foto do teu pai - disse a mãe do David para o pai do David.
 - É parecido com o David - comentei
David permanecera calado, a comer.
- Se era! o David não chegou a conhece-lo - continuou o pai dele.
Ahh, desculpe ter tocado no assunto.
- Ele morreu de assidente, ainda novo. Essa foi a última foto dele - disse a mãe dele, num tom mais suave e delicado.
- Acidente de quê? Desculpe a pergunta.
- Carro. Despestou-se numa ravina.
- Isso é horrivel! A sério, deculpe ter perguntado.
- Tu não sabias, Anna - disse o pai do David.
- Queres um café? - perguntou-me David.
Sim, pode ser, obrigada.
O David trazia a camisola que eu escrevi!
- Eu cumpro as minhas promessas!
- Gosto disso!
- És muito bonita, simpática e educada. Gostamos de te ter por cá - disse a mãe do David com sorriso.
Um tempo mais tarde, fui-me embora  e eles os três ficaram a sós.
- A Anna é super simpática e educada - disse o pai do David.
- Para mim, a melhor namorada que já tiveste! - concluiu a mãe dele.
Cheguei a casa e contei todo à minha mãe ( menos a cena do vómito!) e ela ficou contente pelos elogios que me foram atribuídos.
Ao serão, à hora de jantar, todos reunidos à mesa, incluindo o André, o meu maninho mais velho, tive de ir outra vez vomitar!
Mas porquê? Ainda só tinha comido duas batatas cozidas ( não porque quis, óbvio)
Fui então a correr para a casa de banho.
- Estás bem, Anna? - perguntou a minha mãe, preocupada.
- Sim, estou bem! Podes-me ir buscar o termómetro?
- Porquê?
- Acho que estou com febre.
Saí da casa de banho. a minha mãe pôs a mão na minha testa.
- Não estás, muito quente...
Ainda bem! Olha, estou muito cansada. Posso-me ir deitar?
- Vai lá...
Não ia propriamente para a cama. Mas foi para não comer. O que se passa? Porque vomitei duas vezes num só dia?
Lavei os dentes. Vi-me ao espelho. Que horror! ainda estou gorda! Hoje também comi mais...
Depois sentei-me na cama, fechei os olhos e acabei por adormecer.



***


Esta é a última segunda antes das férias.
- Estás magra, Anna - disse a Lione, olhando para mim.
- Estás a alucinar Lione.
- Não, não estou. As tuas pernas estão mais magras que as minhas!
- Tá tudo maluco...
- Nota-se. - ironizou - Ó David, achas que a Anna está gorda?
- Não!
- Pois claro!
- Claro. Vocês só podem estar a imaginar.
- Yah, exatement - ironizou David com um sotaque francês.
Eles estão malucos. Só pode!
- Nós, quer dizer eu - corrigiu Lione - Digo-te isto porque sou tua amiga de verdade.
- Se fosse assim deviam dizer que estou GORDA que é essa a verdade.
- Oh My God! - disse ela, suspirando.
- Oh My God, nada.
Nem mesmo o David, que é meu namorado!
Os namorados querem-se sinceros, e é o que ele não está a ser!
- David, temos que dizer isto aos pais da Anna!
- Pois temos, se não algo de muito mau pode acontecer.
- Terá anorexia?
David não respondera.
- David, isto é grave. Tenho que arranjar o número da mãe dela.
- Eu não quero que nada lhe aconteça. Eu amo-a muito.
- És um fofo! Mas eu vou conseguir ter o número de mãe dela e tudo irá ficar bem. A sério! Prometo!
- Conhecendo-te bem, eu acredito.Também quero ajudar-te a pôr a Anna melhor.
- Vamos todos ajudá-la!
- Eu falo com a Joana.
- A Joana? O que é que ela tem a ver com isto?
- Baixou-lhe a auto-estima, chamando-lhe feia e gorda, mais os imbecis dos amiguinhos dela. Mas só porque a Joana ainda gosta de mim e tem ciúmes de eu gostar da Anna.
- Que estúpida!
- Mesmo. Eu irei falar com ela.
- Fazes bem, e eu vou arranjar o número da mãe dela.
A certa altura a Lione foi ter com o João, que estava sentado num banco.
- João, se quisesses pedir o número de alguém, como fazias?
- Pedia.
- Mas se fosse às escondidas. Eu quero o número de uma pessoa. Mas é do telemóvel. Quero tirar o número de uma pessoa, mas o número está no telemóvel de outra pessoa. E eu não quero que essa pessoa saiba que eu mexi no seu telemóvel.
- Confuso! Mas eu gamava-lhe o telemóvel, tirava o número que queria e voltava a pôr o telemóvel onde estava.
- Isso serve. Embora não faça parte da minha pessoa...
- E para quê?
- Preciso de ir ao telemóvel da Anna tirar o número da mãe dela. Preciso de falar com ela sobre a Anna.
- Ahh, sobre aquilo. Mas já têm a certeza?
- Acho que sim.
- Tá. Podes contar comigo.
- Obrigada. Já agora, podias-me ajudar a "gamar" o telemóvel da Anna. Sei lá, por exemplo na aula de educação física. Tu fingias que te aleijavas, ou algo assim, eu ia ao balneário e tirava o telemóvel.
- E o que é que eu fazia? - disse ele, pensativo.
- Tu ficas à porta do balneário a ver se alguém aparece.
Mas a verdade é que a Lione sabia fazê-lo sozinha, mas queria estar com o João, pois ela gosta dele.
- Ok! - acreditou ele.
No dia seguinte, na aula de educação física o João caíu, colocou o pé esquerdo à frente do pé direito ( estávamos a correr, no aquecimento) e caíu! A queda foi tão forte, que a perna dele e os braços começaram a deitar sangue.
- Oh My God, stor, o João caíu e está a deitar sangue! - disse a Lione
a TURMA RIU.
- Au - queixou-se João.
- Alguém que vá com ele - disse o stor.
- Eu vou! - disponibilizou-se ela.
Ela pegou na mão dele, para o ajudar a levantar-se e foram.
- Bom trabalho! Foste mesmo realista! Até eu própria ia acreditar.
- Eu sei!
- Estás bem? Doi-te muito?
- Népia, relaxa! Vai lá buscar o telemóvel da Anna.
- Se alguém aparecer, diz "AU".
- 'tá bem.
Então,lá foi ela e em instantes voltou.
- É melhor irmos por betadine nas feridas, ou ainda desconfiam.
Foram então ter com a auxiliar e ela lá colocou betadine nas feridas ainda com sangue.
Voltaram.
Senti vontade de cair. Desmaiei.
- Estou? - atendeu a minha mãe.
- É a mãe da Anna, certo? - perguntou Lione.
- Sim.Quem fala? 
- Olá, eu sou a Leonor, a melhor amiga da Anna. Queria falar consigo, sobre a sua filha.
David tirou o telemóvel das mãos dela.
- Olá, sou eu o David. Isto é urgente. A Anna, enfim, terá anorexia.
- Como?!
- Não é brincadeira. A Anna, hoje sentiu-se mal em educação física e desmaiou, não anda a comer nada, quando foi a minha casa ela, durante a refeição foi vomitar para a casa de banho.
- Eu, de facto já tinha reparado nisso, mas nunca pensei que a situação chagasse a esse ponto.
- Está constantemente a dizer que é feia e gorda. Nunca quer ir ao bar.
- Já sei o que vou fazer. Vou meter a Anna num psicólogo e se for necessário demito-me. Tudo para o melhor da minha filha.
- E nós ligámos-lhe para a avisar.
- Obrigada. Se acontecer alguma coisa, POR FAVOR avisem-me.
- Obviamente. Todos queremos ajudá-la a recuperar.
- Agradeço a vossa preocupação. São uns bons amigos e tu um ótimo namorado. Agora tenho de desligar e mais uma vez obrigada e avisem-me se mais alguma coisa acontecer.
- Claro. De nada.
Acordei um tempo mais tarde.
Quando acordei vi uma mulher de franja, cabelo preto, comprido, liso e olhos azuis. Obviamente não era a minha mãe.
- Olá Anna, sou a Marta, a tua psicóloga.
Só podiam estar a gozar. Psicóloga? Para quê?!
- O que está aqui a fazer?
- Ora essa, vim cá ajudar-te. Podes tratar-me por tu.
- Ajudar em quê?
- A recuperares. Já ouviste alguma vez falar de um problema chamado anorexia?
- Já, mas não conheço alguém que tenha. Deve ser horrivél.
E é. Eu conheço uma rapariga que tem. E essa rapariga és tu.
- Anorexia ou obesidade?
A jovem foi então buscar uma balança.
- Pesa-te, se faz favor. 40 Kg, achas que estás magra, gorda, peso a menos...
- Gorda.
- Quando te vês ao espelho, o que vês, ou o que pensas?
- Vejo uma banhuda.
Entretanto na escola.
- Anda cá, preciso de falar contigo. - disse David para Joana.
- Diz, lindo - respondera ela num tom meigo ( para variar) e ao mesmo tempo brincalhona.
- Tens algum rpoblema com a Anna?
- Com a tua namoradinha? Não mesmo! Achas?
- Acho e parece. Porque para falares mal dela nas costas, deves ter algum problema.
- Ah, nãoi, não tenho.
- É que com esses comentários sem nível nenhum, a Anna está com anorexia.
- Tu dizes isso porque ela é a tua namorada. 
- Amo-a muito.
- Já reparei, na tua camisola com gatafunhos.
- Desde já, agradecia que tivesses o mínimo de respeito por esta situação, pois ela stá assim, por tua culpa.
- Infantilidade do caraças! A armar-se em super-heroi! - troçou ela.
Eu amo a Anna e por ela faria tudo. Não quero arranjar problemas com ninguém, que não sou desse tipo. Falas mal da Anna, falas mal de mim. Estamos entendidos?
- Vais-me bater? Que medo.
- Vontade não me falta mesmo nada, mas não bato a pessoas inferiores e sem nível nenhum, como tu.
- Ridículo...
- Yah, o que tu fazes. Bem tenho mais que fazer do que falar com pessoas do teu tipo. Vá adeusinho. Cura-te.
- Adeus.
Ele não lhe quis dar mais conversa. Mas David tinha uma grande esperança que ela parasse.
Será que sim, será que não? Não se sabe.
Fogo a minha psicóloga é chata! Porque raio tenho uma psicóloga?
- Mãe, porque tenho psicóloga?
Para te ajudar, querida...
- Em que?!
- Filha, tu não estás bem.
- Claro que estou!
- Então porque me mentes? Dizes que comes, mas não comes!
E pronto, ela já descobriu. A Lione e o David devem-lhe ter contado tudo. Devem, não, contaram-lhe mesmo!
- É a isso que chamas dieta? Pois bem agora meteste-te numa bonita brincadeira, minha menina!
- Foram eles que te contaram,certo?
- E fizeram eles bem! Se eles não me tivessem contado, a situação seria bem pior! Mas estás maluca?
- Eu pensei que irias compreender...
- Por isso é que te arranjei uma psicóloga e não um psicólogo. O pai vai saber disto.
- Mas eu estou bem, não preciso de ajuda.
- Claro - ironizou... - Olha, filha, tirei férias.
- Até quando?
Talvez duas semanas.
Obviamente que não são duas semanas, pensou ela.
A certa altura, o meu telemóvel tocou. Era Lione.
- Eu gosto do João, mas eu não sei se ele gosta de mim...
- Eu acho que ele gosta de ti só que deve ter vergonha de o admitir...
- Pois não sei, o gaiato às vezes parece-me tímido!
- Não é gaiato, porque é mais velho que nós e a mim não me parece nada tímido.
- Está bem, mas neste tipo de coisas parece que é.
- Pois, não sei...
- Estás estranha. Que se passa?
- Porque é que contaram coisinhas à minha mãe?
- Foi melhor assim. É para o teu bem!
- Faço ideia!
- Não, Anna, não sabes. Quem te avisa teu amigo é. Isto é para teu bem, não para teu mal. E se fazemos isto é porque nos preocupamos contigo, sou tua amiga de verdade.


 A sério ? Esta conversa tinha mesmo que vir ? 
Acho que está a ser injusta.
Ela gosta mesmo do João, acho que isso é mais do que óbvio, até mesmo da maneira que olha para ele, há brilho no seu olhar.
Acho que faziam um bom casalinho. 
É bom, ao menos já esqueceu o Tiago, e é assim que deve ser.
O João pode não fazer muito o seu estilo, mas e daí ? O que interessa é o interior, o amor que eles sentem.
Cá para mim, ele também gosta dela, só que não admite.
     Ai os adolescentes de hoje ! 
Não admitem o que sentem ...
                                                              


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 - Puto, posso confessar-te uma coisa ? - Perguntara João para Tiago.
- Claro. O quê ?
- Eu acho que gosto da Leonor...
- Achas ? - perguntara, tentando ter interesse no assunto.
- Não. Tenho mesmo a certeza.
- Ah ...
- Não queres mesmo saber, pois não ?
- Nah. Nem por isso.
- Para a próxima dizes que não te interessa. Ok ?
- ' Tá bem.
- Eu sei que já namorás-te com ela, mas eu gosto mesmo dela , a sério.
- Ok, tranquilo. Não 'tou chateado e se acabei com ela por algum motivo foi.
- Logo vi. Ela é uma miúda bem fixe.
- Agora interessas-te por gajas dois anos mais novas?
- Diz-se que o amor não escolhe idades.
Tiago ficara calado a olhar para ele e passado algum tempo começara a rir feito parvo.
- João, és tu ?!
- Nem eu próprio sei.
- Ela anda a fazer-te mal ou quê, páh ?! Drogou-te ?!
- És ignorante desde nascença ou tives-te algum acidente durante o crescimento ?
- '' Nem eu próprio sei ''.
- Eu gosto mesmo dela. Mas não sei dizer-lhe.
- Sei lá, sai com ela e diz-lhe.
- Isso de sair com ela parece-me bem, mas dizer-lhe ... Não me parece.
- O João 'tá com vergonha?
- Acontece.
- Não no João.
- Há sempre uma primeira vez para tudo.
- 'Tou a ver que sim. Meu, nem pareces tu ! O que aconteceu ao João, aquele que não se importava com nada?
- Caíu, apaixonou-se por uma dama.
- Que romântico , Joãozinho . - ironizou , com uma voz lamechas, á velha.
- Tanta inveja.
- Sim, nem sabes o quanto eu te invejo. - gozou.
- Yah, e ajudas-me sempre bué, amigo. 
- O que devias fazer era dizer-lhe mesmo, já disse.
- NÃO.
- E porque NÃO ?
- Gosto mesmo dela.
- Isso não responde á minha pergunta.
- Quando puder digo-lhe.
- Não podes agora, é isso ?
- Talvez.
- Ela é da tua turma, tens muitas oportunidades.
- Também tenho 90% de vergonha.
- Olha, então não sei. Sai com ela. Tu é que sabes.
- Yah, vou convidá-la para beber uns copos.
- Só mais uma coisa : Ela não bebe.
- Pronto, mas bebe coca-cola, ice tea, café , água, come gelados ...
- Ok - interrompeu - já percebi. O que quis dizer foi que ela não bebe bebidas alcoólicas, e não é ''radical'' como tu.
- E depois ?
- E depois, nada, 'tou só a dizer.
- Ainda gostas dela ?
- Népia.
- É que parece que 'tavas a dizer que ela não faz o meu estilo de pessoa.
- Também. Mas quanto a isso não posso fazer nada, né ?
- É sim.

                                                                                                                ~
                                                                 « »
- Olá Leonor.
- Olá João.
- Como vai a vida ?
- Vai bem.
- Fixe...
- Pois é, é muito fixe.
 Faz-se silêncio.
- Tens planos para amanhã á tarde ?
- Ia almoçar com o David e com a Anna, depois íamos dar uma volta por aí. Porquê ?
- Estava-te a convidar para sair, mas se não podes fica para outro dia, é na boa.
- E se fosses connosco ?
- É melhor não. A sério , na boa.
- Mas eu quero sair contigo ! Aliás, a Anna e o David precisam de estar sózinhos, já chega terem sempre uma chata por perto.
- A sério ?
- Claro ! Onde vamos ?
- Teleféricos. Que achas ?
- Adoro teleféricos. Parece-me ótimo.
- Fica para as 15. Almoçamos juntos ?
- Pode ser.

                                                                « »

 Sim, a Leonor gosta dele.
Durante o almoço falaram muito. Foi, pelos vistos, um encontro perfeito. 
- João , quem era aquela rapariga que uma vez estava contigo aqui ?
- É minha prima, chama-se Andrea. Está em Portugal e chegou á pouco tempo.
Leonor ficou mais aliviada. Pensava que que era uma namorada e que andava a trair com ela e Leonor, não queria meter-se e para ela , ainda bem que João não tinha namorada.
Só que Leonor também estava com o mesmo problema : ela também não conseguia admitir que gosta dele.
Qual é o problema de admitir tudo?
Se eles se gostam, mais fácil será para eles.
Contudo, ela também tinha as suas dúvidas :
- Será que João é daqueles que só gosta das raparigas pela sua beleza exterior ?
- Será que João gosta dela ?
João também tinha várias dúvidas.
Mas o passeio deles foi bom.

                                                           « »                                                                 

- Vem jantar, Anna. - ordenou o meu pai.
- Não tenho fome.
- Dizes isso por dizer, é mentira. Já não enganas ninguém, agora vem jantar imediatamente.
- Não quero.
- Andas-te a esticar, ó maninha ... - meteu-se o meu irmão.
- Esticar em quê , Fábio André ?!
- Ganda espiga, não vez que isso faz mal ?
- Ganda ... quê ?
- Anna, isso é horrível, podes morrer ! Só queremos o teu bem.
- Que exagero, por amor de Deus ! Só quero ser perfeita, ser feliz , ter um corpo de sonho.
- CHEGA ! Anna, vens jantar connosco, nem que eu te dê a comida á boca. RAPIDAMENTE ! - ordenou o meu pai, a passar-se.
- Carlos, acalma-te, por favor , a discutir não se chega a lado nenhum. - pediu a minha mãe - Anna, vens connosco, nem que não jantes vais estar na mesa connosco, que já há algum tempo que não temos refeições todos juntos. Aliás, o teu irmão está cá. Vá lá, Anna , faz-nos lá este favor, ao menos isso, ao menos que não comas estás á mesa connosco.
E pronto, lá foi a menina Anna sentar-se á mesa junto da família.
Eu adoro-os muito, mas mesmo muito, mas acho que estão a abusar , estão a ir longe demais, o que há de errado uma pessoa gorda (eu) querer emagrecer, já que ainda não consegui ?
Tentei comer puré.
De nada serviu, pois este saíra violentamente da minha boca.
O meu pai, a minha mãe e o meu irmão olharam uns para os outros enquanto fui vomitar.
- Madalena, falei com um colega meu do Hospital da Universidade de Coimbra. Ele sabe o que fazer com esta moça - disse o meu pai, para a minha mãe, após um longo suspiro.
- O que ela tem ? Yah , eu sei que é anorexia , mas há mais alguma coisa ? - perguntou o meu irmão.
- Acho que tem o estômago colado. - respondeu o meu pai.
- Colado ? - perguntaram o meu irmão e a minha mãe, logo ao mesmo tempo, não querendo acreditar no que tinham acabado de ouvir.
- Ela vai ser internada daqui a alguns dias. Já marquei a consulta e paguei.
- A Anna é forte. Com o tempo vai conseguir , acreditem , mother and father.
- Espero que sim. Isto é muito grave, como pude deixar uma coisa destas acontecer e que chegásse a este ponto ? - disse meu pai.
- E eu ...
- Vocês  não têm culpa, são uns ótimos pais ! Quando vai ser internada ?
- Uma semana, penso eu.
- Até lá, que mais nenhuma desgraça aconteça ... - comentou a minha mãe.

                                                         « »

 A minha mãe, o meu pai e o meu irmão contaram-se agora a notícia.

Passei-me com eles.
Isto é um exagero !
Eles querem é que fique obesa, ainda mais gorda doque estou agora.
 O que se passa com as pessoas?!
É que só podem estar a gozar comigo.
Está tudo  alucinar com este tipo de coisas.
Está tudo maluco !
A única coisa em que se deviam curar era de estupidez.
Até o meu namorado, que achava que era a única pessoa que me compreendia , que estava do meu lado. Como é possível toda a gente estar a fazer-me isto ?!
MALDITAS CALORIAS ! Estas sim, é que me deixam ainda mais gorda.
Mas eu não estou doente !


Capítulo 7 - Aventura

Irei ser internada daqui a uns dias.
Estarei assim tão mal ? Vejo-me ao espelho e vejo-me gorda.
 '' É normal. Isso é psicológico, quando te vês ao espelho, vês-te gorda, mas os outros olhos, os olhos da razão vêm-te magra. '' 
Isto foi o que a psicóloga me dissera.
Na escola, a turma disse que me ia visitar e os testes vou fazê-los quando voltar.
Meu Deus !
- Terás o meu apoio. - dissera João.
Irei ser operada no Hospital da Universidade de Coimbra, o melhor do país, penso eu.
- Acho que a Joana finalmente descobriu que tem culpa. - dissera Leonor.
- Culpa de quê? Só disse verdades : sou feia e gorda.
- Não és não. És uma princesa. - disse David.
- Pois, só para o David. - interveniu Tiago, enquanto fazia um riso irónico.
- Então, Anna - desviou Leonor - quando vais ser internada ?
- Ás nove da manhã. 
- João, preciso de falar contigo. - pediu Leonor, nervosa.
- Comigo ?
- Não, com o Zé da Batata. - gozou Tiago - Sim , contigo , ou vês aqui mais algum João ? Eu é que não sou de certeza, ou tenho cara de João ?
- Calma puto, não te metas, 'tava a falar com a Leonor, 'tá bem ? Vá Leonor, vamos.
Eles foram os dois para um sítio super sossegado , para que ninguém visse ou interrompesse o momento.
- É provável que gozes comigo ou que digas que não é boa altura, por causa do problema da Anna, mas quero que saibas que é com sinceridade. - começou Leonor.
- Diz lá.
- Bem, podes ser um parvo, um maluco ...
- Obrigado ! - brincou João, interrompendo-a.
- Pronto, continuando - continuou ela - Apesar disso, eu gosto muito de ti.
- Também és uma boa amiga.
 Leonor ficou um pouco triste por ele ter dito ''amiga''.
- João, eu gosto de ti ! Gosto de ti já há algum tempo e só agora é que tive coragem de te dizer isto.
João ficou envergonhado, corado, talvez pela primeira vez ( porque é realmente muito estranho ver o João tímido. )
Ele agarra-a e beija-a.
- Também só agora é que tive coragem de fazer isto.
   Ela sorriu. 
E fez daqueles sorrisos de orelha a orelha, que não enganam ninguém.
Estavam apaixonados.
- Namoras comigo ? - perguntou ele, ainda tímido.
- Claro. - respondeu ela, ainda corada, também.
Leonor contara-me tudo.
- O João envergonhado ... Quem diria !
- Mas ele é tão fofinho !
-  O amor é lindo, não é ? Até que enfim !
- Mas e se ele não gosta de mim? Ele é rebelde, e muito giro. Deve ter algumas atrás dele.
- Normalmente, quando se fica corado é porque sim. E tu és linda e elegante.
 Ela percebeu o que eu quis dizer com o ''elegante''.
- Talvez tenhas razão.
- Eu tenho razão.
                                                              « »
 No dia seguinte, lá estavam os apaixonados, sentados num banco a meterem-se um com o outro, aos beijos e abraços.
Acho que eles ficam fofinhos juntos.
Sinceramente, acho que deviam estar juntos já há mais tempo, em vez de ter namorado com o Tiago.
 Por falar nele, não novidades deste dado nome, sem ser que ele tinha dito que sempre que quisesse podia contar sempre com ele.
 Encontrei uma música mesmo linda , que ouvia quando tinha 14 anos.
Que saudades desses tempos !
Saudades porque, era mais nova , mais magra , tinha menos preocupações ... Mas na altura não tinha conhecido o David. E estou super feliz a seu lado.
Amo-o muito. Mas mesmo muito.
O amor é lindo, não é ? Sim, é.
 ''  A Anna irá tomar anti depressivos depois de ser internada. - dissera a psicóloga para a minha mãe.
    - Porquê?
    - Para ela não se achar gorda, ganhar forças, comer melhor, enfim, para as coisa não ficarem piores, pois ter chegado a este ponto é muito mau.
     - Percebo. '' 
              

                                                       « »        

- Gosto mesmo de ti, John.
- Também gosto muito de ti.
João, estava mais um vez timído.
- Ena, nem pareces tu !
- Não?
- Estás tímido. E isso não parece teu ...
- Desculpa, é que tu és mesmo  a minha primeiríssima namorada, é verdade. Ya, forever alone. 
  Ela riu, pois não estava a acreditar no que tinha acabado de ouvir.
- Não mete piada. - disse ele, também a rir - Não fui feito para agradar ás gajas.
- Antes gostavas de quem?
João parecia nervoso, demorou a responder.
- De uma rapariga, em que todos os gajos estavam todos caídinhos. Foi na minha antiga escola, chama-se Margarida.
João mostrou-lhe uma foto.
           
- É muito bonita. - disse Leonor. - E qual era a escola onde andavam?
-  Já andei em mais duas. Andei na outra escola secundária e naquela que tem 2º e 3º ciclo.
- Fogo ! Já foste expulso?
- Não, apesar de já ter sido suspenso e ter levado dois processos disciplinares em cada escola. - dissera, enquanto tirava um cigarro e o acendia.
- Isso é bué, João... Mas porque mudás-te duas vezes de escola?
João demorara novamente a responder.
- Não gostei. Não gostei da gente, dos profes, dos gaiatos , das auxiliares, de tudo.
- 'Tou a ver...
- Queres um ? ( cigarro)
- Não fumo.
- Queres experimentar?
- Não obrigada. Isso é feio, ficas muito mais bonito se não fumares.
- Eu sou feio, independentemente de fumar ou não.
- Cala-te ! Não digas mentiras. Sabes perfeitamente que és lindo! Só não gosto do tabaco.
- Pronto, tranquilo. Vou ver se deixo de fumar.
- Não , não vais ''ver'' , vais deixar mesmo !
- Tu mandas ! - brincou ele, de forma carinhosa.
- Claro que mando. Eu sei que é chato, que estou a fazer-te várias perguntas, mas as duas vezes que chumbás-te foi aqui ou nas outras escolas?
- Nas outras escolas. Aqui nunca chumbei. Mas já fiz porcaria suficiente.
- Que tipo de ''porcarias'' ?
- Bater, estragar, falar mal aos cótas...
- Falar-lhes mal já tu falas.
 - Não falo mal, gozo - corrigiu, rindo-se.
- Tal como daquela vez em que disseste que o stor era todo bom.
  Ambos se riram.
- O homem estava sempre a atrofiar comigo. Chateou-me, eu passei-me e depois ele ouviu o que não queria. Bem, nem sei, podia ter considerado um elogio.
- Ok, mas não podias dizer outra coisa, logo a um velhote ?!
- Ele 'tá  é na idade da reforma. Não tenho culpa que ele não tenha pachorra para aturar putos.
- Tu é que és demasiado rebelde, Joãozinho.
- Não é Joãozinho, é Joãozão.
- Exato. O que gostavas de ser no futuro?
- O João , feliz.
- Refiro-me a emprego.
- Não sei. Se tivesse boas notas, ia para Coimbra.
- Se quiseres, dou-te uma ajudinha.
- Ya, de alguém que marra bué  tipo tu.
- Olha, eu ''marro'' , mas não sou betinha! Queres ajuda ou não, afinal?
- Quero, não convém chumbar outra vez.
- Pois não, estar com miúdos dois anos mais novos deve ser embaraçoso.
- E é. E eu muito aturo com putos.
- Coitadinho. - brincou ela.
A certa altura fui ter com ela e preocupa-me uma coisa:
 ●  Irá mudar completamente a sua personalidade por namorar com o João ?
A sua maneira de ser, comportamentos, rebeldias, ( o que ela não tem nada ), farão parte de uma nova Leonor ?
Ela é uma excelente pessoa e não lhe desejo nada de mal.
Eu quero que ela seja feliz com quem mais ama, mas será João o tal?
Eu adoro o João, é muito fixe, e é como se fosse já um segundo irmão para mim, mas ele é radical, embora que por vezes saiba ser querido. ( a sério )
Seria fixe se a minha vida fosse uma aventura, ser a protagonista de algo, sei lá, algo de emocionante aconteça, uma coisa divertida, fixe ...

                                                   « »

 Estava numa das aulas mais aborrecidas, sossegada, a  olhar constantemente para a janela ou para a turma toda, ou para a parede que estava ao meu lado, até que de repente, do nada, um papel disparado vai parar á minha bochecha.
- Au. - sussurrei eu, para mim própria, devido ao papel ter sido disparado com tanta força logo para a minha bochecha, já perto da boca.
Abri e li.
Dizia assim : 

 '' Oi Anna (:


No intervalo queria dizer-te uma coisa. $:

    
                                                                                                       Tiago ''
 Admirei-me.
Surpreendi-me ao ver aquela tão linda letra de um rapaz.
O que quererá ele?
- Vais mesmo falar com ele? - perguntou David.
- Vou ver o que ele quer desta vez.
- Então prepara-te, não deve ser coisa boa.
- Só se for para ele. Ele não irá derrubar nada entre nós, por mais que tente.
- Sempre ouvi dizer que a inveja é lixada, meu amor.
   Corei.
Beijámo-nos.
- Tens mesmo a certeza que queres ir ? - perguntou ele, no seu tom de '' não vás, fica aqui comigo ''.
- Que remédio ... Ou ele não irá parar de nos chatear.
- Talvez tenhas razão.

                                           « »


- Hey. Do que querias falar comigo?
 Ele estava sentado num banco á frente da janela, na cave da escola.
A cave da escola é um sítio pequeno, escuro ( a combinar com o dia e talvez com o momento e o que me irá dizer ), frio e com 5 salas muito pequenas.
Já lá tivemos algumas aulas.
Uma vez, eu e o David, numa aula na cave, estivémos a ouvir música e a stora nem reparou, por isso, acho que na cave as aulas passam mais depressa.
  Tiago estava sério, como sempre. Parecera que ficara bloqueado.
- Se não dizes nada é melhor ir embora, vim aqui para falar contigo , da coisa ''super importante'' que me querias dizer e não para ficar a olhar. - disse eu, começando a virar-lhe as costas.
- Espera.
 Voltei a virar-me para ele.
- Desembucha, moço, não tenho o dia todo. É sobre mim e o ''tipo'' que não gostas, certo?
- Certo. -disse ele num tom seco e muito mongo.
- Diz lá. - disse eu, após um enorme suspiro. - O que é agora ?
- Ele não é quem tu pensas.
 Eu olhei para ele , com ar de quem não acredita na mínima palavra que ele diz.
- Eu encontrei-o aos beijinhos e aos abraçinhos com uma rapariga no parque.
- Claro. - ironizei- Era só isso que me querias dizer?
- É verdade. Pareceu tê-lo ouvido a falar espanhol. Sei que a rapariga tinha cabelo castanho.
- Já ouvi mentiras melhores.
- Já te disse que não estou a mentir.
- Tens assim tantos ciúmes dele?
- Fogo , 'tou a ver que para a próxima tenho que tirar uma foto.
- Não , deixa lá. Deixa-te disto, já tens idade.
- Já vi que não acreditas mesmo.
- Não.
- Ok, não te obrigo. Só espero que um dia te arrependas.
- Vai enganar outra, que essa sim, irá acreditar em ti. Ainda acabas sózinho ! Não  há nada que possas fazer que irá acabar um amor verdadeiro.
- Ai não ? - pensara ele , para si próprio.
- Bem e se já não tens mais nada para dizer , vou-me embora. Adeus.
- Beijinhos. - gozou ele, num tom amargo e seco.
 Por vezes, o silêncio é a melhor resposta.
Que nervos ! 
Neste momento o que sinto em relação a ele é : pena ( de ser assim ) , raiva e nervos, mas não o ódio, porque o verbo odiar é muito forte.
- ESSE GAJO NÃO SABE DO QUE FALA ! Anna, eu era incapaz de te traír e de andar aos '' beijinhos e abraçinhos '' com outra. É a ti que eu amo.  Acredita em mim e não naquele mentiroso.
- Achas, David?! Não acreditei em nenhuma palavra que ele disse.


                                                           « »
Irei, então, ser internada amanhã.
Estou cá com uma ansiedade!
A diretora de turma disse que me desejava as melhoras rápidas. 
   Quais melhoras quais quê!  Estou de boa saúde, e eu é que sei, o corpo é meu.
Mas para dizer a verdade , não percebo o motivo de tanto vómito, mas também não deve ser tão grave quanto isso.
Conheci duas raparigas no messenger ( ou msn ) , a Raquel e a Alicia. 
A Alicia tem descêndia africana, pois o seu pai é cabo verdiano, mas é branca, tem cabelo preto, muito ondulado ( tipo as africanas ) , olhos castanhos e é da nossa idade.
 A Raquel é loira, cabelo liso e olhos castanhos e é dois anos mais nova, ou seja tem 15 anos.
Ambas são do Norte e andam na mesma escola.
 A Alicia e a Raquel são amigas de uma colega minha, a Cristina,  que é das raparigas mais bonitas e populares da turma. ( dá-se com todos e comigo também)
 Ambas acham o David lindo ! 
Ora, ele sabe disso, não é preciso duas raparigas que ele mal conhece estarem a dizer isso.
 Ele é perfeito ! ♥
E ele sabe disso melhor que ninguém. Nada nem ninguém , do que possam fazer irá estragar um amor verdadeiro, o nosso amor.

                                                              « »

   Adeus Lisboa, olá Coimbra.
E hoje é finalmente o dia. Estive uma hora ( acho que até foram mais ) , á espera de ser atendida.
Depois, estive séculos á espera até me chamarem.
 É engraçado ouvir o meu nome em alta voz em quase todo o hospital e depois começam a olhar para mim.
O Hospital é grande e nota-se não ser novo.
 O médico era simpático, mas falou num tom super mega sério, como se algo de vida ou morte se passasse.
Falou milhões de vezes em anorexia.
 A única coisa que consegui beber como pequeno almoço foi um simples iogurte magro liquido, que por sorte não foi parar á sanita e com um cheiro horrível e azedo.
Recebi uma mensagem do David. Vou lê-la.

 ´Bom dia meu amor.

É hoje o dia.
Vai tudo correr bem. O meu dia também não tá a correr muito bem, porque não estás aqui comigo, a meu lado, a sorrir , a beijar-me e a abraçar-me. Sinto a tua falta! Volta depressa. Até a Joana tá sossegada. O ambiente está diferente. 
Força, vai tudo correr bem.
                                                    AMO-TE. ♥ ´

Chegara a minha vez.

- Filha, vais ficar boa depressa. - disse o meu pai.
- Tudo irá correr bem. Temos de ter sempre fé. - disse a minha mãe, quase a chorar.
 E eu, por momentos começara a ter noção das coisas.




De repente, recebi uma chamada do David.

- Quero acabar contigo.
- Porquê?
- Não te amo.
- Gostas de outra?
- Sim.
- Mas o que é que eu fiz ? Explica-me.
- Já não fazes mais parte da minha vida. Vou voltar para Espanha e tu nunca mais me pões a vista em cima. Prometo.
 Não pude evitar um choro de duradouro. 
- Adeus, Anna, até um dia. Fica bem.
 E ele desligou e deixou-me a chorar, que chorei tanto que nem consegui responder-lhe.
Uma mulher, de cabelo curto e grisalho , gorda , de óculos entrara no meu quarto, vestida de bata branca, que pelos vistos era uma enfermeira.
Apontou uma enorme injeção a mim.
Tentei gritar.
Mas não consegui.´
Tentei mexer-me, mas também de nada valeu. Estava presa e sem voz. Queria sair.
 Vou morrer?
Que será?
A injeção estava cada vez mais perto de mim , da minha pele.
A mulher ria maleficamente.
E agora?
Será desta vez o meu fim ?






- DAVID ! - gritei eu, exaltada.

 O quarto estava vazio.
Tudo isto não tinha passado de um sonho.
Deram-me uma anestesia, por isso não sei de nada , não me lembro de nada.
 - Boa tarde ! - cumprimentou uma enfermeira, com um ar simpático.
- Os meu pais?
- Estão lá fora. Eles já entram.
 Esperei e os meus pais entraram.
- Correu tudo bem , filha ! - disse o meu pai.
- O que aconteceu ?
-  Vais parar de vomitar.
- A sério?
- Claro.
 Mas a verdade era que tinha o estômago colado, devido a falta de forças , ou seja , falta de comida.
Irei tomar anti-depressivos, para comer e não me achar gorda.
- Vais cá passar a noite.
- Porquê ?
- Ó filha, sei lá, porque o médico disse, quer falar contigo.
 Ao almoço, bebi uma sopa completamente má , passada , até a bebi.
Tomei um desses comprimidos. Sabem mal ! Quase tive vontade de os tirar da boca.
Era sábado. 
Por isso, recebi vistas : João, Tiago, David e Leonor. 
Tinham vindo em grupo.
- Viemos de comboio. - disse Leonor.
- Foi uma viajem agradável - comentou João.
- Como correu? - perguntou-me David.
- Não sei ... Mas acho que correu bem.
- Isso é que é preciso !  - brincou João.
 O meu tom de pele estava esquisito.
Antes era branco, agora é amarelado, como as pessoas que estão doentes.
As minhas mãos antes quentes, agora frias como o gelo.
O meu cabelo parecia mais fino.
 Parecia outra pessoa.

                                                  « »

 - Sonhei contigo.
-  Ah sim ? Então?
- Sonhei em que acabavas comigo e que ias para Espanha, nunca mais te iria ver e que gostavas de outra, que já não fazia mais parte da tua vida e que já não me amavas mais. Foste horrível ...
- Ao menos foi só um sonho. Isso nunca vai acontecer.
- Mesmo a sério?
- Mesmo a sério.
Amo-o muito.
Não me lembro a última vez que amei assim uma pessoa, ou se alguma vez amei desta forma.
Tenho duas colegas de quarto, a Natacha e a Laura.
 A Natacha é ucraniana, tem  cabelo loiro, comprido e ondulado , com franja e olhos verdes, tem pele branca e tem 16 anos.
A Laura é  morena,  cabelo castanho , liso , comprido e sem franja. Tem olhos castanhos e 19 anos.
 A Natacha é feminina ( e não é pouco ) e a Laura é rebelde e maria rapaz.
A Laura é do Alentejo e a Natacha é de Lisboa.
 Estivemos toda a noite a falar.
A Natacha tem bulimia e a Laura uma gripe qualquer. Trocá-mos e-mail e número de telemóvel.
O médico disse que o meu caso não era fácil.
 Como já  tinha mencionado, o médico receitou-me anti-depressivos e que com o tempo irei recuperar, que me deseja as melhoras rápidas.
Agora, acho que só consigo comer sopas liquidas ! Que seca !
 Voltei a falar com a Raquel e com a Alicia.
Acho que elas têm um pequeno fraquinho pelo David.
 Elas acham-no muito giro.
 Só espero que não se atirem a ele ! Ou então a Anna fica passada.
A Alicia é estranha.
Não sei porquê, mas acho-a estranha, quer a nível de fotos, quer  nível da maneira que escreve : manda pouquíssimos smiles, '' nao poe '' assentos nas palavras e raramente manda piadas. Correção : não manda!
 Tenho de a conhecer melhor , embora que também seja sempre ela a meter conversa.
 A Raquel também mete sempre conversa mal eu acabo de entrar.
Manda muitos smiles, está constantemente a escrever '' kom k '' , por exemplo : '' k fazes ? '' e '' ah news ? '' e também '' nao '' costuma colocar assentos nas palavras e diz piadas secas, mas  mesmo assim , acho-a mais simpática que a Alicia.
Já deu para ver que elas são diferentes.
Ah , e outra coisa : A Alicia diz asneiras!
Eu, por acaso conheci a Raquel também pelo hi5, tinha o perfil com borboletas e um video do youtube: Muse - Supermassive Black Hole.
Mudei-lhe o perfil todo, melhorei-o.

                                                          « »
Hoje contei ao David que elas ( A Raquel e Alicia ) o acham giro, por isso dei o e-mail delas.
Ainda não sei se fiz bem, mas eu confio nele, a coisa mais importante num namoro.
 Falei da Leonor , do João e do Tiago, das nossas aventuras em grupo á Raquel e também dei o e-mail porque a Raquel me obrigou , suplicou e disse que gostava de os conhecer.
 Na hora de almoço, almoçei com a minha mãe.
- Mãe, estive assim tão mal ?
- Claro , filha - respondeu, num tom sério, enquanto comia.
- Conta-me mais, quero saber tudo.
- Queres mesmo saber?
- Quero.
- Estivés-te entre a vida e a morte, o teu estômago estava colado , de não comeres.
- Mas porque vomito?
- Anna, está tudo relacionado com a mesma história, não comer, o teu corpo começou a rejeitar a comida. O teu caso foi difícil, mas tu ainda não recuperás-te.
- Não percebo porquê. Ainda continuo gorda e feia.
 A minha mãe olhou para mim severamente e deu-me um enorme estalo na cara, que , durante imenso tempo ficou lá a marca vermelha da mão. Doeu muito.
- Com isso não se brinca.
 Nunca vi assim a minha mãe, tão severa.
Nunca antes me tinha dado um estalo.
A vida dá muitas voltas.
Acho, que após a estalada começara a ter mais ou menos noção das coisas, que o meu comportamento, foi , sem dúvida muito arriscado e errado. Os meus pais e os meus amigos e o meu namorado adoram-me e isso é muito bom, significa que posso contar sempre com eles, que querem sempre o meu bem. Eu é que nunca me apercebi disso.
Irei demorar vários meses a recuperar, isto é , se conseguir.
Está aqui um pequeno resumo das coisas até agora. Provavelmente devo-me ter esquecido de alguma coisa , mas está aqui apenas o mais importante:

 sou gorda

|
dieta
|
sem sucesso na dieta
|
deixar de comer 

namoro com David

começar a ficar mais magra, mas eu continuar a ver-me gorda
|
vómitos
|
Leonor e David ligam á minha mãe
|
a minha mãe mete-me na psicóloga
|
não lhe ligo nenhuma
|
namoro entre João e Leonor
|
mentiras do Tiago
|
internada e corpo diferente
|
anti-depressivos e sopas liquidas

Meu Deus...

Agora estou a começar a ter noção das coisas de tudo, dos avidos, do que aconteceu.
Há muitos métodos de emagrecimento, mas este foi o pior de todos.
Nem parece meu este tipo de cosas!
No que me meti eu ...
Isto sim, é que é uma grande aventura, a maior aventura da minha vida.


Capítulo 8 - Quem és tu?

Fui á casa do David, a visitá-lo.
De fora, ouviam-se gritos, vindos da casa dele, gritos de rapariga, histérica,
Entrei, pois a porta estava totalmente aberta e ali não estava ninguém.
 Subi as escadas e fui ao quarto dele.
Estranhamente , a porta estava fechada  e os gritos vinham de lá. Começei a sentir um aperto enorme, necessidade de entrar.
- Pára, David ! - gritou a rapariga - Não me aleijes !
- Vá lá, dá-me um beijo.
- Dou-te é um estalo.
- Só um ... - pediu ele, num tom arrogante.
- Vê lá como falas, estás-te a passar ou quê ? Falas assim para a tua bonequinha Anna ou lá como é o nome, comigo falas baixo. Sou a tua namoradinha,não ? Deves pensar,deves.
- A Anna não precisa de saber. Ela deve estar a comer a sua papinha cerelac porque não come bem já á uns meses.
- Coitadinha - gozou ela.
 Ambos se riram.
 Abri a porta e vi-os sentados no parapeito da janela, coladinhos um ao outro e o David abraçado a ela.
A rapariga mal me viu, desatou a rir.
- Namoras com este monte de ossos ?
Ele também riu.
- Já comes-te o cerelac  todo para não vomitares mais ? - troçou ele, num tom diferente do habitual. Parecia outra pessoa, desenvergonhado , traidor , porco e sem nível nenhum.
- David, só agora é que percebes-te que as loiras são burras? - continuou a rapariga.
Olharam um para o outro e começaram a rir ao mesmo tempo.
Pareciam bêbados.
 Apareceu Tiago , a meu lado esquerdo , a olhar para mim. Depois, apareceram outros três clones dele.
Um deles atrás de mim , o outro á minha frente e o outro a meu lado direito.
 Todos em roda , a olharem para mim da mesma maneira que o original.
Os outros parvos ainda não tinham parado de rir.
Eles os dois beijaram-se e eu fiquei especada a olhar.
- Eu disse que ele não era quem tu pensavas que era, mas tu não acreditás-te - disse Tiago, o original como é evidente, enquanto os outros estavam na mesma.
 O David , ainda aos beijos com a outra, que nem o nome sei e que nunca tinha visto na vida.
 - Amo-te, Anna. - disse um dos clones, o que estava a atrás de mim.




Dei um grito enorme e levantei o tronco.

- Mas 'tás-te a passar ou quê, páh ?! São 5h da manhã - gritou o meu irmão, que tinha acordado com o meu grito. - Juízo, dorme!
- Caluda ! - ordenou o meu pai, que também tinha acordado com os nossos gritos.
 Olhei para o meu quarto, que estava todo escuro.
Aquilo não tinha passado de um sonho, um pesadelo.
Por um lado, ainda bem,  mas por outro será que é o que está a acontecer?
Será que ele anda com outra?
Será que me trai ?
Será que ele me ama?
Será que ele me goza?
São muitas as minhas dúvidas, mas logo ( sim, são 5h da madrugada e vou ter aulas daqui a três horas e meia ) vou falar com ele e resolver todos os problemas.

                                                        « »

Cheguei á escola e não vi nem o Tiago e nem o David em todo o dia, para meu espanto.
- Sabem alguma coisa do David ?
- Fugiu - gozou João.
- És tão parvo!  - continuou Leonor - E não, Anna , não sabemos de nada.
- Hoje ainda não me disse nada, não apareceu na escola, deve-se passar alguma coisa, começo a ficar preocupada.
- Deve-se ter deixado dormir - continuou João, a gozar, mas mesmo assim, desta vez , com um tom mais sério. - Ou então baldou-se. Caga, a vida é dele.
- Não me parece. Ele não se chama João. - declarei eu, dando-lhe a indireta.
- Pois não, chama-se David. Acho que já toda a gente sabia...
 O João é super engraçado, ás vezes até consegue meter piada quando está a ser sério!
Então, eu contei-lhes o sonho que tivera, do Tiago e do David.
- Credo ! - comentou Leonor.
- É bué mau essa cena. Mas clones ?! - retorquiu João, já a rir.
- Não gozes - atalhou Leonor, também com vontade de rir, por causa da coisa dos clones - Ao menos o Tiago não está aqui.
- Quero lá saber! E se estivesse ? - respondeu João.
- Bem, mas eu gostava de falar com o David - continuei eu - Gostava de saber se ele me ama, ou se me trai.
- Também não deve ser bem assim, afinal, foi só um sonho - disse Leonor , no seu tom de menina responsável.
- Pois. Mas ele também pode mentir. Não quero ser pessimista , mas isso também pode mesmo acontecer. - continuou João, sério , desta vez. - Eu até sei o que isso eu.
- A sério ? - perguntei eu, curiosa.
- Tenho dezanove anos de experiência de vida, mais dois que vocês, passei por mais cenas que vocês.
- Sim , Anna , é verdade. - disse Leonor.
- Estou a ver. Muito radical ! - comentei eu.

                                                           « »

Fui á casa do David, a ver como ele estava, para falar com ele.
Tal foi o meu espanto ao ver uma rapariga a sair da casa dele, que por momentos pensei que o sonho fosse realmente verdade.
 A rapariga era morena e quando me olhou, sorriu.
O meu coração parecia estar a sair do meu corpo, por tanta aflição , ansiedade e nervosismo ou até mesmo pânico.
 Toquei á campainha, ele abriu e eu entrei.
- Quem era aquela rapariga?
- Que rapariga?
- Oh, não te faças de desentendido. Eu vi uma rapariga a sair daqui á uns minutos.
- Calma. Ela é da minha família, é  minha prima - respondera-me, por fim. Demorara algum tempo a responder á minha pergunta.
- Fala espanhol ?
- Não, está em Portugal desde nascença.
 Afinal parece que pensei coisas onde elas não existiam.
- Porque faltás-te hoje?
- Estive com febre, já desde ontem á noite.
- E já estás melhor?
- Sim ,agora já.
- Ainda bem ...
 Mas mesmo assim, David parecia-me estranho, não sei porquê.
Mas isso eu não lhe disse.
 Adoro o cabelo e olhos dele ! É tão fofo, nem quero imaginar como é que ele era quando era criança...
Aquele cabelão loiro, aqueles olhos ... Meu Deus , que gato ! Ele é perfeito !
 Gostava de ser bonita e não como agora estou. Ele é lindo e gostava de poder ser também. Acho que merecia algo bem melhor que eu. Acho que os rapazes mais bonitos escolhem sempre as mais bonitas , as de maior personalidade, as mais inteligentes e as mais populares. ( como no caso da Leonor e do João e do Tiago com a Leonor )
 Até me sinto mal !
 A Alicia e a Raquel estiveram uma tarde inteira a dizer coisas sobre ele : que é lindo , fofinho , gato , querido ... Já tinha dito lindo ?
Também me disseram que sou uma sortuda em tê-lo.
Hoje, deve ter sido o dia de aulas mais aborrecido de todos os tempos.
Os stores devem ter combinado alguma coisa , para falarem disparadamente e alto. ( e sem direito a powerpoints e por vezes coisas pouco ou nada interessantes sobre a vida deles)
 Ouvira-se um barulho estranho da mochila do João, só que o stor nem se apercebeu, até que mais tarde o barulho parou.
 Passado um bocado, o stor resolveu chamá-lo.
- Belo ! - chamou o professor , a alto e bom som.
 Nós comçámos a rir, pois o nome dele mete piada ( sim, ele é João Belo, e é um belo rapaz ) e o stor trata os alunos pelo último nome, como se fosse na polícia, o que é irritante.
- João !  - chamou toda a turma ao mesmo tempo.
 O stor começou a perder a paciência e foi ao lugar dele.
João tinha a cabeça dentro da mochila.
 O stor abriu a mochila e ... SURPRESA ! 
João estava a dormir, logo aquele ruído estranho devia ser o seu roncar.
A mochila do João só tinha :
- 1 caneta
- 1 caderno
- o seu telemóvel com fones e música a altos berros
- garrafa de coca-cola de 1.5l
- 1 saco cheio de gomas e pastilhas
- lixo

- Ora ora ora, o que temos aqui. O menino Joãozinho quer que lhe aqueça um copo de leite com chocolate, que lhe conte uma história, que vá buscar o seu pijama com estrelinhas e uma cama com um ursinho de peluche fofinho?- retorquiu o homem, já impaciente e a troçar de ele se ter deixado dormir, não deixando ter um tom sarcástico e um sorriso sínico.
- Está morto ! - gozou um colega, meio betinho.
- Lixeira ambulante de Lisboa. - gozou outro betinho.
 O professor bateu levemente no ombro de João e fez que o acordásse.
- Estou a ver que tem o sono leve. Que boa vida, não é? - continuou o velhote.
- Olhe stor, não tenho culpa que as suas aulas sejam as maiores secas do milénio, você é que nunca se apercebe. - respondeu João, já acordado ( e bem ! ) , por fim.
- Estou a ver que  acordou com os pés de fora. Para aliviar isso, venha ao quadro resolver o exercício que eu vou ditar.
 E lá foi ele resolver o exercício. Este fora talvez o exercício mais difícil que aquele homenzinho irritante tivera colocado no quadro.
- Não sei. - respondeu João , com o giz na mão esquerda, olhando para o exercício.
E com razão ! O exercício era super complicado.


  « »
 Hoje de manhã, cheguei atrasada dez minutos. Não parece meu, mas deixei-me dormir ''graças'' ao despertador do telemóvel que nem se quer chegou a tocar.
- ' Tão, andas-te a baldar? - perguntou João, mal eu acabei de entrar na sala.
 Mesmo a assim, a aula nem foi das mais aborrecidas, o João falava com a Leonor e eu com o David.
- David, alguma vez eras capaz de me trair?
- Não, achas mesmo? Sabes que te amo. 
- Não sei ...
- Porque me estás a perguntar isso?
- Não sei ...
- Hoje não sabes nada? - brincou, com um tom de voz carinhoso.
- Gostavas que alguém que traísse?
Ok, juro que esta pergunta me saiu completamente da boca para fora.
- O que queres dizer com isso? Explica lá. - respondeu ele, com um tom diferente, mas desta vez mais agressivo.
- Não sei. É um pergunta simples. Sim ou não?
- Não. - respondera novamente com um tom seco e agressivo.
- Acho que ninguém gostava.
- Porque dizes isso? Estás a dizer que te estou a trair , é isso?- continuou. - Muito bem, isso pergunto-te eu, andas-me a trair?
- Não, acredita em mim.
- Então porquê esse interrogatório?
- Porque me estás a falar assim?
 Entretanto, a conversa ficara por aqui, ele já não quis responder a mais nada.
Na minha opinião, acho que ele se exaltou um bocado. Aliás, isto tudo começou por uma pergunta de nada , nem foi por mal, simplesmente saíu-me da boca para fora, embora ele não ter acreditado muito no que disse. Ele foi injusto.
Se calhar ele está mesmo a  trair-me. Quem sabe? Namoramos á 5 meses, pode ser que também ande farto de mim.
Estou preocupada, vou ter que andar mais atenta a ele.

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 NÃO ACREDITO NISTO.
Como é possível? 
O maior amor da minha vida, que já alguma vez tive é um traidor. Isso explica o motivo de o David estar tão agressivo para mim quando lhe fiz aquelas perguntas no outro dia.
Ontem encontrei-o no parque, a beijar na testa uma rapariga morena, e depois deu-lhe um abraço muito forte, estava constantemente a sorrir-lhe.
 Posso ser meio maluca e por vezes um bocado compreensão lenta, mas eu  não sou burra e vi aquele momento muito bem.
Infelizmente vou ter que acabar com ele, mas eu ainda o amo muito.
-

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 - A tarde do outro dia foi fixe, não foi? - perguntei-lhe.
-  Estás a falar de quê?
-  Aquela rapariga ...
-  O Tiago contou-te mais alguma mentira e tu acreditas-te. - interrompeu-me ele.
-  Não. Mas ele tem razão. O único que aqui está a mentir és tu.
 Ele olhou para mim e ficou calado.
-  David, não podes mentir mais. Assim não dá.
-  Estás a acabar comigo?
-  Estou. Reparei que a amas, por isso deixo-vos em paz. É melhor para nós os dois. Felicidades para vocês, a sério.
-  Podemos ser amigos?
-  Adeus, David.
 E depois fui-me embora , com os olhos a escorrer lágrimas. 
David ficara encostado á parede, a olhar para a janela. Fui á casa de banho limpar as lágrimas, para que ninguém soubesse que eu choro por um idiota.
- Eu e o David acabámos. Eu acabei com ele. - expliquei eu a Leonor.
- Pois... Ele já me disse. Porque acabaram?
- Estranho em não te ter dito isso, mas pronto. Ele é um grande mentiroso.
- Afinal ele traía-te mesmo?
- Pois é ...
- Estúpido.
- E muito.
- Não mereces isso. Vais ter bem melhor, mereces algo bem melhor que o David, não fiques triste por ele, ele não te merece.
- Eu amo-o muito , mas muito mesmo.
- Acredito. Mas a vida continua, mais tarde ou mais cedo vais acabar por esquecê-lo de vez. Segue em frente, pois para a frente é que é o caminho. Não deves ficar triste por ele, ele não te merecia, ele é um parvo. Mereces tudo de bom e algo bem melhor que ele.
- Adorava que fosse assim tão fácil.
 Esta foi de vez, acabámos mesmo.
Assim custa-me seguir em frente e saber que si nas minhas  costas e já não me ama. Mas eu amo-o muito, ainda. Enfim , que se pode fazer?
Foi a minha escolha, foi melhor assim, porque se nós continuássemos ele continuava a fazer isto e eu continuava ainda mais iludida e apaixonada por ele.
Agora sim , arrependo-me mas é de ter chamado mentiroso ao Tiago , se ele foi quem mais me tentou abrir os olhos. Ele tem razão e tenho de lhe pedir desculpa o quanto antes.
Sinto-me parva , estúpida, fácil de enganar e burra.
- Olá Tiago.
- Olá.
- Tudo bem?
- Yah.
- Precisava de te dizer uma coisa ...
- O quê?
- Desculpa estar a incomodar.
- Não incomodas nada. Vá, diz.
- Queria pedir-te desculpa.
- Desculpa de quê ?
- Desculpa por tudo, por te ter chamado mentiroso, ter dito coisas horríveis e não ter acreditado em ti.
- Ah, eu percebo.
- De certeza?
- Sim já disse. Eu acho que também não acreditava numa outra pessoa se me dissessem que a pessoa que estava apaixonado andava a trair-me, mas pronto, acontece.
- A sério, desculpa não ter acreditado. Mas na altura era díficil acreditar, estava mesmo caídinha por ele.


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Á noite, mal consegui dormir, demorei uma eternidade a adormecer, mas nada de mais , foi tudo da mesma história : David.
 Ele , por esta altura deve estar a mandar uma sms bem querida á outra ( cujo nome eu não sei ) ou a fazer video chamada, qualquer coisa.
A Leonor é que tem sorte, tem um rapaz que a ama. Eles sim, são feitos um para  o outro, felizes.
O João pode ser extrovertido , maluco , radical , rebelde , mas o importante é o sentimento que ele sente pela Leonor.
 É sábado, fiquei o dia todo no computador , no blog ou a pesquisar músicas e a falar com a Raquel e a Alicia.
Elas falam com o  David, que fixe.
Conheci uma nova amiga, chama-se Catarina, que também passou por anorexia. É de Santarém, franja e olhos verdes. Tem 19 anos

É gótica! Adoro o estilo dela e o David uma vez tinha dito que também gostava.
Uma coisa que reparei é que  por vezes usa decotes enormes nas fotos e no facebook tem mais de 1000 gostos nas fotos só por isso. Mas ela é super simpática. Não tem namorado.
Estamos (finalmente) quase nas férias da Páscoa!
 Hoje foi um dia normal , como todos os outros ( dos mais solitários e aborrecidos , como é costume ). Mudei de mesa , mudei para uma bem longe da mesa do David, pois não aceito que ele me dirija mais a palavra, mas ele reagiu melhor do que estava á espera.
PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA FUI PARA A RUA injustamente.
 Passo a explicar : foi na aula de Português, estava a falar com o João, com a Leonor e com o Tiago, até que o João decide ser engraçado e fazer-me rir.
 - Anna, vá para a rua ! - mandou a professora num tom sem piedade.
 - Porquê? Não fiz nada!
 - Rua, já !
 - Fogo, 'tou a ver que a stora hoje acordou com os pés de fora - comentou João, num tom de gozo.
 - Não se meta.
Entretanto, eu comecei a levantar-me, com as coisas já na mochila.
 - Isso foi injusto. Eu é que provoquei , eu é que contei a piada, por isso vou eu para a rua e a Anna não. - disse João, num tom corajoso desta vez.
 - Pronto, já que está com tanta vontade de ir, vá com a sua colega. 
E pronto, lá saímos os dois, ambos com falta disciplinar marcada injustamente.
 Admira-me de facto o João ter aquela coragem toda para enfrentar os professores, como ele não tem medo.
- João, como é que consegues ter essa coragem toda?
- Foi injusto, nada de mais.
- Oh, está bem, mas disses-te aquilo com tranquilidade, como se não fosse nenhum problema para ti.
 - Deve ter a ver com o hábito.
 - Estou a ver ... Já alguma vez te envolveste numa luta?
 - Na escola?
 - Sim.
 - Bem, sei lá, mais de três vezes, talvez.
 - És um rebelde ... - brinquei.
 - Também nunca fui ao autêntico nerd.
 - O que queres dizer com ''autêntico'' ?
 - Já tirei boas notas e confesso, sofri de bullying.
 - Bullying?! Porquê? - admirei-me, pois não acreditam qual foi o meu espanto.
 - Gozavam comigo, até me espancavam. - dito isto, ele deu uma gargalhada hipócrita, fora do vulgar.
 - Não acho que seja um motivo de rires. Mas porque te faziam isso?
 - Sei lá. Na altura era um fraco, um inútil. Até que comecei a abrir os olhos.
 -  E como ultrapassas-te isso? Deve ter sido muito difícil para ti...
 - Foi um inferno. Na altura queria e desejava mesmo estar morto, para tentar enfrentar isso mudei de escola e aprendi também com o tempo a ser outra pessoa, o João que sou hoje. Chegava a casa cheio de dores e ninguém sabia disso.
 - E os teus pais?
 - Só descobriram quando viram.
 - Alguma vez te viram a ser espancado?
 - Não, mas viram os cortes que faziam nos pulsos, não são só as raparigas que fazem isso quando estão mal. Também viram o meu corpo cheio de nódoas negras.
 - Cortes no pulso?
João puxou a manga da camisa para cima e o pulso estava cheio de marcas, fundas , mas notava-se que foram feitas á algum tempo. 
Penso , que nunca fiquei tão admirada em toda a minha vida.
 - Basta desmontar uma afiadeira com um gancho e depois cortar com a lâmina. -explicou.
 - Quem diria... Deixaste-me sem nada a dizer.
 - Acredito.
 - Já contas-te isto tudo á Leonor?
 - Yah, á umas semanas.
 - Isso também tem a ver com essa tal Margarida? A Leonor falou-me dela.
 - Sim, ela gozava comigo. Quase toda a gente na turma gozava comigo, chamavam-me muitos nomes.
 - Que nomes?
 - Tantos, nomeadamente gay, paneleiro, bicha , bizonte , sei lá , tantos que até já me esqueci.
 - E tinhas que idade?
 - Foi dos 13 aos 17 anos anos.
 - Muito tempo mesmo ... E como é que essas pessoas pararam de te chatear?
 - Mudei-me fisicamente e psicologicamente, para eles tive que me envolver em lutas, mas o meu primo e uns amigos também ajudaram. Ao inicio não foi fácil, mas depois acabaram por se habituar e agora piam fino.
 - Lamento ter falado sobre isto, a sério , não quis que te sentisses mal...
 - Na boa, já não me incomoda , antes sim, mas não fiz isto porque quis, mas sim porque fui obrigado.
 - Não digas isso.
 Passado uns momentos tocara, toda a turma saíu e a stora chamou-nos para irmos os dois falar com ela.
 O que quer ela? Só me faltava mais esta-
 - Anna , -começou a stora com seu discurso - aquele comportamento não pareceu nada seu, tem de ver se este ano não muda o seu belíssimo comportamento, que é excelente e isso pode prejudicá-la imenso. Menina, espero que isto não se torne a repetir, embora que já estava á espera vindo de si, João.
 - Tábem , só acho que a stora foi injusta , porque quem fez a m.....
 - Nada de asneiras ! - interrompeu a stora quando ele ia dizer a asneira, ficando João apenas pelo « m ». - Pensa que tenho a sua idade?
 - Quem fez a porcaria fui eu, deveria ter ido apenas eu, 'tou habituado, já fui várias vezes.
 Esta resposta do João fez a stora ficar calada.
 - Podemos ir agora ?
 - Podem.
Saímos e fomos ter com a Leonor, que estava á porta da sala  onde íamos ter a próxima aula.
- A stora deu-vos sermão, não foi ? - adivinhou ela.
- Foi , mas com as palavras do João ela lá acabou por se calar.
 No final do dia fomos os três para casa a pé. Hoje o João não tinha vindo de mota , pois está a tirar a carta de condução de carro. O David não me dissera nada em todo dia, mas ele estava á nossa  frente enquanto o semáforo estava vermelho.
 - 'Tão, páh? Já não se cumprimentam os amigos? Ou colegas, lá como tu quiseres chamar. - gritou-lhe João,  a alto e bom som , no meio da rua , enquanto se ria.
 - Está calado. - sussurrou Leonor, também enquanto ria.
David ignorou o que João lhe tinha dito, porque também tinha percebido que era uma indireta relacionada com a traição e de também eles não serem muito amigos ( oque nunca percebi).
 - Otário - comentou João, no seu tom de mauzão.
O semáforo ficou finalmente verde.
 - Acho que ele ouviu ... - interveni eu.
 - Que se lixe. Devo estar preocupado?
 - Também acho - concordou Leonor.
Por isso, hoje foi um dia de descobertas, descobri grande parte da adolescência do João, ele não é mesmo quem parece ser. Sempre pensei que fosse daqueles rapazes despreocupados com a vida, que gostava de tratar mal as pessoas , incluindo professores e que sempre assim o fosse , que sempre fosse um baldas. Vamos ver se amanhã descubro mais alguma coisa, agora é que fiquei mesmo curiosa :D
Gostava de ter outro nome, sei lá , gosto de Madalena, Constança , Beatriz , Francisca , Joana , Maria Inês , Catarina ...
Era para me chamar Catarina ou Ana Catarina.
Sou portuguesa ( os meus pais são também portugueses ) , mas tenho nome estrangeiro ( Anna Sofiya ) , nasci na Holanda , em Junho e os meus pais estavam lá a passar férias, porque tinham casado recentemente, depois emigrámos para a Espanha e depois vim para Lisboa. O meu pai nasceu em Lisboa e a minha mãe no Porto.
Pensando bem, acho que o David não gostava realmente de mim, para me trair. A outra rapariga é super bonita, é morena ( eu sou loira e diz-se que as loiras são burras, sem ofensa ás outras loiras , há loiras muito bonitas e inteligentes, mas não no meu caso, não posso dizer isso, porque não o sou. )
 Acho que isto tudo está muito confuso. Hoje a Leonor convidou-me para sair e claro que o seu Joãozinho veio. 
A Leonor tem uma enorme paciência em aturar-me, pois estive a falar do David a tarde quase toda, até me admira nunca nos termos chateado.
 - Esquece-o. A vida continua, vais-te apaixonar alguém bem melhor, ele não merece o teu amor.
 '' Wake me Up When September Ends ''  , uma música muito importante para mim. Claro que me faz lembrar nele. Ele dizia que adora os Greenday e que esta é a música que mais gosta deles e que consegue estar a ouvir esta música durante muito tempo. 
O estilo de música do David é rock não muito barulhento , Bob Marley e algumas techno.
Mas enfim, tenho que parar de falar nele de uma vez  por todas !

Capítulo 9 : Porrada?

- João, como é que foi quando sofrias de bullying ? - perguntou Leonor.
- Quando te batiam ... - atalhei eu.
- Estava na minha antiga escola , no intervalo, era um dia normal, obviamente com críticas incluídas. Estava com uns ''amigos '' , duas raparigas e um rapaz, a Ana , a Carolina e o João Ricardo. Fomos para perto do campo de jogos, aquilo estava deserto, até que decidiram ir fumar para lá, eu queria ir embora , mas eles insistiram para eu lá ficar até que me deram a volta e me convenceram, fiquei com eles. Passado um pouco vejo-os a todos agarrados ao telemóvel a mandar mensagens e minutos mais tar aparece o gang da escola. A Margarida estava lá com dois rapazes de cor e uma rapariga de cor , o Nuno , o Edilson e a Deizy. Eles fizeram uma rodinha diante de mim , fiquei cheio de medo, mas para o disfarçar bebi o sumo que tinha comprado no intervalo anterior. Eles começaram a rir e despejaram o sumo para o chão e tiraram-mo á força, agarraram nele. Estava cercado , não podia fugir. Logo de seguida, eles espancaram-me totalmente, deram-me murros deram-me pontapés e claro que riram e gozaram. Eles até queriam que comesse areia , mas isso não permiti, por isso, levei outra dose de porrada, dose dupla. Passado um bocado, eles deixaram-me no chão , a sangrar, mas só a Ana e a Carolina me ajudaram a  ir para a enfermaria,  enquanto o João Ricardo só me foi lá ver quando já estava a dormir. Estava com muitas dores, antes batiam-me, mas nunca foi tão grave ao ponto de ir parar para o hospital.
- Que horror ! - comentou Leonor, aterrorizada.
- Podes crer. - concordei.
-  Usei gesso no braço esquerdo , e ainda por cima sou esquerdino , escrevo com a mãe esquerda, também usei canadianas e fiquei com umas nódoas enormes que demoraram a desaparecer. Nesse dia roubaram-me o telemóvel. Mas o bullying continuou , mas desta vez verbalmente.
- Recuperáste-o? - perguntei.
- Sim, mas só algum tempo mais tarde.
- Não sei o que dizer. - continuei.
- Mas porque faziam isso? Gente sem juízo mesmo. - disse Leonor.
- Yah ... Eles atacavam-me porque por vezes não percebiam o que dizia, porque tirava boas notas, pensavam que era gay, e como há muito preconceito por aí ... Quase me mataram mesmo.
- Fogo, odeio este tipo de coisas ! Somos todos humanos e se os que te agrediram são de cor , não deviam ter feito isso- comentou Leonor.
- Ao menos conseguiste ultrapassar isso, o que é muito bom. - continuei eu, sem saber muito bem o que dizer naquele momento.
- Pois. Com dificuldade, mas sim , ultrapassei.
 João estava a falar num tom diferente do habitual, estava mais adulto naquele momento.
Por um lado, gostava de ter estado na turma dele naquela altura, pois gostaria de ter visto tudo desde o inicio. Estou com pena dele, ele não merecia aquilo tudo, ele não é quem parece ser, sempre me pareceu ser um selvagem despreocupado, rebelde e sem medos, mas pelos vistos enganei-me, pois afinal, ele é um rapaz que já sofreu e que já tem noção e experiência das coisas.
Afinal aquela rebeldia toda não era desde sempre, mas talvez seja uma farsa para esconder o seu passado. De facto ninguém diria que ele já sofreu de bullying.
Ele é lindo.
 Ninguém merece aquilo, embora aqueles imbecis merecessem uma valente lição! Isso não se faz a ninguém, é horrível e até a palavra ''bullying '' é feia.
 Tenho uma novidade: Já consigo comer mais um pouco !!!! (sem vomitar)
Hoje tentei comer uma sandes de queijo e fiambre e consegui comê-la toda, ao inicio senti-me um pouco enjoada, mas o meu corpo conseguiu não rejeitá-la, o que é muito bom, significa que estou a recuperar depressa, mas ainda não o suficiente para uma refeição completa. Por enquanto vou continuar a comer/beber , ou lá como for, aquelas sopas light's , completamente passadas e liquidas, ao almoço e jantar e tomar os comprimidos para comer e sobretudo ter paciência.
 Ao pequeno almoço tenho de comer uma peça de fruta e um iogurte magro, mas antes de comer tenho de tomar aqueles malditos comprimidos! Só que hoje consegui sem os comprimidos.
Também não tenho ido ás sextas feiras almoçar áquela pastelaria onde costumava ir, também porque eu e o David acabámos e porque não ia tomar os comprimidos na pastelaria, um lugar publico e com pessoas a ver.
Que seca !



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 A Raquel está maluca! Deu-lhe na cabeça que é ''má '' e ''rebelde'' . Morangos com Açúcar a mais, enfim. 
Está sempre a dizer que é como uma personagem que, mas essa personagem nem é rebelde, mas sim sinica.
Mas pronto, tristes figuras ...
Não percebi ainda o que lhe dá na cabeça, mas ok. O David disse-lhe coisas porcas porque ela começou , segundo que ela me disse.
 A maluquice é algo que não se cura, não posso fazer nada.
Tenho saudades de um ''amo-te'' sincero.
Gostava de ser emo, não gótica, como é a Catarina, mas isso não vai ser fácil.
 Para isso, vou ter que ir a várias lojas com o estilo, alisar o cabelo e usar maquilhagem, irei demorar muito tempo a preparar-me para escola só com isso! Não penso é por os piercing's e alargadores.
Á Catarina, o gótico fica super bem, mas ela é ela, eu sou eu, somo pessoas diferentes, logo não sei como o emo me ficaria.
Hoje foi mais ou menos um dia de guerra, pois finalmente a Joana deitou tudo cá para fora, finalmente desabafou.
 - Tu até és bonitinha, mas eras bué gorda. Só fizeste isso para toda a gente ter pena de ti e armares-te em coitadinha.
 Ao inicio ignorei-a, mas ela continuou e depois ela começa a rir para os amiguinhos dela.
 - Yah, que cena fixe, gozar com os outros ! - respondeu Tiago, num tom irónico.
 - É não é? - continuou ela aos risinhos.
 - Então não? É brutal ! - continuou ele também, com um riso irónico.
  -Ela é ridícula.
  - Pois és, és muito ridícula mesmo.
  - Tu não falas assim. - disse ela, mudando o tom.
  - Deixa-te de cenas, se queres dizer algo , dizes logo na cara, não era preciso guardares tudo durante tantos meses, não é preciso guardar tudo para os teus amigos. Odeio gente otária.
  - És tão giro... - confessou ela - mas também fazes parte desse tipo de gente, lindo.
  - Eu nunca gozei com coisas de vida e morte.
Ela sínica e cruel, não deve ter educação nenhuma em casa, pois ela é uma pessoa sem nível , sem escrúpulos e muito reles.
 - Oh por favor, vais-me bater?
 - Se for necessário.
 - Fónix, isto quase parece o Twilight, mén - interveniu João.
 - Oh, que fixe ... Mas ninguém te perguntou nada - retorquiu ela.
 - 'Tás-te a passar ou quê?  Falas assim para a tua família, ainda não te dei confianças suficientes para falares nesse tom e sobre este assunto tão grave. - defendeu-se.
 - Estamo-nos a exaltar um bocado, não?
 - Dorme !
 - Ficamos por aqui - meteu-se David.
Porque é que as pessoas se metem tanto em coisas em que não são chamadas? Porquê? A conversa era só minha e da Joana, não era preciso o João, o Tiago e o David meterem-se!
Eu nem lhe estava a dar trela, mas depois foram-se intrometer e a coisa não ficou mais alegre. Eu também tenho boca para falar e me defender.
 Não percebi o motivo de David também se ter metido ao barulho naquela conversa, também não percebi se me estava a defender a mim ou á Joana, mas o que é certo é que pararam com o que ele disse.
Quase havia porrada por minha causa! Não era preciso, eu sei responder-lhe á minha maneira. Mas por vezes também se diz que o silêncio é a melhor resposta.
 A Leonor hoje faltou porque está com febre. Por um lado, ainda bem que faltou, não perdeu nada e também se acabava por meter naquela discussão.
Á minha consideração em relação ao Tiago tem vindo a subir.
Na aula seguinte estivemos a falar por papelinhos.
JÁ VOS DISSE QUE AMO A LETRA DELE ? *-*

Eu :  Obrigada por me ajudares, mas não era preciso. A conversa era só entre mim e a Joana, não era preciso meterem-se também tenho boca para falar. (:

Tiago :  Eu sei, mas eu não gosto que se metam contigo, principalmente a Joana. Foi mais forte que eu, mas  desculpa na mesma. Ora essa, sou teu amigo , os amigos querem-se para este tipo de coisas e são nestes momentos que se comprovam o verdadeiros amigos.

Que simpático! Acho que posso confiar um pouco mais nele, podemos ser amigos.
As coisas estão calmas, veremos até quando, pois calmo não é bem uma palavra que  o defina. O David, para além de tímido, envergonhado, exceto quando gozam com ele, apesar de nunca gozarem com ele ( também é dos mais giros na turma, seria estranho se isso acontecesse ), mas mesmo assim é mais calmo que  o Tiago.
Mas tenho que parar de falar no nome ''David'' , também me estou a passar. É mais forte do que eu, e isto ainda é muito recente, de termos acabado , que agora já nem penso noutra coisa.
Porém, tenho de esquece-lo de vez e seguir em frente o meu caminho, mas custa. Nunca namorei de verdade com um rapaz  giro e que julgava ser realmente um homem de verdade.
Todavia, acho que até uma criança de 5 anos sabe amar melhor que ele e sabe o que é o amor. Sonho alto, eu.
Enfim, sonhar também não faz mal a ninguém, certo?

    « »

Cheguei á escola, decidi ligar o mp3 e sentar-me num banco de frente para a janela. Ainda faltava algum tempo para tocar.
 Não queria que ninguém me incomodasse, mas passado algum tempo o Tiago chegou á escola. Desliguei o mp3 e fui lá cumprimentá-lo, com um sorriso, que ele também retribuiu, até que entretanto ficámos calados, a olhar um para o outro.
 - Olha ... -dissemos os dois ao mesmo tempo.
 - Diz tu primeiro. - disse eu.
 - Não, tu primeiro.
 - Ok ... Bem, desculpa se alguma vez fui parva contigo.
 - Relaxa ! Esquece lá isso, não foste parva.
 -  Fui, mas na altura estava completamente ''cega''.
 - Normal. Eu também não acreditava, não fácil de enganar.
 - A sério? Não estás chateado? Somos amigos?
 - Sim , não estou chateado e somos amigos. Conta comigo para o que precisares.
 - Tu também.
Ele sorriu e eu também sorriu.
 - Adoro a tua letra!
Claro, como eu não tinha nada para falar decidi então elogiar a letra dele que é mesmo muito muito bonita.
 - Oh, é uma letra normal.
 - Admito, acho que nunca vi uma letra. Nem o meu irmão que é mais velho tem a tua letra.
 - Que exagero ...
 - Nenhum . Ahh - lembrei-me finalmente que ele também queria dizer alguma coisa - o que também querias dizer?
 - Queres ir comer um gelado logo á tarde?
 - Por mim pode ser. A que horas?
 - Tive uma ideia melhor : o que achas de almoçar comigo?
 - Pode ser, pode ser também que aguente uma pizza , um hambúrguer ou uma salada daquelas do McCDonald's. Onde?
 - Fórum Sintra, Dolce Vita , Colombo , Vasco da Gama ... Sei lá. Tu escolhes!
 - Dolce Vita , que tal? Para não serem sempre os mesmos.
 - Ya, na boa. Eu ainda não tenho mota, se não íamos de mota para lá, por isso apanhamos um autocarro.
 - Combinado.
O resto das aulas foi aborrecido como sempre. Mal acabara de tocar eu e o Tiago fomos a correr para a paragem de autocarros mais próxima , que ficava a uns 5 minutos a andar normalmente. Eu e o Tiago fomos os primeiros a sair da aulas ( tinha-mos já isto tudo combinado , que quando faltassem 3 minutos para a aula acabar , arrumar as coisas )
 Passados poucos minutos, o autocarro finalmente chegara. Nos bancos , o Tiago ficou á minha frente. 
A viagem foi agradável : estivemos sempre a rir , a falar e a contar coisas malucas e a viagem também foi bonita.
Retiro tudo o que tinha dito antes. Ele está a ser super fixe e eu fui estúpida, passei-me com ele , não o devia ter feito. Mas enfim, já não posso fazer nada, já está feito.
 Quando chegamos lá foi difícil arranjar lugar , porque havia muita gente, decidimos ir para uma mesa lá fora. 
Perdi 5 cêntimos ... Quando coloquei o tabuleiro na mesa voltei lá e já não encontrei. Pronto, paciência.
 O Tiago comeu pizza e eu comi uma salda no McCDonald's (estive muito tempo á espera naquela fila enorme ) , aguentei-a e soube-me mesmo bem. 
Como é bom voltar a comer !  
Estivemos sempre a falar.
Quando fomos embora também fomos de autocarro, já deviam passar das 19h.

« »

 - Quando sofrias de bullying agrediam-te mais vezes? - perguntou Leonor para o João.
  - Sim , mas não tanto como da outra vez. Insultavam-me muito.
  - Desculpa falar nisto. Gostava de ter estado contigo na altura.
  - Não faz mal, já ultrapassei. Antes sim , antes custava-me falar disto , simplesmente não suportava esse assunto. As coisas mudam, eu  mudei.
 João tirou o seu telemóvel e mostrou-lhe uma fotografia antiga. Estava completamente diferente , até o seu penteado, até a maneira de vestir.
 - Eu ''morri'' naquela luta.
 - Credo, não digas isso, estás-me a arrepiar.
 - Nada disso, é verdade.
 - Ainda te lembras do primeira após a luta?
 - Perfeitamente?
 - Gostava mesmo de ter estado contigo... O que fizeram foi horrível.
 - Yah ..
 - Bem , não falemos mais disso, ultrapassas-te e isso sim é importante. Amo-te!
E deram um longo beijo e abraço.
Hoje, eu e o Tiago estivemos o dia ( os intervalos ) juntos no pátio. Ele disse que também prefere emo que gótico , mas o seu estilo de música é super barulhento. Aquele rock em que estão pessoas aos berros e isso.
Não gosto, parece que estão a partir panelas!
Mas ele gosta , gostos são gostos , não se discutem . Ele é super rockeiro, detesta música calma e cantores conhecidos ( que não cantem rock )  , tipo Bruno Mars , Britney Spears , Miley Cyrus, Birdy , Coldplay ( só gosta de uma deles ) , The Script , Jason Mraz ( só gosta de duas ) , James Morrison, Marroon 5 , Katy Perry e muito mais.
 O João gosta de rock ( não adora , só gosta , mas também não tanto como o Tiago ) , techno ( e todo o tipo de música eletrónica ) ,  e principalmente rap ( Wiz Khalifa , Eminem , Alborosie , Bob Marley e por aí fora )
  O David gosta de rock não muito barulhento e rap , principalmente Bob Marley.
 A Leonor e eu gostamos de rap e pop.
A termos de música eu e o Tiago não temos muito em comum , mas de resto até temos.
Li um livro bastante interessante, o protagonista chamava-se James , de 17 anos , já teve distúrbios alimentares e sofria de bullying, cortava-se e já foi traído. A história trata-se que ele estava a recontar a sua adolescência ( pois já era avô ) aos seus netos que também tinham 17 anos , Nathan , Mary e Stephanie.
  O meu corpo está gelado.
Adoro mãos quentes nas minhas mãos geladas. Como é bom ter um corpo quente. Não gostar sempre fria, mas o mais provável é ficarem assim para sempre.
Encontrei o álbum da minha infância , era bem querida quando me disfarçei de fada quando tinha 4 anos !
Lembro-me que o meu irmão tinha-se disfarçado de pirata e que não se podia sair á rua nesse dia por causa da confusão. Nesse dia deitei muitas serpentinas ao chão !
 Tinha franja ao meio, até ficava fofa.
Encontrei várias fotos em família. Mas quando era pequena era parva, ia todas as noitas cantar para a varanda , pois queria ser cantora. Por um lado tenho saudades disso, aliás , a melhor época da vida é quando se é criança e a infância nunca é esquecida.




- João , bora ao pátio? - perguntou João Ricardo
- Não, vão vocês.
- Anda lá , sentamo-nos ali num banco. - disse Carolina.
- Yah e aqui também não se faz nada, não vais ficar aqui sozinho. . - continuou Ana.
- Ok, pode ser. - decidiu finalmente.
 Eles foram então para o pátio, mas todavia Ana , Carolina e João Ricardo estavam constantemente a mandar mensagens.
- Já venho, vou comprar qualquer coisa ao bar - disse João.
 E lá foi o João , passados uns minutos de ter voltado apanhou uma surpresa desagradável. Estava lá um grupo de pessoas de cor , menos Margarida , a sua paixão, Nuno , Edilson e Deizy são de cor negra. O pátio estava vazio.
- Olha o Johny !- troçou Edilson.
- Sumo de maçã ? Isso é bué betinho ... - continuou Nuno.
Porém, João para disfarçar o enorme medo que estava a sentir naquele momento bebeu um pouco do sumo.
- Dá-me um golo - gozou Edilson novamente, enquanto lhe tirava o sumo das mãos e  este tinha sido atirado para o chão - Ups , desculpa, foi de prepósito.
- Coitado do puto - troçou Deizy , alinhando também.
 Margarida , Deizy , Edilson e Nuno fizeram uma roda á volta de João e ele ficara ainda mais em pânico, até que acabaram de o empurrar para o chão , espancá-lo, logo de seguida deram-lhe murros e pontapés , juntamente com insultosç
- Para as coisas ficarem ainda mais agradáveis, come terra. pediu Edilson, num tom sínico e sem piedade.
- Comer terra ? - perguntou João, quase sem força para falar.
- Sim, isso mesmo, pedis-te bem. Vá , allé.
- Não vou comer terra.
- 'Tão? Mau, vamos lá a ver como é que é a coisa, vais comer terra e é já - ordenou ele.
- Não, deixem-me em paz.
Todos começaram a rir.
- Ele ainda não percebeu. Se calhar preferia outra dose de porrada - falou finalmente a Margarida.
- Ao ataque, então. - disse Nuno.
- Foste tu que quises-te , João ... - prosseguiu Deizy.
- És ridículo , puto. Não te mates , não. Morre - disse Edilson, começando a estalar os dedos.
Mal ele acabara de dizer isto, outra dose de porrada chegou e não foi melhor e nem mais piedosa que a primeira vez.
Tocara finalmente. Eles decidiram ir embora, acabando por deixar João a deitar sangue  no meio do chão do pátio.
- Vá, por hoje chega. Amanhã há mais, bora pessoal - disse Edilson, dando o ultimo pontapé.
 João deitou lágrimas dos olhos, querendo mais que tudo morrer e desaparecer o mais rápido possível. 
- O João está a deitar sangue ! - reparou Ana, aterrorizada.
- Vamos levá-lo para a a enfermaria - continuou Carolina , também aterrorizada, não parando de olhar para ele.
- Eu ajudava, mas tenho de ir ver uma coisa ali a um sítio- desculpou-se João Ricardo, virando as costas, indo-se embora.
- Ana , eu levo a parte do tronco e tu a arte dos pés, pode ser ? - perguntou Carolina , e Ana concordou.
Ao levar João para a enfermaria, as pessoas não deixavam de olhar para ele, e algumas pessoas a rirem-se do facto de estar a ser transportado por duas pessoas.
 O falso do João Ricardo só apareceu na enfermaria quando João estava a dormir.
Até que foi para o hospital e também lhe roubaram o telemóvel.


João acordou. 
Tinha sonhado com aquele terrível acontecimento , recordou-o numa maneira pouco boa.
- Filhos da mãe - murmurou João para si próprio , dando um soco na cama , referindo-se a João Ricardo, Margarida, Deizy , Edilson e Nuno - Quando vos apanhar, mato-vos.



« »
 Mais um dia, mais surpresas. Hoje de manhã houve tragédia ao pé da escola entre o João , Nuno e Edilson.
- Aquele não é o idiota do João?
- Yah, mudou de escola porue ficou com medo. Cobarde. -respondeu Nuno.
João estava sentado num banco, á espera de Leonor que ainda não tinha chegado e tinham combinado para estarem juntos.
- 'Tá sozinho, bora cumprimentá-lo? - sugeriu Edilson, no seu tom provocador.
Então , lá foram eles ao encontro de João.
- 'Tão, meu , 'tás fixe? - começou Nuno.
 - Podia estar mais.
- Ficas-te com medo agora? - troçou Deizy
- Népia. Era suposto ficar?
- Calma puto, não te exaltes, estamos a ser simpáticos contigo e tu tratas-nos mal. Não te exaltes, ok? - retorquiu Edilson.
- Não me estou a exaltar.
João respondia-lhes sempre num tom seco e amargo.
- Nós até passá-mos bons tempos.
- Claro.
- 'Tás-te a passar? Vê lá os modos. - disse Deizy.
- Não. Adeus. 
 Edilson chegou ao seu limite e deu um murro na cara do João e ele, para se vingar levantou-se do banco deu também, acabando por deixar Edilson a sangrar.
 Os amigos do Edilson não gostaram ... A seguir deram-lhe também e João continuou a retribuir , mas desta vez com pontapés.
- Oh My God - comentou Leonor quando chegou e viu aquilo.
- É tua namorada? - gozou Deizy
- Finalmente tem uma - continuou Nuno.
- É feia - disse Deizy , torcendo os lábios de desgosto.
- Já te viste ao espelho, nigga? - defendeu João
 Edilson e Nuno não permitiram essa boca e para se vingarem deram vários murros na barriga do João.
- Deve ter doído - troçou Edilson.
 No entanto, João exaltou-se deu pontapés e murros a todos e eles caíram no chão!
- Até um dia.. - finalizou João, indo embora de mão dada a Leonor.
-  Porque fizes-te aquilo? - perguntou Leonor.
- Poderia ter feito pior. Quase me mataram.
- Vingança não é a solução. Tens razão, quase te mataram, mas o que fizeste agora também foi descer ao nível deles.
- Falaram mal de ti, não podia ficar calado e não admito que o façam.
- Mas mesmo assim. E se eles também se vingam?
- Já não me assustam, penso que andam os três metidos nas drogas, mas eu também conheço ''gente perigosa ''
- Drogas ?! Ainda por cima ! O melhor que tens a fazer é manteres-te bem longe dessa gente.
- Não te preocupes, não me vou meter  nessas cenas e não vou permitir que te façam mal. Prometo.
- O perigo e o medo não desaparecem ...
- Medo de quê? Estás comigo, como já te disse não vou deixar que te façam mal, se fizerem deixo-os a sangrar.
- Parvos. Não sou racista, mas eles fizeram uma coisa que não gostavam que lhes fizessem.
- Não te preocupes com isso agora. Já passou, já ultrapassei isso. Agora faz parte do passado e passado para mim 'tá enterrado. Interessa-me o presente. Amo-te muito, sabias?
- Será? - brincou Leonor.
- Hm hm - continuou João, encostando os seus lábios aos lábios da Leonor num corredor perto da sala de aula.


Capítulo 10 : Um novo começo

Já se passara algum tempo desde que eu e o David acabámos. Tenho de me mentalizar disso.
Por fim , finalmente acho que já não gosto dele. Aleluia !
O que ele fez justifica que ele não sabe ser fiel e eu sempre o fui.
De qualquer dos modos, tenho de parar de falar neste nome, neste individuo.
A parva sou eu ...


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O Tiago é um querido!
 Está a ser super fixe para mim, está a ajudar-me imenso e descobri (ainda) mais sobre a vida dele. Sou uma chata e uma curiosa e acho que é um sacrifício enorme aturar uma pessoa como eu. Mas pronto, ele também já está habituado ao meu tipo de pessoa.
Posso não ter o melhor feitio, mas acho que já é muito bom aturarem-me desta forma.
 Estou-me a passar com a Raquel, cada vez está mais chata ao dizer que é aquela personagem da série! Isso torna-se obsessivo, credo!
 Ela fala connosco, comigo , com o Tiago , com o David , com o João e a Leonor.
Quando ela diz isso para o João, ele só responde um ''lol '' , ou diz coisas parvas e irónicas.
O Tiago só lhe diz ''lol'' ou ''ok'' e depois não lhe costuma responder mais, enquanto o David raramente lhe responde, ignora. 
E eu e a Leonor, parvas , ainda lhe dizemos qualquer coisa.
 Acho que me apaixonei novamente.
Acho que gosto do Tiago e ele hoje fez-me uma surpresa : entrámos finalmente nas férias da Páscoa e ele convidou-me para ir ao cinema. 
Mas não é ''cinema'' normal , é ANTESTREIA de um filme!
Não gosto (apenas) dele por isso, mas sim pelo que tem mostrado de positivo nestes últimos tempos. Vamos ver o filme amanhã á  noite, só que o problema é que é na outra parte de Lisboa e é de noite, por isso não deve haver autocarros e comboios de noite.
 Estava a pensar em irmos mais cedo, para assim irmos de autocarro e o tempo que restasse íamos jantar. Ele aceitou esta minha sugestão.
O filme é ás 21h, íamos ás 19h10 e enquanto lá chegávamos, este tempo é suficiente para jantar, dá perfeitamente.

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É hoje.
Nunca fui ao cinema tão longe , com um rapaz, nem mesmo com o David. Sinto-me nervosa, o meu coração bate mais do que um martelo a martelar. Espero que tudo corra bem.
 - Como é que conseguiste arranjar estes bilhetes?
 - Um grande amigo do meu pai deu estes bilhetes e o meu padrasto e a minha mãe não apreciam muito cinema. Estás linda.
 - Estás parvo … - brinquei eu.
 Afinal, a viagem demorou menos do que eu esperava. Fomos á praia, que ficava perto do cinema. Sentámo-nos ao lado um do outro, no areal da praia.
 - Queres beber qualquer coisa? Eu pago.
 - Não, obrigada. Não quero que te incomodes. – respondi, ainda nervosa e mais ou menos a gaguejar.
 - Não vou responder á ultima coisa que disses-te. Vá, espera aí um pouco, eu vou ali comprar-te uma coca-cola, não demoro.
Eu tentei chamar por ele, mas de nada serviu, porque ele ignorou e fingiu que não me ouviu. Que teimoso!
E pronto, lá continuei eu , sentada na areia, nervosa e com o coração aos pulos. Pouco tempo depois, ele voltara com  duas coca-colas bem fresquinhas, uma para mim e outra para ele, como é obvio.
Eu, parva, mal falei para ele, pois nem sabia o que dizer por estar tão nervosa. Até me senti mal!
 - Anna, quero dizer-te uma coisa …
 - Podes dizer…
 - Eu – começou ele, também parecia que estava nervoso, ou que lhe faltavam as palavras certas – Gosto de ti.
 Corei tanto, que nem sei se fiquei mais vermelha que um tomate, e eu fiquei a olhar para ele, feita parva em vez de dizer “também gosto de ti “, fiquei calada!
 - Pois… Logo vi que não ias responder.
 - Não sei o que dizer. – confessei eu.
 - Ainda não esqueces-te aquele otário.
 - Pois, mas estás enganado.
 - Estou mesmo?
 -Estás. Eu também estou.
 - Porque motivo?
 - O teu comportamento, estás diferente. E não só, pensei que algo de mal querias que acontecesse a mim por eu namorar com o David, mas enganei-me, desde que eu e o David acabámos, tu tens estado diferente, as coisas mudaram. És um querido, gosto de ti.
 - Mas eu amo-te…
 - Amo-te.
 - Amo-te mais.
 - De certeza?
Ele sorriu.
- Logo te digo, depois deste beijo.
 Em frações de segundos, os nossos lábios encostaram-se, Tiago tinha o corpo gelado e lábios quentes.
As horas passaram a correr.
Sinto-me mais á vontade, sinto-me bem, sinto-me feliz, sinto-me diferente , sinto-me nas nuvens , enfim, sinto tanta coisa que eu nem consigo descrever. O nosso primeiro beijo foi na praia. Espero que dure mais tempo do que quando namorei com o David. Sinto-me melhor com o Tiago, é verdade.
 Já está quase na hora do filme, com isto nem se quer jantámos , podem crer!
A sala estava praticamente vazia, sem ser que tinha apenas mais duas pessoas, duas raparigas.
Na minha opinião, não ligámos muito ao filme, acho que tivemos mais a namoriscar, só no final é que fomos ao McCDonald’s. Mais tarde, a irmã dele foi lá buscar-nos e reagiu super bem com a notícia. Acho o Tiago parecido com a irmã.
 Agora resta-me saber a reação da minha família.

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Já contei á Raquel e á Alicia, desejaram felicidades, mas notava-se que tinha sido com pouca motivação.
A minha mãe reagiu normalmente e o meu pai não reagiu muito bem… Querem conhecê-lo a ele e á família dele. Amanhã eles vêm cá a casa, por isso espero que o meu irmão , a minha mãe e o meu pai gostem deles.
Eu não sou interesseira. Gosto mesmo dele.
O João anda estranho, a Leonor disse que ele ultimamente anda esquisito, ainda deve ser da agressão daqueles parvalhões, esses merecem algo de mal.
   Isto anda confuso : ainda á uns tempos namorava com o David, depois traiu-me e agora namoro com o Tiago.
 - Anna, gostas mesmo do Tiago ou é só para fazer ciúmes  ao David?- perguntou-me Leonor.
- Gosto realmente do Tiago, não gozo com os sentimentos das pessoas e isso foi o que o David fez.
  Percebi que a Raquel me anda a imitar demasiado. É ela que começa a falar comigo, está sempre a falar do David , do João e do Tiago e sobre coisas da vida dela que não interessam a ninguém, está sempre a fazer um interrogatório e principalmente imita-me, publico qualquer coisa e ela publica algo idêntico. Mas também não é só isso, são muitas outras coisas que agora não me estou a lembrar, mas quando me lembrar eu digo.

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Hoje, a família do Tiago foi almoçar cá a casa. Uma das primeiras coisas que reparei foi que ele apenas é parecido com a irmã e nenhum dos dois é parecido com a mãe.
A mãe dele notava-se ser uma mulher serena e de respeito, com cabelo castanho claro quase ruivo e olhos verdes, advogada.
O padrasto dele tem cabelo preto, olhos castanhos e usa óculos, é médico-cirurgião.
A sua irmã, é realmente parecida com o Tiago, só que ela tem o cabelo mais claro que ele, mas de cara parecem gémeos. Ela trabalha na Bershka do Fórum Sintra, mas ainda não acabou os estudos. Ela é super simpática e chama-se Ana!
 Os nossos pais deram-se bem.


  - ‘Tão maninha, agora andas numa de morenos? – troçou  o meu irmão, do facto de sermos os dois loiros e de ter namorado com um loiro.
O meu irmão deve ter algum atraso, por isso todos ignoraram por ser tão parvo e tão ignorante. Mas enfim, coisas de irmãos mais velhos ( ou não ) …
Logo á noite, vou jantar á casa dele, mas desta vez só a sós, nós os dois.
 São todos simpáticos, porém , a minha mãe achou o Tiago mais sociável que o David. O David é um rapaz tímido, só que parece que só o é quando tem que o ser.

«»
O jantar foi bom.
Menos a “segunda sobremesa “.
Tudo estava a correr bem.
Fui ao Windows Live Messenger pelo telemóvel, para escrever a frase : “ AMO-TE TIAGO. ♥ “

Escrevi.
Entretanto, a Raquel veio falar comigo. Ok, tudo bem, eu falei-lhe. Até que chega ao ponto de me irritar.
Todavia, só lhe disse : “ olha, Raquel, eu não gosto nada que me imitem, por isso agradecia-te que não o fizesses … “
Eu sei, já não era a primeira vez, mas precisava de “desabafar” e ela realmente é irritante quando imita os outros.
Uns segundos mais tarde, ela exalta-se e diz :
“ Olha, Anna, tenho uma canção para ti.
( qualquer coisa com asneiras, qualquer coisa porca, feia e estúpida , que ao menos já esqueci.)
ANNA IS A PROSTITUTE ! “  e grande parte da “música” só dizia essa palavra.
Fiquei paralisada a olhar para o pequeno ecrã do telemóvel.
- O que se passa? – notou Tiago.
- Nada. – menti. – Não é nada.
- Sim, acredito. – ironizou ele. – Diz-me o que se passa …
- Sabes a Raquel …
Ele interrompeu – Aquela pita histérica e obcecada? Yah, sei quem é. O que fez?
- Estava a falar com ela, pelo Messenger do meu telemóvel, sabes que ela imita as pessoas, e não é pouco… Eu apenas disse que não gosto que me imitem , depois ela exalta-se e chamou-me nomes.
 Tiago tirou imediatamente o telemóvel das minhas mãos, foi para a conversa que estava a ter com ela.
Começou a escrever:
“ não tens mais nada para fazer? Faz tu a prostituição, esse é que é o melhor trabalho para ti. Conheces a Anna de algum lado para lhe chamares nomes? Quem chama é quem é, e ninguém te pediu opinião sobre o que achas dela.  Ass : Tiago “
Raquel :  olha quem é ele!
Tiago :  dizes isso porque dizes que és parecida com a Andreia dos Morangos com Açúcar, mas fica sabendo que até o meu cão é mais parecido com ela do que tu. Ela não é rebelde, é sínica e tu metes pena ao dizeres isso.
Raquel : ponto, desculpa lá ter ofendido a tua namoradinha.
Tiago :  ela não tem nada que falar contigo. Nem ela, nem eu, vê lá as confianças. Não te estiques.
Raquel :  não mandas em mim
Tiago : LOL. Não sei porque é que pediste o e-mail. Xau, não falo para pessoas de baixo nível.

E terminou sessão – Pronto, já está avisada. Mas isto não vai ficar assim, ela vai pagá-las.
- O que estás a pensar fazer?
- Vingar-me dela, ela comigo não goza.
- Conta …
Ele sorriu – Depois vês.

 «»

É a primeira segunda feira das férias da Páscoa. Hoje, a Leonor e o João aproveitaram para sair juntos e eu e o Tiago igual. A Raquel nunca mais apareceu no Messenger nem no Facebook e nem na sua conta do Hi5. Está tudo desativado.
Desconfio que tenha sido o Tiago, pois ele tinha dito que se ia “vingar” dela.
- Cancelas-te todas as redes sociais da Raquel, não foi?
- Óbvio ! Ela não se ia ficar a rir de nós, principalmente de ti. E o melhor de tudo é que já não dá para reativar, cancelei-lhe Messenger, Hi5 e Facebook.
- Mas como?
- Fácil. Gamei-lhe as passes todas. Não era assim tão difícil de adivinhar.
- Ela pode voltar a criar …
- Que se dane, faço outra vez.
Ri-me – És tão mau. – brinquei.
- Só para quem merece …
- Eu mereço uma coisa dessas?
- Depende.
- Ah sim? E depende de quê , posso saber?
- De me amares.
- Eu amo-te ...
- Tens alguma caneta permanente?
Procurei na minha carteira e por acaso até tinha.
Dei-lha.
Ele logo de seguida pegou na caneta e no meu pulso. Tinha as mãos geladas, e eu tinha o resto do corpo.
Ele escreveu: “  Tiago ♥  “ com a sua letra linda.
- Tens o corpo gelado… - comentei enquanto escrevia “ Anna ♥  “ no pulso dele.
- Tu também tens.
- Infelizmente …
- Yah. Eu também tenho o corpo gelado também por um motivo.
- Qual é?
- Não gozas?
- Nunca.
Ele riu – Eu sou hiperativo.
- Pois , logo vi, desculpa dizer-te isso. Mas nunca tinha pensado nessa hipótese.
- Se não o fosse, agora podia ter o corpo quente. Eu também sou só ossos , mas o que me vale é a minha altura. Não falemos disso agora.
 As coisas tinham ficado diferentes.
Quem diria  que ao longo do ano letivo as coisas mudariam tanto. É incrível.
Não se vocês se lembram, mas estava programada uma festa final de ano da escola. Na altura , só falava com o David. Mas irei com o Tiago.
Seria demais voltar a falar para o David depois tudo o que ele fez. Foi um desgosto enorme para mim.
  Estavamos perante as  mais frias e chuvosas férias da Páscoa de sempre, mas sempre sabe bem poder passar os dias em casa e sem escola.
As férias terminam muito mais depressa quando se está com alguém que se gosta muito e nos é especial.
 Mas já o meu avô ( dizia mesmo ) dizia “ ao ínicio são todos perfeitos “ , que é verdade. Porém, espero que seja diferente, que seja melhor e verdadeiro , ao lado do Tiago.
Estou feliz com ele.
Ele é espetacular, fantástico ( embora ter ás vezes um feitio muito complicado ).
Enfim, amo-o.


O segundo período foi enorme, parecia não ter fim e dizem que é o pior. O terceiro penso que irá ser melhor.

2 meses depois …

Dois meses passariam e estou finalmente nas férias de verão! Aleluia, sejam muito bem-vindas !
Novidades não há, continua tudo na mesma como á dois meses atrás, como se mais nada se tivesse passado.
Estamos no mês do meu aniversário, faltam poucos dias para esse acontecimento.
Está um calor abrasador, cheira e finalmente é Verão!
 Acho que vou passar as férias no Algarve, mas ainda não sei a que zona. Espero que estas sejam as melhores férias de sempre, totalmente inesquecíveis!
Passei de ano, a minha nota mais alta foi 17 e a do David também.
 A Leonor teve quase tudo 18 e para grande surpresa, o João tirou notas entre 15 e 17.
O Tiago tirou notas entre 13 e 18. Em princípio vou para a Universidade de Coimbra, mas isto é onde for colocada.
  Todavia, este foi um ano inesquecível, acreditem no que vos digo, foi mesmo.
Esqueci-me de falar da festa de final de ano, foi altamente!
        A festa decorreu á noite, fui com  o Tiago e o João foi buscar a Leonor a casa de mota.  A festa foi nas piscinas municipais, com música eletrónica a altos berros.
Nessa noite, optei por levar umas calças pretas, com um top branco e uma bandolete vermelha com um laço.
O Tiago foi logo o primeiro a entrar na piscina.
        - És terrível! – brinquei eu.
        - A água ‘tá ótima. Foste parva em não teres ido. – adversou ele, também com um tom de brincadeira e depois tirou um cigarro do maço que tinha no bolso das calças e acendeu-o.
        - Ainda não deixas-te essa porcaria?
        - Infelizmente não.
Tirei-lhe o cigarro dos dedos e o maço do bolso das calças – Eu vou ajudar-te.
        - Já pensas-te na possibilidade de eu comprar um maço novo? – gozou.
Ri, enquanto deitava o cigarro e o maço no caixote do lixo – Não vais fazer isso.
        - Tens razão, não vou mesmo.
        - Eu preocupo-me contigo! Quero que fiques lindo e saudável para sempre.
        - Hei-de ficar.
Só vi o David uma vez e parecia ainda mais vampiro! Estava sozinho.
        - Já venho, vou á casa de banho. – disse eu.
Entretanto, enquanto fui á casa de banho, algo de estranho aconteceu: O Tiago, por iniciativa própria resolveu ir falar com o David.  (podem crer, ele estava em si, não tinha bebido nada e muito menos drogado ( ele não se droga! ))
        - Olá. Vejo que hoje estás muito sozinho. – troçou ele.
        - Não tens nada a ver com a minha vida. Estás assim tão preocupado? Mais vale sozinho que mal acompanhado.
        - Não, nem por isso. Até gosto que estejas sozinho.
        - Pois, já reparei nisso.
        - Não vim para me chatear. Vim na paz.
        - O que é que queres agora?
        - Vim pedir-te desculpa, embora que quem devia pedir eras tu.
David não queria acreditar no que tinha ouvido – O quê? – Retorquiu, ainda não acreditando – tens sido uma besta!
        - Yah, eu sei, não precisas de dizer. Mas por isso mesmo. Não quero que aceites as minhas desculpas, acredito que tenhas motivos para isso.
        - Até tenho.
        - Eu sei. Mas ao menos pedi desculpa. Eu sei que as desculpas não se pedem, evitam-se, mas acho que não vale a pena ficarmos chateados para toda a vida só por causa daquilo. Não te estou a pedir para sermos melhores amigos, mas sim para não estarmos chateados.
David demorara a responder – Sim, até tens razão. Eu aceito as tuas desculpas, mas não penses que por te ter desculpado confie mais em ti. – Concluiu finalmente.
        - É verão, que se lixem os problemas. Tranquilo.
Quando regressei da casa de banho apanho-os á conversa.
Nem quis acreditar, logo de seguida fui ter com eles, para saber as coisas ao pormenor.
        - Amor, eu e o David estamos finalmente em paz!
        - Estás a gozar?
        - Parece, mas não está. – comentou David.

        - Ah. Bem, que bom para vocês, então.
Nem quis acreditar. O meu espanto foi tanto que não soube dizer outra coisa. Não quis acreditar no que tinha acabado de ouvir, não podia ser verdade.
Mas por um lado é bom, assim já não há mais confusões.
        Finalmente paz!
O resto da noite correu bem. O João e a Leonor chegaram mais tarde que nós, mas estiveram sempre juntos a dançar. Eu e o Tiago também estivemos sempre a dançar e passado um bocado o David foi-se embora.
        Mais tarde, eu e o Tiago demos um beijo ( :$ ) perto da água e ele empurrou-me para a água! (com roupa)
Foi um momento embaraçoso e vergonhoso. Admito que corei. Mas foi com quem eu amo, por isso pouco me importei com os risos, as palmas e os comentários foleiros das pessoas.
        - És terrível! -  ri-me.
        - Já tinhas dito. – disse ele, continuado ainda a rir.
A festa finalizara assim.
O João foi de mota levar Leonor a casa e eu a pé novamente com o Tiago. Penso que o João estava um pouco bêbado, mas mesmo assim foi conduzir a mota e com muita velocidade, até que encontraram a polícia e não foi bom para ele.
        - Estacione aí ao lado – ordenou o polícia.
        - O que é o bófia quer? – murmurou João. Não se percebia muito bem o que ele estava a dizer, pois já tinha bebido um “pouco”.
        - Eu disse-te que não devias ter bebido tanto … - comentou Leonor. – Agora só espero que não apanhes nenhuma multa, meu menino.
        - Porra, isso é que não!
        - Os seus documentos, se faz favor – pediu o polícia – Venha soprar naquilo, só para quando eu mandar.
João fez tudo o que o polícia disse e realmente tinha bebido demasiado.
        - Vou ter que lhe passar uma multa. – declarou o polícia.
        - Sabe o que é, a minha casa é a 5 minutos daqui, vim de uma festa…
        - Compreendo, mas vou ter que lhe passar uma multa.
Que azar! João, por incrível que pareça, não conseguiu convencer o polícia e lá acabou por pagar a multa.
Agora em relação á festa já não há mais nada a dizer. Foi uma noite inesquecível.
Mas o que mais me surpreendeu foi como é que o Tiago e o David fizeram as pazes…!
        Falta pouco para ir de férias. Irei passar o meu aniversário em Lisboa e no dia a seguir vou logo para o Algarve com a Leonor, com o João e com o Tiago.
Mal posso esperar!

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Hoje estamos finalmente a 30 de Junho e faço finalmente 18 anos. É uma bela idade, de maturidade e finalmente completo o meu 18º aniversário.
        Neste dia tão especial, em que completo uma idade tão especial fui ver o filme “Eclipse”, da “ Saga Crepúsculo “ com o Tiago e á noite convidei o João e a Leonor para irmos jantar á Pizza Hut. Sem ser o meu 18º aniversário acho que não aconteceu mais nada de especial.
        Agora, tenho finalmente a certeza de quem eu amo. Ele completa-me.
        Já recuperei.
Isso para mim é a melhor prenda de anos de sempre. A coisa mais importante é ter saúde.
        Vou amanhã para o Algarve. O Tiago conseguiu alugar uma coisa, mas todos pagamos.
É impressionante como 18 anos passaram a correr, parece que ainda á pouco tempo entrei no infantário e agora estou no meu último ano …


 Capitulo 11Confissão

Olá Algarve!
Eu adoro o Algarve, adoro a praia, o mar, o som das gaivotas, as bolas de Berlim (sempre muito gulosa) e sem dúvida que o mar não se compara nada a Lisboa. É mais calmo.
Estamos nume vila (ou cidade, nem eu sei) muito sossegada e bonita. O Tiago convidou o David para vir connosco e ele convidou uma prima dele, chamada Tânia (ver informações dela a cima) para vir “tomar conta” de nós, pois nós somos mais novos, ela conduz e cozinha e o David disse que ela é muito responsável, tem 24 anos. Em relação ao David ter vindo não disse nada.
Para já, porque estamos de férias, as férias passam a correr e eu não quero chatices, mas não entendo (e nem dá para entender) o motivo desta loucura do Tiago, nem o estou a reconhecer! Ele foi das pessoas que fez mais mal ao David e que mais o gozou e criticou e agora faz isso…
        Há novidades do João, relativamente ao bullying: ele tem recebido novas ameaças de Deizy, Edilson e Nuno e são piores doque antes, a coisa está a ficar muito feia.
        - Esses tipos mereciam ser presos! – Disse Leonor.
        - Não ia fazer nada, eles continuavam na mesma.
        - Pois, mas ao menos ias ter paz! Eu vou denunciá-los, o meu tio é polícia. Quero que fiques bem, preocupo-me muito e mesmo a sério contigo. O que eles te fazem é horrível e fazem-te isso á bastante tempo.
A denúncia foi feita pela Leonor e agora esperam-se os resultados. Serão realmente presos? Oxalá que sim, eles merecem pagar por tudo o que fizeram, deviam ficar a vida toda na prisão! Mas a polícia vai ter que averiguar isto muito bem, é possível que o caso vá para tribunal e eles podem (ou não) ir presos.
        A Tânia é fixe, gosto dela.
É super responsável, simpática e divertida!
Mas continuo a achar estranho o David estar cá connosco. O Tiago apenas me disse que já que (finalmente) tinham feito as pazes ao menos convidava-o para ir passar férias e que estava arrependido pelo o que tinha feito durante este tempo todo e que achou que fosse correto convidá-lo, para compensar as coisas.

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Hoje foi um novo dia, passado na praia. Como costume, eu levo uma eternidade a entrar na água (ainda demoro mais que a Leonor) e fico sempre para trás a “aquecer”.
        - Anda lá! – Gritou Tiago, atirando-me água com os pés e com as mãos- a água ‘tá ótima.
        - Parvo! – Gritei eu, quando a água gelada me veio parar aos ossos. De seguida fui ter com eles e molhei-me. Estava toda arrepiada – ESTÁ GELADA!
        - Claro que achas isso – Troçou David, rindo.
        - Não lhes ligues, Anna. Também gozaram comigo- declarou Leonor.
        - Não percebo… Vocês têm sangue frio ou algo típico em todos os rapazes na adolescência? – Continuei eu, frustrada.
        - Cala-te e molha-te! – Gozou Tiago, atirando-me novamente água.
        - Não preciso, já me molhas-te, idiota! – Disse-lhe eu, atirando-lhe água, para retribuir.
        - Apetece-me uma Bola de Berlim.
        - Só pensas em comida, tu!
        - Há pessoas que dizem muitas vezes que precisam de emagrecer, mas no meu caso é o contrário, preciso de engordar.- Retorquiu, na forma de indireta.
Quando saímos da água fria do mar, saímos de mão dada e muitas pessoas se puseram a olhar para nós porque somos os dois magros (mas a magreza de ambos é de motivos bem diferentes) e alguns sussurros do género: “olha só para aqueles braços e para aquelas pernas”; “eles são tão magros que até faz impressão”; “aquele rapaz é mesmo lindo, mas nem músculos tem” e muitos outros comentários desse tipo.
Mas afinal, oque importam realmente as opiniões das pessoas? Nada. Oque importa verdadeiramente é o sentimento que os dois sentimos um pelo o outro, o amor que temos um pelo o outro.

        Nestes últimos meses, houveram grandes mudanças, como por exemplo o sentimento que antes sentia por Tiago deixou de ser o mesmo e a cada dia que passa, tenho cada vez mais a certeza que o amo e cada vez mais tenho a certeza que este namoro irá durar muito mais doque o tempo que namorei com o David, pois acho que ambos estamos a ser sinceros um com o outro. Para começar, eu e o Tiago temos confiança um no outro, oque é o mais importante, sei que ele não vai fazer o que o David me fez, pois são os dois muito diferentes e eu tenho fé nisso. O Tiago completa-me, faz agora parte da minha vida. Amo-o MUITO,MUITO mesmo, ele é quem eu amo mesmo (a seguir aos meus pais, como é evidente) e neste momento acho que as coisas sem ele já não fariam sentido, já não seriam as mesmas.
Eu amo o magricela mais fofo do Mundo! (sim, eu sei que esta frase pode não ter feito muito sentido, mas agora já não sei oque escrever mais sobre a minha felicidade ao lado dele)
        - Ainda bem que te sentes feliz ao lado do Tiago. – Aventurou-se David.
Desta é que não estava á espera! O que lhe deu?
        - Sinto mesmo.
        - Sabes, admito que te acho mais feliz ao lado dele do que quando foi comigo. – Confessou ele.
        - E por acaso até estou…
        - Eu sei que o nosso final foi um mal-entendido e que agora até poderíamos estar juntos e felizes também, mas não te vou pedir para voltares para mim, sei que não ias acreditar, eu também já não sinto o mesmo que sentia por ti antigamente, já não me sinto apaixonado por ti, já não sinto o mesmo. Vim apenas pedir-te para sermos apenas amigos.
Entretanto, Tiago aparecera de repente- só amigos, ok? Vê lá o que fazes.
        - Calma aí, puto. Só quero paz e não, não te vou roubar a tua miúda porque já não há mais nada entre nós. Então, ficamos todos amigos?
        - Sim, não faz sentido estarmos todos chateados se vamos estar todos juntos na mesma casa até 30 de agosto. É verão, por isso que se lixem agora os problemas do passado! Bora divertimo-nos e esquecer tudo! – Esclareci eu.
Não me estava a conhecer a mim própria, mal tivera acabado de dizer aquela frase, pois talvez tenha sido a frase mais estúpida vinda de mim mas por um lado também quero paz de uma vez por todas.

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        - Leonor, preciso de falar contigo. – Pediu João.
        - Diz, amor.
        - Não é uma cena fácil… – Começou ele, ficando nervoso demais para o habitual.
        - É sobre aqueles parvalhões? Não te preocupes, eles finalmente tiveram o castigo que merecem! Sim, foram finalmente presos! Não é uma ótima notícia? – Disse, sorrindo e de seguida dando-lhe um beijo, mas João não reagira, oque deixara Leonor confusa. – Oque se passa? Estás bem? Não gostaste da notícia?
        - Claro, eu fiquei contente, mas não era disso que queria falar contigo. É sobre nós…
        - Como assim?
        - Não sei como te dizer isto.
        - Diz já. – Implorou ela, ficando nervosa também.
        - Leonor, eu… sou homossexual…
Leonor tentou conter as lágrimas (esforçou-se imenso) – Homossexual?
        - Sim.
        - Mas tens a certeza disso? É que muitas vezes pode ser apenas uma confusão de sentimentos.
        - Cada vez tenho mais a certeza disso. E acho que era melhor…
        - Acabarmos? – Interrompeu, não deixando João terminar a frase. – Ok, não digas mais nada, então. Mas se o és porque namoraste comigo?
        - Porque eu neguei isso a mim próprio, fiz confusão entre amor e amizade, queria ser um rapaz normal, eu também não aceitei isso ao início embora pensasse ser bissexual.
        - Porque nunca disseste isto? Eu ia aceitar. Sofreste de bullying por isto, não foi?
        - Por medo e insegurança de mim, achei que não aceitasses e sim foi por isso.
        - Não precisavas de ter, assim não me mentias! Estava mesmo caidinha por ti. Bem, se já acabaste, xau.
        - Espera! Podemos ser amigos?
        - ADEUS. Preciso de estar sozinha.
João deu-lhe abraço, mas não deu porque Leonor se afastou- Não me abraces, por favor, não sou um rapaz! – E dito isto, lágrimas nos seus olhos começaram a escorrer.
Todavia, ele ficou a olhar para Leonor, sem nada a dizer, não acreditando do que tinha acabado de ouvir.
        - Desculpa, João. – Disse Leonor, voltando ao seu estado normal, voltando a ter calma, respirando fundo e limpando as lágrimas – não foi isso que quis dizer. És a primeira pessoa que conheço que é homossexual.
        - Entendi.
        - Foste meu namorado, namorámos ainda uns bons meses e agora dizes-me isto, ainda não estou preparada.
        - Mas eu não te podia mentir mais, tenho mesmo a certeza que sou gay.
        - Tens noção que se assumires perante toda a gente, muitas pessoas vão insultar-te e gozar-te disso, tens noção?
        - Tenho. Já não me importo com isso, sou finalmente forte. Quando pensei que fosse bissexual perdi muita gente e agora que tenho a certeza que sou gay, não quero perder mais gente e tu és uma delas, Leonor. Não te quero perder. Foste a minha primeira, única e talvez ultima namorada. Não te quero perder, por favor!
        - Eu respeito-te com todas as minhas forças. Mas já não sei oque dizer mais…
        - Amigos?
Leonor sorriu, mas talvez tenha não tenha sido com muito impulso, do qual enorme foi o choque que apanhara.
        - Amigos.
        - Posso dar-te um abraço? – Perguntou João, aproximando-se dela e dando-lhe um abraço bem forte.
João deitou uma lágrima do olho, sem que Leonor tivesse reparado. Estava a chorar.
        - És uma miúda bem fixe. Mereces tudo de bom, mereces alguém melhor e irás encontrar essa pessoa. Obrigado por tudo, por tudo mesmo.
        - Não tens nada que agradecer, eu não fiz nada de mais.
João sorriu.
Leonor largou-o.
        - E…Já agora gostas de algum rapaz? Como se chama? Tem que idade? De onde é? Como ele é?
        - Renato, 19 anos, Faro, é moreno, tem piercing’s e é lindo. Mas acho que só o acho giro. Mais alguma pergunta?
        - Por acaso sim, se não te importares.
        - Chuta aí.
        - Não jogo futebol. – Brincou ela – Então, primeira pergunta: os teus pais sabem que és homossexual? Se sim, qual a reação deles?
João ficou sério.
        - Sabem. Foi uma deceção para eles, eu tinha dito a um rapaz da minha antiga turma que gostava dele e isso foi bué falado na turma, até que a diretora de turma chegou a saber e foi falar com os meus pais e eles foram logo falar comigo e eu fiquei mesmo nervoso, neguei-lhes e menti, mas não serviu muito. Até que admiti, disse que era bissexual, mas pronto. A minha mãe começou a chorar e eles começaram a dizer que sou uma vergonha e um miúdo que não sabe o que é amar. E tinham vergonha de serem meus pais. Foi um dos piores dias de sempre, nesse dia cortei-me e quase me ia matando a mim próprio e disto surgiu o bullying. Os meus pais estiveram para aí um dia sem me falar, sem ser aquilo do “vem jantar/almoçar, a comida está na mesa. “, Já não me apoiavam em nada, até que passados uns dias eu fui falar com eles e tivemos uma conversa muito longa e acabámos por nos entendermos. Mas sei que não me apoiam totalmente, as coisas já não são como eram antes mas mesmo assim tenho mais o apoio da minha mãe do que do meu pai, mas sei que posso contar com eles para sempre!
        - Desculpa ter perguntado…
        - Tranquilo.
        - E vais contar á Anna, ao David e ao Tiago?
        - Ainda não sei.
        - Acho que devias contar… Mas já agora peço-te novamente desculpa pelo que te disse á bocado, fui horrível e eu não sou assim, eu respeito as pessoas como elas são.
        - Obrigado. E a Deizy, o Nuno e o Edilson foram mesmo presos?
        - O meu tio disse que os colegas não precisaram de pensar muito no caso, eles foram presos e vão ficar por muito tempo.
        - Não sei o que dizer.
        - Tu mereces.
A notícia do João foi rapidamente “descoberta”, ele assumiu também nas redes sociais, como no ask.fm em que recebeu vários insultos, em que a maioria estava em anónimo, mas ele mandou-os ir dar uma volta e de facto notava-se que não o afetavam; no Facebook meteu numa relação com esse tal Renato que é bissexual, muitas pessoas perguntaram se é bissexual, desejando-lhes felicidades (embora de não namorarem, isto foi apenas uma forma de ambos assumirem as suas orientações sexuais), todavia também disseram que era um desperdício, o João ser um rapaz tão giro, porém homossexual.
Por muito que eu também ache isso, não posso fazer nada.
Para já, a vida é dele e não se deve ter preconceito com a orientação sexual de cada pessoa (caso for diferente) e disto pode também surgir bullying e a descriminação, pois não aceitam as pessoas como elas são. O que importa realmente é o sentimento, não importa se é do mesmo sexo, de outra raça, se anda mal ou bem vestido, se é pobre ou se tem uma religião diferente. Não importa nada. O que importa é o que uma pessoa sente pela outra, ignorando as críticas dos preconceituosos. Se as outras pessoas não gostam de bullying, que não o façam, pois ainda se podem vir a arrepender bastante do erro que fizeram e o bullying e o preconceito são coisas horríveis, são coisas que a meu ver nem deviam existir, todos se deviam aceitar. Mas infelizmente a sociedade em que vivemos é assim mesmo.
        Eu irei continuar na mesma a ser amiga do João, pois ser homossexual não é uma doença. Ele continua a ser um rapaz bem querido e fix
e, por isso não acho correto deixar de ser amiga dele. Afinal, ele é um rapaz normal, como todos os outros, tem sentimentos e a homossexualidade não deve ser vista como uma doença, mas sim como algo normal, porque todos nós nos apaixonamos. Correto?

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Já se passaram alguns dias desde a confissão do João.
        Ultimamente o David e a Leonor têm andado muito próximos, mas eu não me importo, até porque também eles já se conhecem há muitos anos.
As coisas entre todos estão muito bem. Estamos (finalmente todos) em paz uns com os outros!
        - O João é mesmo gay? Não é nenhuma brincadeira? – Perguntou David para Leonor.
        - Sim, ele é mesmo.
        - Mas ele namora com esse tal Renato?
        - Não propriamente. O João disse que o acha muito giro, mas foi apenas uma forma de ele se assumir homossexual e o Renato bissexual, mas penso que até gostam um do outro. Estou a tentar esquecê-lo, quero mesmo que ele seja feliz com que ele ama realmente, tenho de me mentalizar disso. – Leonor encheu-se de coragem – Posso-te perguntar uma coisa?
        - Á vontade.
        - Tu traíste mesmo a Anna?
        - Não me apetece muito falar disto, mas ok. Então, isto tudo começou num sábado á noite, em que eu conheci a Soraia, ela pareceu-me fixe e combinámos os dois para sair, mas apenas como amigos, não havia nada entre nós. Saímos á tarde, fomos ao parque, mas acabámos por beber de mais, até que sem ter noção beijei-a e foi quando a Anna viu. Até agora só não lhe contei porque tenho vergonha e porque ela não ia acreditar em mim. Quando ela começou a namorar com o Tiago senti-me o maior otário do Mundo em não lhe ter contado e poderíamos estar ainda hoje juntos e felizes, mas ela estava e está apaixonada por ele, até que desisti dela e esqueci-a. Nunca mais vi a Soraia. Leonor, isto pode ficar apenas entre nós?
        - Claro, confia em mim, conhecemo-nos há séculos e a minha boca ainda continua a ser um túmulo.
        - Estou a tentar recuperar a amizade dela, sei que não vai ser mais oque era, mas estou a tentar ser amigo dela, pelo menos temos de ficar amigos, não quero arranjar problemas com ninguém e já fiz o suficiente.
        - Acho que devias tentar dizer-lhe. Ela pode não acreditar, porque muito sinceramente acho que o Tiago irá meter coisas na cabeça dela, mas pelo menos ela ficava informada.
        - Mas também é por isso. Esse gajo também já me fez porcaria suficiente e a Anna ia contar-lhe e ele acabava por lhe dizer cenas e o que eu quero é paz!
        - Nisso concordo contigo.
        - Agora percebes? Acho melhor não lhe contar por esses motivos. E já agora, obrigado, és uma grande amiga.
        - Conhecemo-nos desde o quarto ano, eu é que sou chata. E estarei aqui sempre para te ajudar, também és um bom amigo.
        Ele fez um sorriso maroto.
        - Não faz mal, eu curto chatas.
        - Eheheheheheheh, que engraçado – Disse ela, ao início com um tom e uma risada irónica, mas que depois se transformara numa gargalhada sincera. Ambos se riram.
        - És a pessoa que me conhece melhor. És fixe.
        - Já te considero um irmão para mim.
        - E eu também já te considero uma irmã.
E naquele momento, a amizade entre David e Leonor estava cada vez maior, a aumentar cada vez mais.

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Hoje á noite, a Leonor e o João saíram e foram a um café/bar. Leonor pensara que esta fosse uma forma de voltarem a namorar, mas isso foi impossível, foi apenas uma saída de amigos.
Estavam os dois calados, até que Leonor sugeriu:
        - Bem, que achas de falar com alguém, conhecer gente nova?
João concordou e olharam bastante para várias pessoas, tentando procurar “pessoas de jeito”, esperaram montes de tempo até que mais tarde entrou um grupo de jovens para o bar.
Conheceram a Marta, a Beatriz (são irmãs), o Mateus e o Miguel. Marta, mal viu o João, pareceu ter algum interesse por ele, mas este quando viu Mateus começou logo a trocar olhares com eles.
        - Eu sou a Marta – Apresentou-se ela.
        - Chamo-me Beatriz, sou a irmã mais velha da Marta.
        - Sou o Miguel, sou amigo delas.
        - O meu nome é Mateus, também sou amigo delas e dele. – Apresentou-se, rindo na última parte. – Prazer em conhecer-vos.
        - O prazer é meu – Respondeu João, com um sorriso.
        - Leonor e João, vocês são namorados? – Perguntou Marta, curiosa, querendo saber a resposta á pergunta.
        - Não. – Respondeu ela, com uma vontade enorme de ter dito “ agora já não somos, mas já fomos “.
        - Somos amigos – Continuou João – Mas porque perguntas?
        - Por nada…
        - E vocês são de Lisboa? – Interrogou Mateus.
        - Óbvio! – Respondeu João – Como é que adivinhaste?
        - Nós somos da Margem Sul – Continuou Beatriz – E vocês?
        - Não somos da Margem Sul, mas sim da outra parte de Lisboa. Viemos passar férias aqui ao Algarve com uns amigos. – Declarou Leonor.
        - Nós também, só que viemos só nós os quatro. – Prosseguiu Miguel.
        - Comigo e com o João somos seis.
        - Tantos… - Comentou Mateus, num tom de voz tão baixo que mal se ouvia.
        - Acho que vou comprar uma bebida, desculpem lá. Alguém quer vir? – Convidou João.
        - Claro que vou. – Respondeu Mateus.
        - Eu também quero. – Disse Marta.      
        - Acho que a nós não nos apetece muito – Disse Beatriz – Vamos sentarmo-nos numa mesa, que acham? Assim conversamos mais.
Todos concordaram e João, Mateus e Marta foram para o balcão das bebidas. Mateus e João beberam cerveja, enquanto Marta bebeu uma coca-cola.
        - NÃO ABUSES, MENINO JOÃO! – Gritou Leonor.
        - Agora és a minha mãe? Que histérica, não ‘tás em casa.
        - ‘Tás é a ficar com a bebedeira. – Disse Mateus, rindo.
        - Dizes isso porque não a conheces bem.
        - Mas se ela te disse isso foi porque já deve ter acontecido e porque ela quero teu bem. – Disse Marta, rindo-se também.
        - Quantas vezes…
        - A sério?! És cá dos meus! Todos os verões tenho que ficar bêbado.
Marta interrompeu a conversa deles, tossindo – E que contas mais, João? Que idade tens?
        - A caminho dos 20. E vocês?
        - Pareces mais novo, tenho dezoito. – Respondeu Mateus.
      - Eu tenho dezassete – Concluiu ela, notando também que os dois rapazes não estavam a dar muita atenção, por isso foi desistindo a pouco e pouco. – Bem, rapazes, eu vou ter com a Bia, com o Miguel e com a Leonor. Vocês ficam?
Ambos responderam com a cabeça dizendo que sim e esta lá foi ter com eles, pensando que a resposta á pergunta que tinha colocado era óbvia, já estava a calcular que lhe respondessem que sim. Marta foi ter á mesa onde os novos amigos estavam, deixando Mateus e João a conversar. Pelos vistos, a conversa deles estava animada e estes dois trocaram o número de telemóvel, e-mail e Facebook.
Marta continuara a olhar para João, mas este não lhe deu muita atenção e nem reparara na rapariga, pois estava a falar com Mateus. E que entretidos que eles estavam!
Será que Marta estava a começar a gostar de João?
E o João? Será que ele também estava a começar a gostar de Mateus?
Será que Mateus é homossexual ou bissexual e também se estaria a apaixonar por João?

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        - Marta, ontem á noite notei que olhavas muito para o João, mas olhavas para ele de forma diferente, falavas-lhe de forma diferente… Estás a começar a gostar dele? – Perguntou Beatriz á irmã mais nova, num tom sério.
         - Não sei do que falas. – Retorquiu.
         - Não sou burra – Balbuciou a irmã mais velha – Sê sincera.
         - Achei-o fixe.
         - Só fixe? – Duvidou Beatriz.
         - Pronto, não…Achei-o lindo.      
        - Sim, é bonito. Mas eu vou te ser sincera, ele não te ligou muito, só ligava ao Mateus e na minha opinião ele pareceu ter um estilo apaneleirado. Não é a julgar, mas desconfio que seja gay.
        - Basta! Não digas o que não sabes.
        - Foi a primeira impressão que tive dele, não disse que é. Eu já gostei de um rapaz gay, por isso sei o que é. És minha irmã mais nova, não quero que cometas os mesmos erros que eu, só quero o melhor para ti.
        - Não sei… Vou ver se descubro.  
        - Não sejas chata com o rapaz – Aconselhou ela.
        - Não sei, não mando no coração de ninguém. Mas se o João for mesmo gay tens que respeitar e aceitar isso, porque ele continuará a ser um rapaz como todos os outros, com sentimentos.
        - Se calhar não é… Seria um desperdício um rapaz tão giro ser gay.
        - Pois é, mas as aparências iludem e vocês mal se conhecem. Se eu fosse a ti tinha mais atenção.
        - Está bem, mãe. – Retorquiu Marta.    
        - Sou tua irmã mais velha, digo isto para teu bem, porque não queres que fiques mal se for um amor impossível, não correspondido, Eu sei o que é gostar de um rapaz de orientação sexual diferente, mas o João pareceu-se ser, embora não esteja a dizer que seja, porque eu não gosto de julgar as pessoas pelas aparências. Mas não sei, pareceu ser, também me posso enganar! Mas vais ter que ser tu a descobrir isso, e para o saberes vais ter que ter mais atenção.
        - Por um lado tens razão. Mas duvido que seja, porque ele é mesmo giro. Mas vou ter alguma atenção.
        - Acho que é o que deves fazer. Porém não estou a dizer que seja realmente, mas parece eu pouco me engano.


                         « »


Marta tem andado com mais atenção, mas pouco descobriu. Enquanto isso, João tem andado cada vez mais próximo de Mateus e o mesmo está a acontecer com a Leonor. David e Miguel.
E eu?
Bem, eu estou cada vez mais apaixonada! Cada vez o amo mais. Hoje á noite vamos sair, só nós os dois e disse que o sítio será surpresa.
 Apesar de (por vezes :D ) ter o feitio que tem, cada vez o amo mais, mais e muito mais e isso é uma das coisas que o torna muito especial.
O amor é lindo!
                                           «»
Decidi levar um vestido cor-de-rosa que o meu pai me ofereceu no meu décimo oitavo aniversário e apanhei o cabelo com alguns ganchos. O Tiago levou as suas Vans pretas, com umas calças pretas, um blazer preto e por dentro uma camisola cinzenta.
        - Credo, parece que vão para alguma cerimónia! – Comentou Tânia, a prima do David, rindo-se.
        - Realmente. O Tiago disse-me que temos de “ir bem vestidos”, não percebo porquê e nem sei ainda onde vamos.
        - Hmmm, cheira-me a uma surpresa agradável. Vais ver que ainda pode ser uma grade noite e de certeza que irá ser única. – Sorriu ela.
        Uns minutos depois, lá saímos de casa.
De repente, dei de caras com uma mota mesmo á porta de casa e aí fiquei totalmente confusa. Pelos vistos, íamos sair de mota e supostamente ele ia conduzir.
        - Do Miguel – Disse ele, metendo um capacete, oferecendo-me um que seria colocado na minha cabeça e subindo para cima da mota.
        - Onde vamos, pelos vistos de mota? – Continuei a perguntar, metendo o capacete na cabeça.
        - Xiu, não faças tantas perguntas. Vens ou não?
Subi para mota, e depois agarrei-me a ele.
        - Ao menos sabes conduzir?
        - Não há-de ser difícil – Disse, rindo, enquanto ligava a mota.
        - És completamente doido. – Ri-me também.
        - Doido por ti e tu nem imaginas o quanto. – Balbuciou ele, num tom fofo e carinhoso.
Agarrei-me a ele e de seguida arrancou a mota, em alta velocidade pela estrada fora, pela serra abaixo.
Apesar da velocidade (e ter ficado completamente zonza) foi uma viagem muito agradável ao fresco da noite, e esta ainda era uma criança.
Jantamos num restaurante perto da praia com vista para o mar. Tenho quase a certeza que foi mesmo caro, eu quis ajudá-lo a pagar, mas sabem como ele é… Pior que uma mula!
Quando acabámos de jantar fomos imediatamente para a praia e resolvemos sentarmo-nos na areia.
        - Anna – Começou ele – eu amo-te e o sentimento que sinto por ti é cada vez maior. Amo-te a sério e acho que este foi o namoro mais sincero e verdadeiro que já alguma vez tive. Sem ti, a minha vida já não seria a mesma. Não te quero perder nunca. Cada vez te amo mais e não quero que saias da minha vida. A minha vida és tu. Por isso, quero te perguntar uma coisa. Prometes responder sim ou não?
        - O quê? – Perguntei, começando a ficar nervosa.
Ele sorriu, fez um sorriso de orelha a orelha.
        - Anna, aceitas casar comigo, mulher da minha vida?
Eu fiquei sem palavras e foi de facto uma surpresa, uma noite única e inesquecível, tal como Tânia me tinha dito antes de sair de casa. Fiquei nervosa e sem saber o que fazer pus-me a olhar para ele feita parva.
        - És completamente doido…
        - Yah, já tinhas dito. Sou completamente doido por ti.
        - Meu Deus. Ainda não sei oque te dizer, não estava á espera, apanhaste-me de surpresa.
        - Era para responderes só sim ou não. Não compliques…
    - Claro que sim! Só não estava à espera, só isso... E como vamos convencer os nossos pais? Não há-de ser fácil.
        - Sabes que eu sou bom a dar a volta às pessoas e se eu quero uma coisa, tenho de a ter. Ou então casávamos pelo civil às escondidas...
          - Hm, acho que não é boa ideia e além disso, eles acabariam por descobrir e isso é muita rebeldia para a minha pessoa! E casamento pela igreja é diferente... - depois de alguns minutos calados e de ter pensado algo , resolvi dizer - Que achas de fazer tipo uma reunião? Juntávamos os nossos pais e dizíamos!
        - Boa ideia! Os teus pais e o teu irmão iam almoçar a minha casa. A minha mãe vai deixar, sou ótimo a convencê-la, por isso vai vos deixar almoçar na minha casa.
         - Só espero que nos deixem. Quero mesmo casar contigo.
        - Quero ser a teu lado, viver contigo...
         - Mas a mim parece-me que só vamos falar com os nossos pais quando regressarmos a Lisboa...
O resto da noite correu bem.
Regressámos a casa bem tarde. Esta foi a melhor noite da minha vida!! Estou disposta  a casar com ele, amo-o muito, muito mesmo. Gostaria de criar uma família com ele. O meu amor por ele??? É infinito!!!!!!!   Este amor é verdadeiro, mas o que mais me preocupa é a reação dos nossos pais...


«»  «»

Desde que as férias começaram tenho contado muito menos coisas do que no tempo das aulas.
Pode não parecer, mas o tempo passa num instante e já estamos no mês de agosto e o próximo mês é setembro o mês das aulas e fico triste só de pensar nisto.
Há poucas coisas para falar.
João e Mateus têm andado cada vez mais juntos, mas Marta não tem gostado muito disso.
Ontem à noite, ela convidou-o para sair e ele aceitou o convite. Foram a um bar (quase discoteca), mas porém João sentira-se pouco à vontade, mas disfarçara.
         - Posso-te fazer uma pergunta?  - perguntara Marta com delicadeza.
         - Claro. Diz.
         - Como vai a tua vida amorosa??
         - Porque perguntas?
         - Vou ser mais explicita: Tens namorada? Sim ou Não ?
         - Não
         - O que mais gostas numa rapariga?
         - A personalidade.
         - A Leonor é bonita e tem uma excelente personalidade. Porque acabaram?
         - Não vou responder a isso. Primeiro porque mal te conheço e segundo porque não te interessa. Eu e a Leonor acabámos, tivemos os nossos motivos e tu não tens nada a ver com isso.
         - Desculpa.  - assentiu Marta - tens razão. Eu sei que mal nos conhecemos..... Mudando de assunto, tu e o Mateus são muito amigos.
João sorriu - yah, ele é mesmo fixe!!
Marta ficou pensativa durante alguns instantes. - Posso desabafar uma coisa?
              - Sim, estás à vontade.
              - Bem, nem sei por onde começar....Sofri de bulliyng do  primeiro ao sétimo ano.
             - "O que é que eu tenho a ver com isso? Porque estás a dizer isso agora?" - pensou João, mas contudo não ficou insensível ao assunto. - Fogo que cena, mas porquê?
Naquele momento Marta parecia atrapalhada - Sei lá, mas batiam-me.
João ficou confuso, desconfiado. - Batiam-te e não sabias porquê?? Batiam-te sem motivo?
              - Namorei com um rapaz, quer dizer gostei de um rapaz e ele disse que gostava de mim, mas depois ele gozou comigo...
João ficara ainda mais confuso. - Batiam-te por isso?   
              - Não, o rapaz morava no Algarve, acho eu.
              - Por vezes não são só os rapazes que fazem isso, as raparigas também, mas não devias chorar por um otário vais ver que irás encontrar bem melhor que esse atrasado. Vais acabar por encontrar o tal que te irá fazer verdadeiramente feliz. É provável que não seja assim tão cedo, nunca te irás esquecer dele, mas irás deixar de pensar nele assim.
              - Oh, que querido!! Já alguma vez passaste por isso??
              - Mais ou menos, mas isso não respondeu à minha pergunta.
              - Hã???
              - Eu perguntei-te porque te batiam. Se é que se possa saber.
              - Não sei... Também não sou bonita.
              - Não digas isso.
              - É verdade, eu até sou bem feinha.
              - Não digas isso, ninguém é feio.
              - Então eu sou ninguém, já que ninguém é feio.
              - Que frase tão confusa!! ('-')
              - Sou feia.
              - Não acho..Não és feia.
              - Pronto, sou pouco bonita.
João ficara confuso e desconfiado, mas também não tinha nada para afirmar que fosse mentira. O bulliyng é um assunto sério, mas João não acreditou muito na Marta. Aliás, ela mudava sempre de assunto e não lhe respondia ás perguntas que tinha feito. Passaram a noite quase toda a falar disto e o coitado do João a suportá-la.
             - Obrigada. És um querido!
             - Obrigado. - disse João , dando um suspiro de alívio.
             - Sempre que precisares, também podes desabafar comigo.
             - Tu também podes desabafar comigo.
             - Que fofo!!!
             - Igualmente!
Marta fez um sorriso enorme e João, para não ser ingrato e mal educado retribuiu o sorriso, mas com pouca vontade.
A noite de João foi tipo "tortura" a ouvir histórias que nem sequer sabia se eram verdade ou não, só que duvidava que essas histórias fossem verídicas.


««  »»

Mateus tem andado estranho e isso tem deixado João preocupado, por isso,João decidiu falar com ele.
              - O que se passa? Tens andado estranho comigo.
              - Tu também tens. E a Marta também.
              - Agora não entendi o que quiseste dizer com "E a Marta também"
Mateus mudou o tom - Eu já sei que vocês saíram, não te faças de burro.
             - Sim, saí. O que é que isso tem? Ela convidou-me e a miúda é uma chata do caraças!
              - É sinal que miúdas te curtem.
              - Pois não sei.
              - Podias ter-me avisado.
              - E é só por isso que agora estás assim? Estás preocupado, é isso? - atalhou João, tentando não sorrir, por mais difícil que fosse - A miúda até me pode "curtir", mas isso não significa que eu goste dela. Bem, eu também nunca disse que gostava de alguma rapariga...
              - Não estou preocupado, só que...
João de repente, sentiu necessidade de o beijar, interrompeu-o   - Shiu, só que nada.
Mateus, prolongou  - Tu és...
João interrompeu-o novamente - Gay? SIM, SOU.
             - Já alguns rapazes me fizeram o mesmo só que só a gozar. E eu também sou.
              - Mas eu não estou a gozar! Era incapaz de fazer isso e tu... Deixas-me diferente...
              - A Marta é que não vai gostar. - Brincou Mateus
             - Mas eu quero que a Marta se vá lixar OK?!
              - Eu também era incapaz de gozar contigo. Também me deixas diferente, deixas-me especial e isso cada vez é maior.
            - Eu amo-te, Mateus,a sério.
           - Também te amo, João, a sério.
Beijaram-se novamente. Isto é um início. Mas não é um início qualquer. Este é um novo início na vida destes rapazes, que se amam.  



 Capitulo 12 – Acontecimento Inesperado


O comportamento de Marta é realmente estranho. Continua a dizer coisas para o João e ele anda cada vez mais desconfiado e cada vez mais com vontade de falar com Beatriz. Essa é a única pessoa que lhe sabe dizer  se tudo o que a sua irmã diz é verdade. Mas como? Beatriz raramenteestá no facebook e não tem o número dela.
João teve uma ideia: pedir o número a Mateus. Era isso!!! Então, João explicou tudo a Mateus e pediu o número. Mateus compreendeu a situação e por grande sorte ele tinha o número e deu-lho.
Ele decidiu ligar-lhe, achou, que fosse melhor.
                 - Tou?!
                 - Quem fala?
                 - Sou o João. E tu és a Beatriz, certo?
                 - Olá, João! - cumprimentou ela - estava prestes a rejeitar a chamada, mas depois pensei que talvez fosse algo importante, como não tinha o teu número... Já agora, como o arranjaste?
                - Isso agora não interessa. Por acaso até tenho uma coisa importante para te perguntar.
                - O que é ? Aconteceu alguma coisa??
                - É sobre a tua irmã...
                - Diz já...
                -É verdade que a Marta já sofreu bullying? - perguntou João, num tom muito sério.
Beatriz desatou a rir - A Marta? Sofrer de bullying? - continuou a rir.
                - Já percebi que não...
                - Essa meteu piada, a sério!!
                - Só queria saber, se era verdade, mas já deu para ver que não é.
                - Não é mesmo. Conhecendo bem a minha irmã, ela nunca deixou que lhe fizessem esse tipos de coisas.
                - Pois, eu sempre desconfiei, mas não tinha provas. Ela disse-me que já sofreu de bullying, está sempre a dizer que é feia,que lhe batiam. Eu quando queria tentar saber, ela mudava de assunto, fazia-se de desentendida ou dizia cenas do tipo "não sei".
                - Pois, a minha irmã sempre adorou fazer-se de vítima e ser o centro das atenções quando gosta de alguém.
                - 'Tas a dizer que ela gosta de mim??!
                - Estou. E conhecendo bem a minha irmã, sei que ela te tem estado a mentir porque gosta de  ti. Como ela é sei eu!!
                 - Mas eu não gosto dela dessa maneira.
                 - Já reparei. Devias falar com ela sobre isso.
                 - Vou fazê-lo, obrigado.
                 - Obrigada tu por me teres feito rir! - e desligou rindo
Naquele momento o que João mais queria era confrontar Marta o mais depressa possível, queria desmascará-la. Por isso ele combinou para se encontrar com Marta e esta ficou surpresa e felissíssima por o seu amado a ter convidado para sair. Nem queria acreditar!!!

                            « »


    O tempo passara depressa. Fazia umas horas em que João tivera convidado Marta para sair e chegara por fim esse momento. Decidiram ir a um jardim público e sentaram-se num banco cujo estava virado para uma fonte. O jardim era agradável e Marta começou a achar coisas que queria que acontecessem.
                   - Marta, preciso que me contes tudo.
Marta ficou confusa - Como assim? Estás a falar de quê?
                  - Disso de teres sofrido de bullying. Eu passei pelo mesmo, mas queria saber melhor a que propósito te faziam isso.
Marta ficara algum tempo a olhar para a relva do jardim, demorando, assim, a responder, todavia João entendeu isso. - Porquê isso agora? Já passou, faz parte do passado.
                 - Porque sou teu amigo e gostava de te ajudar. Vá, desta vez não aceito um "sei lá" como resposta. Conta-me tudo. - pediu João, fingindo que não sabia que ela estava a mentir.
                   - Batiam-me, gozavam comigo. Era muito descriminada.
João franziu a sobrancelha - Mas porque motivo?
                   - Porque era gordinha... Mesmo gorda, uma baleia.
João tentou não rir. Fez um grande esforço mas lá conseguiu - Bem... É...Realmente mau... Mas eu posso ajudar. Por exemplo, posso fazer denuncia á polícia e vou mesmo fazer isso.
Marta sobressaltou-se um pouco - Oquê? Mas porquê?
                          - Porque passei pelo mesmo que tu e a Leonor fez denuncia ao tio dela, que é polícia. E os tipos que me faziam isso foram presos. Acho que essas pessoas até costumam ir presas.
                  - Sim, mas  acho que só ias armar mais confusão...
                  - Só por ajudar uma amiga? - João fez uma breve gargalhada - Eu não tenho medo do que possa acontecer. Não tenho medo dessas pessoas. Se for preciso quem lhes faz o bullying sou eu.
                - Não quero que te metas em confusão por minha causa. Mas foste um querido!
                 - Nada disso.
               - Essa história foi realmente interessante, mas agora quero que me digas a verdade.
Marta fingiu como se João não soubesse do que estava a falar - Como assim?
João sorriu e não conseguiu conter mais por isso começou a rir na cara dela.
                - Isto realmente mete piada quando se sabe a verdade toda!
                - Como assim? O que queres dizer com isso?
                - Quero dizer que sei que isto tudo é uma farsa. Sei que mentiste, eu não sou estúpido porque não soubeste mentir.
                - Eu posso explicar, é tudo um mal entendido...
                - Não preciso.
                - A verdade é que eu gosto de ti! Estou apaixonada por ti e desde que te conheço que sinto isto. Acho-te giro, simpático, fixe, diferente dos outros rapazes...
                - Mas mentiste, não foste honesta comigo e se gostásses assim tanto de mim não tinhas mentido tão descaradamente.
                   - Eu sei. Desculpa, mas eu queria que tivesses reparado mais em mim.
               - Foi escusado teres mentido, aliás, até foi pior para ti. Nós rapazes não gostamos de mentiras e que se façam de vítimas, pensei que soubesses disso. Marta, eu gosto de ti, mas apenas como amiga e não passa disso! És fixe, mas somos só amigos. De ti eu apenas pretendo ter amizade e respeito até porque já estou comprometido.
Marta, para esconder tristeza fez um pequeno sorriso - Quem é a sortuda?
João suspirou, pois pensou que Marta soubesse que não é heterossexual e que se tivesse notado.
                - Nunca disse que gosto de raparigas... - João mudara o tom de voz - Marta, eu sou gay. Namoro com um rapaz que tu conheces.
Marta surpreendeu-se.
              - O Mateus? Sim, ele é gay e sim, devia ter notado... -comentou Marta, prestes alargar uma lágrima, contudo, esta nem se quer chegou a sair.
                 - Sim, eu e ele namoramos. 
Marta voltou a fazer o mesmo sorriso - E estás feliz?
João sorriu - Muito mesmo. Não me lembro da ultima vez em que me senti tão apaixonado.
                   - Então e as coisas com a Leonor? Vocês namoraram, não foi?
             - Eu gostei bué da Leonor. Mas eu apenas confundi amor com amizade, percebes? Não quis iludi-la, mas gosto muito dela. É das melhores pessoas que conheço, das que mais me ajudou e sei que estará sempre para me ajudar e eu também a ela. Mas não podia continuar a fingir uma pessoa que não sou. E sei que nem toda a gente respeita isso.
                  - Eu respeito mas desta não estava á espera. Felicidades para vocês dois, então!
                   - Obrigado! Mas continuamos amigos, certo?
                   - Sim. 


                                              « »       

                  
        Quando Marta chegou a casa, foi logo a correr para o quarto, ainda incrédula do que tivera ocorrido naquela tarde e logo desabou em lágrimas. Tinha-se apaixonado pelo rapaz errado e tinha que aceitar a sua orientação. Marta nunca tiver problemas com isso, nunca teve nada contra homossexuais, mas como era o primeiro rapaz assim que ela se tivera apaixonado, obviamente que lha custaria um pouco seguir em frente.
          Beatriz apercebeu-se que a irmã não estava bem e teve necessidade de ir falar com ela e contou-lhe tudo.
                  - Fantástico. Nunca me engano.
                  - Eu gostava dele.
                  - Mais uma vez ignorás-te o que que te disse. Agora deves é seguir em frente pois um dia irás encontrar o tal que te irá fazer realmente feliz. Não lhe devias ter mentido porque deu-lhe a entender que estavas a gozar e ele nisso teve razão, porque com assuntos como o bulliyng não se brinca, foi muito sério o lhe disseste. Por acaso, ele não parece sê-lo, mas respeito e admiro. Deves respeitá-lo também, pois ele é uma pessoa, é um ser humano como toda a gente e como tal também tem sentimentos! Amor é amor, temos que entender e respeitar isso.
Marta ficara um pouco á toa - Foi criado o homem e a mulher para estarem juntos! Se não, assim toda a gente teria o mesmo sexo. Agora entendo porque ele acabou com a Leonor.
              - O amor apenas é encarado de formas diferentes e estás a perder a razão toda, para além de seres totalmente homofóbica! Não pensei que fosses assim, conheces o Mateus desde infância e pensei que isso nunca te fizesse confusão. Não percebo os teus comportamentos.
              - Apenas não percebo como um rapaz tão giro como o João pode ser gay e namorar com o Mateus. Porque eu conheço o Mateus há muitos anos e o João conheci-o ainda neste verão, apenas me faz uma certa confusão.
               - Sim, o João pode ser muito bonito. Mas tens que aceitar a verdade: ele não irá namorar contigo, lamento... Tens que entender e meter isso na tua cabeça! E não é confuso ser-se homossexual, confuso é ser homofóbico. O amor é uma coisa normal, independentemente de que sexo tiver essa pessoa! Sabes lá, um dia ainda te podes apaixonar por uma rapariga. Ninguém sabe o futuro e de certeza que o João não sabia que se ia apaixonar pelo Mateus. Olha, eu não tenho nada contra. Acho que é fofo e nenhum dos dois tem doenças contagiosas.


                         « » 
               

               João contara a Mateus acerca da tarde passada com Marta e a propósito disso, aproveitou o momento e contou toda sua história, desde que sofreu de bulliyng por ser (ter dúvidas de ser) homossexual. 
O namorado ficou surpreendido.
                  - Lembro-me que uma vez, uns tipos da minha escola me bateram por ser homossexual e gozavam comigo e tudo. E sabes o que fiz? "Espetei" um beijo na boca do gajo - riu Mateus - Sempre conheci a Marta maluca, não esperei essa. Foi mesmo irónico e na minha opinião ela é que fazia isso ás pessoas.
                          - Como assim?
                       - Ela gozava com toda a gente nas costas e na cara falava bem, armada em santa. Mas é que ela ofendia mesmo as pessoas e ainda assim ficava a rir. A Marta não é muito de confiança, sei doque falo porque ela foi da minha turma e conheço-a desde que era-mos putos. 
                          - Alguma vez gozou contigo?
                          - Não deixo que gozem comigo. Mas já gozou com o meu ex e com a minha melhor amiga. O meu ex era bissexual e a minha melhor amiga era da cor das paredes mas vivia com dificuldade e a Marta gozava com ela porque a minha melhor amiga não tinha dinheiro para comprar roupa de marca como ela. A Marta é infantil e julga um bocado as pessoas.
                         - Se calhar até gozou comigo, sabe-se lá.
                    - Não. A Marta gostou de ti e falava muitas vezes em ti quando falava comigo, fazia isso muitas vezes ao dia.
                         - Mas eu não gosto dela, sabes disso, não sabes?
                         - Posso fazer-te uma pergunta?
                         - Claro, príncipe. O que quiseres.
                         - Porque namoraste com a Leonor?
 Era a pergunta que todos lhe colocavam.
 João já estava habituado a ela, mas viu que o namorado estava confuso quanto a isso.
                       - É difícil de explicar... Ao início, nem eu próprio quis aceitar "isto" , queria ser um rapaz normal, ou pelo menos ser considerado isso, igual aos outros. Sentia-me inseguro de mim próprio, mas acho que não gostava a cem por cento dela. Foi uma espécie de ilusão, pois confundi amor com amizade.
           - Comecei a gostar de rapazes aos treze anos. Esse rapaz era muito popular lá na escola, toda a gente o conhecia mas o meu primeiro namorado foi aos catorze anos.
João talvez se tivesse sentido um pouco envergonhado com o que ele tivera dito, mas mesmo assim fez um pequeno sorriso - Por acaso nunca tive nenhum namorado. És o primeiro mas também comecei a ter paixonetas por rapazes com treze anos.

                       - E os teus pais sabem disso?
                       - Sabem, mas reagiram muito mal mesmo. E os teus?
                       - Tenho  os pais divorciados. O meu pai está na Alemanha, por isso vemo-nos poucas vezes num ano. A minha mãe sabe e o meu pai não porque está longe e porque é muito rígido, pois se soubesse "matava-me". A minha mãe ao início achou que era uma brincadeira, mas eu disse-lhe que não era e claro que me ralhou mas depois lá aceitou.
               
                      « » 

             O mês de agosto tem passado a correr. 
             Á noite, fomos todos sair para comemorar o meu pedido de casamento. A Leonor ofereceu-se para ser amadrinha do casamento e tudo!
             - Desejo-vos as maiores felicidades  - desejou David, entre um sorriso que notava ser o mais sincero possível.
            Ainda não sabemos quanto vai ser o nosso casamento. Quem sabe, talvez amanhã, depois de amanhã, na próxima semana, daqui a duas semanas, daqui a um ano, daqui a dois anos... Só o tempo dirá. Mal posso esperar que esse dia chegue, será com certeza o dia mais feliz da minha vida! 
            Decidi contar aos meus pai que me irei casar, liguei-lhes hoje de manhã. Contudo, eles não reagiram muito bem, sobretudo o meu pai. A minha mãe não reagiu assim tão mal quanto isso (como costume) e até disse que queria ter netos! O meu pai é que não reagiu tão bem. Ele disse que era uma estupidez casar com apenas dezoito anos e que não aceitaria tal coisa.
Porém, por um lado é verdade. Somos muito jovens, mas se nos amamos não vejo mal nenhum nisso. Eu sei que o meu pai me adora, que é muito controlador, mas devia aceitar isto, que contribui imenso para a minha felicidade. Eu serei feliz ao lado do Tiago e no entanto não posso desistir! Quando regressarmos a Lisboa, eu e os meus pais iremos falar com os meus pais e também com os dele.
Os meus pais dizem que primeiro tenho continuar e acabar os estudos, arranjar trabalho e casa, deixando então, quando isso acontecer, "que me case". Penso que o meu pai não acha que o Tiago seja boa influência para mim e embora de eu ter negado isso, eu talvez irei para a Universidade de Coimbra e ele permanecerá em Lisboa, porque a nota dele não dá para entrar em nenhuma Universidade e ele disse que vai para uma escola de ensino superior. As coisas estão difíceis, mas não irei abandonar a ideia de querer casar com o Tiago!
Ele é aquele que me faz realmente feliz. Custa dizer isto, mas se calhar vamo-nos separar por causa da distância e eu não quero isso. Em princípio irei para Coimbra ou Covilhã e infelizmente são muitos quilómetros de distância! Não quero acabar com a relação, que é a mais longa que já tive. E a mais verdadeira. O que já construímos juntos e quem sabe, se iremos construir mais no futuro, não poderei de forma alguma esquecê-lo. Vou rezar para que a relação se mantenha! 
            Não sou daquelas pessoas que não acredita em namoro á distância, que dizem que não resulta e que sem nos apercebermos podemos estar a sair traídos porque não estamos perto dessa pessoa e mais facilmente somos enganados. Pode acontecer, é verdade... Mas eu acredito e confio no Tiago, porque acho que se acabarmos seria pior, iria assim sentir mais saudades dele. Eu gosto dele e ele gosta de mim, estamos a namorar há quatro meses, daí não vejo motivos desconfiar dele e acabar com tudo. Eu tenho fé, esperança e principalmente, amor!
             Eu e o Tiago vamos casar, pois não importa a idade, mas sim o sentimento. Espero realmente conseguir convencer o meus pais, apesar de saber que isso não irá ser uma tarefa fácil. O meu pai é uma pessoa difícil de convencer, mas penso e espero que seja só o facto de não estar habituado á ideia de namorar com o Tiago e querer casar com ele.
Por um lado, a reação dele foi esperada, porém, creio que não esteja habituado a eu namorar com o Tiago, de namorarmos há quatro meses, de agora querermos casar. Espero conseguir convencê-los. Está tudo a passar tão depressa!
               Agora já não me posso inscrever em mais nenhuma universidade, ou vou para Coimbra ou para Covilhã. Sinceramente preferia ir para Coimbra porque também é uma cidade bonita mas desde que tenha bons resultados e um bom emprego, mais tarde, já não importa para qual vou, só irei para aquela que me aceitar. Isto é, na qual a minha média for a suficiente para entrar.
Por mais que fique zangada, não me posso inscrever na Lisboa porque estamos a metade do mês de agosto, falta pouco para saber os resultados obtidos, já para não falar que as aulas estão quase a começar, daí a não poder inscrever-me na Universidade Nova de Lisboa para ficar perto dele.
                Enfim, a vida de Universitário é difícil!

                         « »

                O dia de hoje resumira-se a praia. Fomos logo de manhã para lá, almoçamos num restaurante lá perto e lanchámos todos á beira-mar com comida que tinhamos levado de casa.
               Miguel e Leonor ficaram amigos. Surgiu uma amizade entre eles os dois. A Leonor é uma rapariga muito sociável e tem facilidade em fazer amigos, quer rapazes, quer raparigas.
                 Relativamente a mim, sempre tive mais facilidade em ser sociável com raparigas, apesar de ter um irmão mais velho. Sempre fui mais tímida com rapazes, sei lá eu porquê...
                 O meu dia também foi resumido em olhar-me ao espelho. O meu cabelo continuava fraco e a minha pele pálida, nem consigo explicar. Não me sentia eu. 
Sempre fui uma "pita" gorda, mas agora também não me sinto muito melhor. Não me sinto mais bonita e tenho ideia que não estou cem por cento recuperada, ainda não consigo comer como antes mas já não vomito e com isto tudo estive quase a morrer. É a realidade, sem exagero.
Nunca gostei de ser o centro das atenções, que todos tivessem pena de mim e principalmente preocupar toda a gente! 
Porém, não fiquei tão bonita como queria ser, mas quando penso nisto fico triste. Entristece-me ter mentido aos meus pais e amigos.
Vocês podem não saber o que é mas não aconselho mesmo. Se quiserem emagrecer, por favor, nunca deixem de comer!
              Há um método de emagrecer e esse sim, sem dúvida, é o melhor: fazer uma alimentação saudável e praticar exercício físico.
Pois acreditem que deixar de comer e ficar doente é bem pior que ser gorda. 
Por exemplo, se não comerem em condições (como o método que eu fazia que era num só dia comer apenas uma maçã ou um iogurte ou até mesmo só beber água!) e se só fizerem exercício físico poderão muito provavelmente desmaiar! Tudo isso devido á falta de energia que o corpo tem!
Eu sei do que falo... Uma vez, numa aula de educação física aconteceu isso e recordo-me que tinha ficado a turma toda a olhar para mim, e que a Joana se tinha fartado de rir. Bem, pelo menos disseram-me. Fui então á enfermaria da escola.
              O que estou a dizer não é para comerem muito, mas sim para comerem em condições. Não tenham aquela obsessão por calorias (assim como eu tinha). Naquela altura, parecia que estava a ser pressionada a não comer porque parecia estar obcecada pelo número de calorias que cada alimento tinha. Estava doente e não queria sentir-me gorda, mas isso foi impossível. Não queria sentir-me cada vez mais gorda cada vez que me olhava ao espelho mesmo que isso não fosse verdade. Pensando bem, comecei com isso porque estava apaixonada e porque não soube ignorar críticas.
                Cada um é como é, devemos rejeitar críticas porque não são essas que vão definir a pessoa que somos e lá no fundo as pessoas que criticam têm inveja de algo. No meu caso foi porque eu namorava com o David e a Joana gostava dele desde miúda, infelizmente esse amor foi não correspondido e não aceitou a ideia.
               Estes momentos e estas recordações deixaram-me triste e sem eu dar conta estava deitada na cama do quarto, virada para o espelho. Estava a olhar para ele enquanto me corriam as lágrimas.
Sim, estava mesmo a chorar.
                - O que se passa? - perguntou Tiago que estava atrás de mim (eu estava virada para o espelho castanho que se situava encostado á parede branca do quarto e eu estava virada de costas para o Tiago e ele provavelmente entrou sem eu dar conta.)
Assustei-me um pouco ao ouvir a sua voz - Estás aí há muito tempo?
               - O suficiente para ter visto as tuas lágrimas e perceber que não estás bem.
                 - Não é nada - menti, enquanto esfregava as lágrimas para o meu rosto ficar o mais limpo possível e fingir que estava tudo bem.
                 - Sim, imagino. - retorquiu ele num tom seco, porém irónico.
                 - Não é nada, a sério. Estou só um pouco... constipada. -ok, esta foi sem dúvida a pior desculpa que dei. Sim, eu nunca fui muito boa nisto
Ele riu - É verão.
                  - Ainda bem que te animei - balbuciei, tentando mudar de assunto.
                  -Pois. E o que vais inventar agora? Vais-me dizer que meteste cebola nos olhos ou que é um infeção qualquer ou algo estúpido em que não vou acreditar que foi a causa das tuas lágrimas?
Tive vontade de rir do comentário dele, mas não o fiz - Já te disse que não é nada.
                   - E eu já te disse que não acredito nisso.
                   - A sério que vais continuar a insistir?
                   - A sério que vais continuar a mentir?
Achei melhor não lhe contar que era do passado, incluindo o David. Se contásse mesmo tudo, ele seria demasiado controlador e talvez algo aconteceria (o lado controlador dele até se torna um pouco fofinho, mas não quero que se preocupe com coisas antigas. Já passou. E o que importa agora é presente e podermos construir um futuro melhor para compensar os erros que já ficaram para trás)
Não menti, por um lado é verdade. -Sabes... Está tudo muito complicado, o meu pai não aceita que case contigo.
                    - Compreendo. Mas vais ver que vamos conseguir convencer o teu pai. Não fiques triste, vais ver que vai correr tudo bem. Não gosto de te ver a chorar, e sabes o que te torna ainda mais perfeita? O teu sorriso. - e dito isto, beijámo-nos.
Sorri. - Amo-te muito. Sem ti, nada faria sentido. Obrigada por tudo, por tudo mesmo.
Ele também sorriu - Obrigado eu.
                  - Bem, de nada. Mas honestamente não entendi porque disseste isso, a sério.
                  - Não te sei explicar, Anna. Tu puseste-me na linha e acredita que mudei muito a minha maneira de ser graças a ti.
                    - Lá isso é verdade, já não és tão casmurro. - brinquei eu, embora ter percebido o que ele quis dizer com aquilo.
Rimo-nos os dois.
                     - Não era casmurro, mas sim um feitio bué difícil e que pouca gente sabe lidar. Mas pelo menos para ti não tenho razão de queixa! - concluiu ele, brincando também.
                     - Sim, é verdade. Apaixonei-me por ti mesmo assim!
                     - Não sei como... 
Ao dizer aquilo, ele foi realmente sincero.
                      - Quando te conheci, parecias-me um santo - comecei, dando um pequeno riso abafado pois sei que ele não tem nada disso - depois, tornaste-te seco, rude, arrogante, parvo e um bocado mimado. E mais tarde -mudei o tom de voz, para um mais doce - ficaste diferente, passaste a ser querido, atencioso, prestável, gentil, amável e doce. E esta enumeração que acabei de fazer é a que qualifica a pessoa que és hoje. Mudaste imenso num ano e acredita que toda a gente notou!
Tiago reconheceu que aquilo que eu tinha dito era verdade e fez também um riso abafado.
                     - Esse otário que mencionaste foi porque me se apaixonou por ti desde o primeiro dia que te viu. Ele queria-te só para ele e desejava-te mesmo, até que se tornou obsessivo. Esse gajo não aceitou tu teres namorado com o ...
Interrompi, antes que ele dissesse alguma asneira, como costume. - David.
Ele estava tão sério que parecia que estava quase a chorar, e nunca o vi a fazer isso e penso que é um pouco complicado imaginá-lo a fazê-lo, pois ele parece ser daquelas pessoas que não chora, embora que por vezes não seja assim tão fácil conter as lágrimas.
Quanto a isto nem sei bem  o que dizer. Ele deixara-me sem palavras.
                   Irei convencer os meus pais e hei-de conseguir, custe o que custar.
Quero mesmo seguir com isto em frente, pois é o que eu mais quero na vida, apesar de não ser fácil. Mas com esforço eu irei conseguir, embora que o meu pai seja complicado a dar a volta.
                       Á noite estive com o Tiago.
Decidimos que amanhã irá haver uma festa, uma vez que as nossas férias estão no fim. Irá ser uma noite de arromba!
Para esta festa convidamos também a Marta, a Beatriz, o Miguel e o Mateus.
Apenas convidámos a Marta por causa de ser irmã de Beatriz. Ela ainda está amuada porque não conseguiu despertar a atenção do João e realmente a Beatriz é impecável em comparação á irmã.
                     Bem, esquecendo os problemas. Amanhã vai ser uma grande noite! Espírito de verão acima de tudo!

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                    Que bom! Eles aceitaram o nosso convite! Combinamos para estar todos juntos num bar. Esse bar é quase uma discoteca, lá é só vida loka  e música alta até muito tarde, bebidas e montes de animações!
A Beatriz afirmou que não bebia bebidas alcoólicas e não podia ficar até muito tarde porque no dia a seguir já tinha de ir para Lisboa, trabalhar. No entanto, Marta, Miguel e Mateus iriam ficar a primeira semana de setembro e só assim é que voltariam.
                      Eu, o Tiago, o David, a Tânia, o João e a Leonor vamos embora para a semana. É uma pena estarem a acabar, passaram tão depressa e correu tudo tão bem.
                            Finalmente chegara a noite. Mal acabamos de jantar fomos todos de carro (a Tânia conduziu) para o bar. A viagem foi animada, Tânia estava constantemente a dizer coisas cómicas e o sotaque dela tem uma certa piada. Foi só rir!
                          Mal chegámos ao bar sentamo-nos numa mesa redonda, á espera deles. Poucos minutos depois, eles chegaram e sentaram-se ao pé de nós na mesma mesa.
Eu levantei-me e puxei Tiago para ele vir comigo. Fomos para a frente de todos e claramente que despertamos os olhares de todos.
                         - Beatriz, é uma pena não poderes ficar a noite toda connosco. Mas foi muito bom ter-te conhecido!
                                - Anna, porque é que eu também 'tou levantado? -murmurou Tiago, entre dentes e com uma espécie de sorriso forçado para que ninguém o ouvisse.
                              - Eu e o Tiago -continuei - organizamos esta festa porque vamos casar e porque estamos quase a ir embora.
                                    - Fixe! Eu quero ser a madrinha! - respondeu Leonor, num dos seus risos histéricos.
                                    - Logo se vê! -prosseguiu Tiago, retribuindo também um riso histérico.
Estava praticamente toda a gente a olhar para nós. Tossi.
                                    - Bom, continuando... Vocês estão todos convidados!
                                    - Também estou convidado? - perguntou David, num tom que mal se ouvia mas eu e o Tiago ouvimos.
                                     -  Sim, David, claro que também estás convidado.
                                     - Eu e a Anna depois dizemos o dia, a hora e o local. -disse Tiago.
Notei que David não parara de olhar para Tiago, sério mas nada disse.
                                   Eram dez da noite e foi quando Beatriz se despediu de todos nós.
Ela disse que foi um enorme prazer ter-nos conhecido e a mim  e ao Tiago desejou muitas felicidades no futuro. Ela é uma querida, também vou ter saudades dela, foi uma pena não poder ter ficado mais tempo.
Já Beatriz se tinha ido embora e a temperatura da noite tivera começado a subir.
                           Felizes da vida, Mateus e João continuavam muito apaixonados, aos beijos e a abraçarem-se. (não absolutamente nada contra, muito pelo contrário. Gosto de gays e acho sem dúvida muito fofo, mas por vezes algumas pessoas fazem-lhe confusão rapazes a namorar do que a a andarem á porrada e sobretudo a namorar num sítio público. Pelo menos, Marta pensara assim. ) enquanto Marta e David se estavam a conhecer. Miguel e Leonor, como costume estavam próximos.
Eu e o Tiago estivemos a sós e quanto a Tânia, por acaso não reparei muito, mas das vezes em que olhei para ela, ela estava a beber ou com o copo na mão. Espero que não arranje problemas.
Marta estava a começar a gostar da amizade com David e desta vez não mentiu!
                               David começou a segurar a cabeça fortemente, porque eram dores de cabeça graves e fortes, dores de barriga e isto quase o impedia de falar.
Marta reparou que David não regira bem. - David, o que se passa? - perguntou ela, começando a ficar deveras preocupada.
David ficou ainda mais branco - Nada. Apenas parece que vou dar luz. - respondeu ele, forçando a voz, porém, gozando com a situação.
Marta não riu e não achou piada nenhuma á brincadeira. - Sim, claro. -ironizou ela. Então, a irmã de Beatriz foi imediatamente ter com Tânia, aflita.
                            - Tânia, o teu primo não está bem!
                            - E então? O que é que eu tenho a ver com isso? Não tenho cara de enfermeira. -não se percebia nada do que ela dizia e quando acabou de dizer isso, riu-se de uma forma fora do vulgar. Tinha o copo na mão e não parecia a mesma.
Marta ficou incrédula com o que ela disse, sem ter notado que Tânia já tivera bebido de mais pois não a conhecia muito bem.  
                         - O que disseste? -Marta passou-se - É teu primo! Não tens noção que ele pode estar a precisar de ajuda e que o leves a um hospital próximo? Não vais fazer nada para o ajudar?
Tânia pegou nas chaves do carro e acabou a bebida - Lá terá de ser. Não tenho culpa que o moço fique mal dele. Sou prima dele, não mãe. - e voltou a rir de forma estranha.
Nem eu, nem ninguém sabe porque David se sentira mal. Ninguém sabe como ele se sentiu assim.
                        - Até já. - despediu-se David.
                                Tânia e David saíram disparados do bar, cheios de pressa. Mal Tânia pôs o carro a funcionar, começou de imediato a acelerar. Dirigiam-se ao hospital de Portimão, que naquele momento era o melhor e o mais perto.
Estavam a descer a serra e Tânia ainda não tinha parado de acelerar. Parecia que estava a levar aquilo como uma corrida de carros.
                     - Não estás a ir demasiado depressa? - comentou David.
                     - Calou, pulga! O carro é meu, por isso quem conduz sou eu e não tu!
David abanou a cabeça, que lhe doía, em sinal que foi melhor nenhum dos dois ter entrado no carro - Não 'tás bem. Não foi boa ideia teres vindo.
                              - É preciso ter paciência! Primeiro obrigam-me a ter que pegar no carro e ainda reclamas!
David calou-se. Já passavam das onze da noite do dia dezanove de agosto.
Ainda com o carro a alta velocidade, encontravam-se a descer a serra. A estrada estava deserta e apenas estavam as luzes do carro a iluminá-la.
Dada determinada altura, encontraram uma raposa (ou um animal qualquer como coelho, mas parecia ser raposa.) e cruzam-se com ela e pelos vistos não estava a querer sair da frente.
                      - Raios partam o bicho! -disse Tânia, começando a desviar-se á bruta. 
Estavam prestes a chocar com as estacas da estrada e David sobressaltou-se.
                      - TÂNIA, NÃO FAÇAS ISSO!  VAIS PARTIR AS ESTACAS DA ESTRADA!
Tânia conseguiu desviar-se do animal e sobreviveu. Ela pensou que se tivessem desviado das estacas, mas Tânia estava alcoolizada e estava escuro. 
Tânia perdeu o controlo do corpo e as suas mãos escorregaram do volante. Segundos depois, ela voltou a ganhar controlo no corpo, contudo, de nada serviu. O carro despistou-se, partiu as estacas e voou violentamente.
                      - Adeus... - disse David, começado a chorar. Quem sabe... Seria a sua ultima palavra?
O carro naquele momento estava prestes a aterrar. Tânia recuperara o controlo de si própria - SOCORRO! -gritou Tânia, começando a chorar.
David apertou a mão da prima e ambos choraram de aflição. 
O carro aterrara e partiu-se por completo. Os dois primos fecharam os olhos. A areia e pedras da serra ficaram inundadas de sangue que pertencia a eles.
                        Tânia adormeceu num sono profundo e deixou imediatamente de respirar e o seu coração foi perdendo cada vez mais o sinal. David adormeceu também, mas este ainda tinha o coração a bater, porém não batia muito e estava muito fraco.

                                                   ~~

               As horas estavam a passar depressa e David e Tânia estavam a demorar, o que nos deixou a todos muitos preocupados.
Marta referiu-nos o facto de Tânia não ter estado muito em si e que com isso podia arranjar problemas. Leonor exaltou-se e entrou em pânico, porque não devia ter feito isso.
                 David saiu do bar se se justificar e saíu sem se justificar.
Leonor pegou no telemóvel, em pânico - Basta. Vou ligar-lhe.
Ela ligou para Tânia e David mas nenhum dos dois atendeu - Não atendem!
               - Não pensemos no pior. O David pode estar já no consultório do médico e se calhar não pode atender. -interveni eu, tentando pensar positivo, embora que talvez não fosse o momento certo.
Leonor ficou pensativa - Pois. Mas eu também liguei á Tânia e não me atendeu -Leonor ficou ainda mais em pânico - Espero que nada lhes tenha acontecido, a Tânia saíu daqui já alcoolizada. Se tudo estivesse realmente bem, eles tinham-me atendido o telemóvel e já podiam estar aqui, foram embora há mais de uma hora!
                 - Não penses assim. As filas nos hospitais são sempre grandes, levam  um século a a atender a gente e o hospital não é na rua da frente, por isso também é normal demorarem... -declarou Tiago, juntando-se á conversa para ajudar Leonor
Leonor ficou de novo pensativa - Espero que tenhas razão...

                           « »


               Amanhecera e David e Tânia não estavam em casa. Não tinham aparecido, passaram a noite fora.
Acordámos todos em sobressalto quando o telemóvel de Leonor tocou. 
Todos tinhamos esperança que fosse Tânia ou David, mas não. Era um número que nenhum de nós conhecia mas ela atendeu.
                  - Estou sim, muito bom dia. Daqui fala do hospital de Portimão. Será que estou a falar com a Leonor?
Leonor assustou-se - Sim, sou eu.
                   - Bom dia, mais uma vez. Hoje foram encontrados a senhora Tânia Alvarez e o senhor David Mendonza num carro totalmente despedaçado na serra. Nós já contactámos os pais da Tânia e do David. Encontrámos o telemóvel do senhor David no bolso das calças e vimos que a ultima chamada foi sua.
                      - E como é que eles estão?
A senhora que estava ao telemóvel demorou a responder e mudou  o tom de voz, pois era um assunto delicado - A Tânia faleceu... Quanto ao David, ele está em estado crítico. 
Leonor não estava a acreditar. - Está a dizer que ele pode morrer?
                     - Tenha calma. Ainda não se sabem os resultados. O David continua vivo, mas o sinal do coração está fraco.
Leonor ficou aterrorizada - Vou já para aí.
Vieram lágrimas aos olhos dela.
                        - O que se passa? - perguntei, ficando nervosa e com o coração aos saltos.
Leonor mudou a voz - Pessoal, a Tânia faleceu... -respondeu ela num tom de voz que nem eu conhecia - e o David está muito mal. Ele pode morrer porque tem o coração quase a parar. Temos que ir já para o hospital.
                        - Não vamos esperar nem mais um minuto. Vamos já! - continuei.
                       Surgiu então preocupação, medo e talvez pânico á flor da pele. Todos ficamos chocados com o que ouvimos e com o que tivera acontecido.

                  Tânia faleceu... E David, será que irá sobreviver?


Capítulo 13 - O crescimento de uma amizade

Depressa chegámos ao hospital onde David estaria em coma.
Mal acabamos de entrar, uma mulher apenas vestida com bata branca, que certamente devia ser enfermeira, com um olhar autoritário disse secamente:
- E vocês são?
Leonor exaltou-se um pouco – Leonor Santos. E a senhora é?
- A menina veja como fala!
- A senhora não trabalha num hospital? Então acho que talvez se devesse identificar.
Fiquei totalmente surpreendida com o comportamento da Leonor. Estaria alguém dentro do corpo dela?
Para as coisas se tentarem resolver um pouco, resolvi dizer – Na verdade, apenas viemos cá visitar um familiar nosso.
Eu sei que menti, mas achei que desta vez fosse o mais correto, era para uma boa causa. Sabia perfeitamente que não era qualquer pessoa que entrava no quarto fora de horas de visita, assim de uma maneira qualquer.
- Viemos ver o nosso irmão. – Prosseguiu Tiago, num tom ainda mais realista que o meu. – Os nossos pais estão em Lisboa e viemos passar as férias aqui ao Algarve. Ligaram-nos há pouco tempo e disseram que falava daqui e que o nosso irmão está em coma, em estado crítico. Também disseram que ele foi encontrado esta manhã na serra, com uma prima nossa. Ele chama-se David Mendonza e gostávamos de saber em que piso ele está, se não fosse muito incómodo.
A mulher lá acreditou nas palavras de Tiago e acabou por dizer em que piso se encontrava David. Ele estava no oitavo piso, no quarto do fundo. Do quarto conseguia-se ver o mar e os prédios, alguns destes até eram bastante grandes. A paisagem era linda. Dentro do quarto, localizava-se David, deitado numa cama, de olhos fechados e ligado a máquinas.
Apercebi-me do quão bonito ele era, mesmo não estando consciente. Estava pálido, com a pele estranha, quase sem cor.
Queria mesmo falar com ele, perguntar-lhe como tudo isto pôde acontecer. Podia ter chamado uma ambulância e ter reparado que Tânia também estava alcoolizada. Mas neste momento, não posso fazer mais nada, sem ser ter esperança e pensar positivo. Acreditar que o David irá acordar e que tudo voltará a ser como dantes. Contudo, David estava vivo, o coração dele ainda batia, apesar de ser muito pouco e lentamente. O seu coração estava realmente fraco.
Leonor permaneceu calada e assim que chegámos ao quarto, ela foi logo ter com ele. Tocou nas mãos dele, num ato de carinho e também tristeza.
As mãos dele estavam geladas.
Espero que o David acorde, sorria e que diga “estou bem, isto já passou”. Porém, se pensar negativo, isto é que não irá acontecer mesmo.
- Lamentamos, mas vão ter que sair. O paciente irá agora ser consultado pelo doutor e ninguém pode estar aqui. Nem mesmo a família. – Informou um enfermeiro.
Pronto, tivemos que aceitar isso. Então, fomos todos visitar a praia, para tentar animar Leonor.
Estava estranhamente encoberto, sem sol, cinzento, com nuvens, porém abafado mas num dia não muito quente de verão. A água do mar estava ótima, mas isso não ajudou a situação. Durante o resto permanecemos todos calados.
Enquanto nós estávamos a rezar para que David sobrevivesse, João àquela hora estava a desfrutar o dia com o seu namorado, Mateus. João tivera abalado cedo de casa para ir visitar o Cabo de São Vicente e também para namorar um pouco. Espero que eles ao menos se divirtam. 
A certa altura, apercebemo-nos que a praia estava a ficar praticamente vazia. Confesso, não me importava que David estivesse lá connosco e não me importava nada de ouvir a voz dele e vê-lo. Naquele momento era o que mais queria, porque isso significaria que David estava realmente bem e que nada de grave se tinha passado. 
As horas passavam e situação estava a ficar cada vez mais séria. Ninguém dava notícias, o que nos deixou de facto muito preocupados. 
Oque irá acontecer no futuro? David sobreviverá? 
De uma coisa se pode ter a certeza: a Tânia está morta. Ela morreu mal após o acidente e chegara ao hospital já sem vida.

Quanto a David, só nos resta esperar e ter fé (apesar de a paciência começar a esgotar e os nervos e preocupações estarem á flor da pele). Não podemos já pensar negativo, todavia ele está vivo, embora que o coração dele já não bata muito. E naquele momento era o que mais importava.
«»
                O final da tarde não tardou a chegar. Ficámos a ver as lojas na marginal para tentar “animar” a Leonor, mas a ideia foi em vão. Nada conseguia animá-la. Não me lembro de uma tarde tão triste, murcha, sem os risos e gritos estridentes de Leonor para dar mais graça às situações. Independentemente do que aconteceu até agora, esta foi a única vez que vi Leonor tão em baixo.
Minutos mais tarde, talvez como por magia, o telemóvel de Leonor tocou. Ela tirou-o o mais rapidamente possível da carteira, de forma a parecer que lhe estava a faltar a respiração, de tanta ansiedade e agitação. De facto, seria realmente impossível estar-se calmo perante uma situação destas. David estava entre a vida e a morte.
A chamada era novamente do hospital. Leonor atendeu e meteu em altifalante para eu e o Tiago podermos ouvir.
        - Estou? – Atendeu Leonor.
        - Estou sim. Muito boa tarde. Estou a falar com a senhora Leonor, correto?
        - Sim, a própria.
        - Mais uma vez boa tarde, daqui fala do Hospital de Portimão e há notícias acerca do senhor David Mendonza, que penso que é seu irmão, como já tinham referido a uma colega minha.
Leonor começou a entrar em pânico – Como está o meu irmão?
        - Peço imensas desculpas, mas ainda não sei como dizê-lo.
        - Mas diga. Estou preparada – Mentiu Leonor, porém, ainda com esperança.
Eu e o Tiago olhámo-nos nos olhos. Leonor começou a entrar ainda mais em pânico.
        - Lamento imenso… - continuou a senhora – mas o David faleceu…
Nenhum de nós estava a acreditar – Mas como? Ele não estava vivo?
        - O seu irmão chegou aqui ao hospital ainda com vida, é verdade. Assim que chegou, ele foi imediatamente ligado a máquinas. O coração dele batia muito pouco, havia ainda probabilidades dele ter sobrevivido. Mas o coração dele parou de vez. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas não em nada e ainda há pouco tempo as máquinas foram desligadas. Ou seja, isto tudo aconteceu há muito pouco tempo, há cerca de dez minutos. Logo de seguida ligámos á sua mãe.
        - Eu irei falar com ela – Leonor tentou conter as lágrimas – Obrigada por informar.
Tiago abraçou-me.
        - Meu Deus. – Comentei, ainda sem estar a acreditar nisto.
Leonor desligou e desfez-se em lágrimas – Como é possível? Ele podia ter sobrevivido!
        - Há coisas que infelizmente não dão para explicar… - Respondeu Tiago.
        Eu larguei o braço do Tiago e de seguida abracei Leonor. Dei-lhe um enorme abraço.
Era normal Leonor ter tido aquele carinho enorme por David, já que se conheciam desde crianças. Hoje é dia vinte de agosto, um dia que me irá ficar marcado para sempre.
Decidimos, ainda assim, voltar ao hospital, para tornar a ver David, apesar de já não podermos mais falar com ele. Queria-mos vê-lo uma última vez.
E então, lá voltámos nós para o oitavo piso. Passei a odiar casa vez mais hospitais.
        Estava de volta onde estava o corpo de David. Em espírito.
As máquinas estavam desligadas e o corpo dele encontrava-se ainda de cima da cama do hospital.
Leonor desfez-se em lágrimas, novamente. Meteu o tronco de cima da cama e deu-lhe um forte abraço.
        - Apesar de não me ouvires, não responderes, não sentir nada e não poderes acordar mais, esta deve ser – Leonor fez uma pequena pausa para corrigir – quero dizer, é a última vez que te vejo e que te abraço.
        Fui ter com ele e toquei na sua mão, enquanto Tiago permanecera parado no mesmo sítio, sério, calado e com a cabeça baixa.
O corpo de David estava irreconhecível: tinha as mãos frias, geladas (e certamente todas as partes do corpo) e a pele estava pálida, amarelada.
Tentei conter as lágrimas – Não pode ser… Estava tudo tão bem até isto acontecer.
Tiago estava ainda calado. Provavelmente porque não sabia o que dizer e em sinal de respeito.
        O funeral do David e da Tânia será amanhã de manhã.
        Ficámos naquele quarto até já não podermos mais, até nos mandarem embora de lá. Na realidade, aquele quarto era sem dúvida muito deprimente, mas o choque que todos nós apanhara-mos foi tanto que ficámos lá até ao fim.
        Tinha escurecido por completo. Chegámos tarde a casa e nem nos apeteceu comer, devido ao trauma que tivera ocorrido. Leonor tinha os olhos e o rosto completamente vermelhos, por causa de (ainda) não ter parado de chorar.
Tiago chegou ao quarto e deu um valente murro no armário e a seguir deu um grande suspiro.
Quanto a mim, deitei-me na cama onde David dormia, meti os fones do mp4 no volume máximo, meti uma música que sabia que o David adorava e desabei imediatamente em lágrimas.
João chegou ainda mais tarde a casa, mas mesmo assim foi informado deste triste acontecimento e claro que não ia ficar indiferente a esta situação. João e David nunca foram os melhores amigos, até porque por vezes João gozava um pouco com ele, mas ultimamente a relação deles foi melhorando, assim como com o Tiago.
Horas depois, o telemóvel da Leonor tornou a fazer barulho, desta vez era uma mensagem, de Beatriz. A mensagem dizia o seguinte:
        “ Olá, Leonor. Já sei da infeliz notícia do David… Lamento imenso. Os meus sentimentos. É normal que vocês tenham entrado em choque, até eu própria fiquei, apesar de não ter conhecido muito bem o David. Ele era um jovem, ainda tinha tanto para dar e viver. A vida é mesmo assim, injusta, mas também não podes deixar com que isto afete demasiado a tua vida. O David foi para um sítio melhor e está lá em Cima a olhar por ti e por todos nós. Sabes, a melhor maneira de recordares e homenageares o David é sorrindo e lembrando os excelentes momentos que passaste com ele! Infelizmente a vida é muito injusta e custa sempre perder alguém que nos foi importante, mas lá em Cima o David não ia gostar que ficasses triste. E sabes outra coisa? O David irá sempre gostar vocês, independentemente de ele não ter escolhido o seu destino e não ter querido isto. Oque tiver de acontecer, acontecerá. Assim é a vida. Apesar da distância, estarei aqui sempre para o que for preciso. A vida é curta, por isso aproveitem-na, divirtam-se. Não podemos apenas pensar em coisas más, pois ninguém merece sofrer. Sejam fortes! Beijinhos para todos. * “
Apesar de ter achado simpática a parte de Beatriz, nada apagará o que aconteceu a ele. Neste momento, não consigo dizer o nome dele sem me comover. Com o tempo talvez aprenda, mas isto foi tudo tão recente e tão chocante, de tal forma a ter paralisado.
«»
                Amanheceu.
Estive a noite quase toda sem dormir, ainda a pensar nele. Hoje haverá o funeral dele e da Tânia.
Vi-me ao espelho e reparei nas olheiras que tinha, mas mesmo assim continuava sem sono.
        Acho que nunca vi Leonor totalmente vestida de preto. Eu apenas vesti um vestido preto. (talvez vá dar ao mesmo, porém Leonor levou calções e camisola pretos)
        Ninguém foi capaz de dizer uma única palavra durante o funeral. Encontrámos os pais da Tânia e claro, os pais do David. Estavam realmente destroçados, pois eram os únicos filhos que tinham. Quer David, quer Tânia, eram os dois filhos únicos, não tinham irmãos.
Até eu tive mesmo de chorar. Deve ser tão triste perder assim os filhos tão novos e sobretudo quando eram os únicos que tinham.
David pode ter feito o que fez, mas ele foi o meu primeiro namorado. Foi o primeiro rapaz que eu beijei e dos que eu mais amei. Vivi muitos momentos com eles, bons e maus ao lado dele.
        - Anna – declarou Leonor – Eu tenho uma coisa para te dizer.
Eu olhei para ela, deixando-a falar.
        - É sobre ti e o David.
        - Leonor, eu gostei muito do David, mas…
Leonor interrompeu-me e olhou-me nos olhos – Mas ele não te traiu. Ele nunca te traiu. Ele era incapaz disso e gostou realmente de ti.
Fiquei confusa – Desculpa? Eu vi-o com outra.
        - Tu viste aquilo que estavas á espera de ver. Porém, ele estava bêbado. Ele contou-me tudo e só não te contou porque sabia que tu não ias acreditar nele, ia achar que isto fosse algo para tu e o Tiago acabarem e ele não queria isso.
        - Porque só me dizes isso agora?
        - Porque pensei que tivesse sido ele a contar-te antes de falecer, mas já vi que não.         Não interessa se acreditas em mim ou não. Mas ouve, ele gostou realmente de ti e quando viu que tu já não gostavas e dele e quando começaste a namorar com o Tiago, ele achou que não valia a pena, ele queria ver-te feliz e não queria mesmo arranjar mais problemas ente ele e o Tiago. E então o David desistiu de ti.
Fiquei calada, sem saber ao certo o que dizer. Deixei passar alguns segundos para pensar melhor na resposta que havia de dar – Não faz mal. Não há mais nada a fazer.
Quando acabei de dizer isso, notei que fui um pouco fria e talvez injusta.
        - Ele contou-me a história toda. A rapariga embebedou-o.
        - Está bem, Leonor. Mas o álcool não pode ser o culpado de tudo. Ele podia ter sido mais responsável, mas neste momento já não há nada que possa corrigir isso. Eu amei mesmo muito o David, foi o meu primeiro namorado. Mas depois acabámos e eu voltei a apaixonar-me… Também o esqueci como namorado.
Leonor não quis mais conversa, porque provavelmente iria ficar mal com isso.
        Hoje foi dos dias mais tristes da minha vida. Sendo ou não verdade o que Leonor me disse, eu jamais desejaria isto ao David, aliás, nestes últimos tempos estava tudo a correr tão bem.
Ninguém teve culpa deste triste destino, “simplesmente” aconteceu. Ninguém merece este destino, sobretudo quando se ainda é jovem e ainda havia muito para viver.
        - Até já, meu irmão. – Sussurrou Tiago, em tom de arrependimento, enquanto acabavam de enterrar o caixão de David.
        Porque é que a vida tem de ser assim, injusta? Sim, o David foi o meu primeiro namorado. Aquele de que eu gostei durante muito tempo e após acabarmos não me foi indiferente. Porém, concretamente, ele não era mau rapaz e não merecia isto. Porque é que a vida nos prega partidas?
        Esta semana iremos voltar para Lisboa, mas desta vez sem a Tânia e o David.
        Não consegui entrar na Universidade de Coimbra (por apenas poucas décimas), por isso vou para Universidade da Beira Interior, na Covilhã.
Tiago não conseguiu entrar em nenhuma universidade, portanto, conseguiu entrar numa escola de ensino superior, em Lisboa. Com o João foi igual, porém, optou por ir para uma escola de ensino superior na Margem Sul para poder ficar mais perto de Mateus e eles até conseguiram ficar na mesma escola. Quanto a Leonor, ela e o Miguel conseguiram entrar para a Universidade de Coimbra e até na mesma turma.
Vamo-nos separar todos, infelizmente. Irei ter saudades de todos, principalmente do Tiago… Como Covilhã e Lisboa têm vários quilómetros de distância, tenciono que só o irei ver nas férias ou fins-de-semana prolongados.
        Lembram-se da Joana, aquela que gozava comigo, que me rebaixava e deitava a baixo mas lá no fundo tinha inveja de eu e o David termos namorado? (em princípio não, já aconteceu tanta coisa que vocês já se devem ter esquecido de algumas coisas) Pois bem, ela e os seus amigos reprovaram. Espero não tornar a vê-los tão rápido e da próxima vez que nos cruzar-nos, já não irei admitir que me critiquem, porque estou mais forte e confiante de mim mesma. Pelo sim e pelo não, também tenho o Melhor a meu lado e sei que estarei bem e que nada me irá acontecer.
        Há muita coisa diferente. Há um ano atrás, estava tudo tão diferente… Há um ano, eu ainda estava em Espanha, ainda não tinha conhecido o David e nem o Tiago. E é realmente impressionante como a vida muda apenas num ano.
«»
        Estou cansada de tanto dobrar roupa. Como estava previsto, hoje vamos embora do Algarve. Tal como já tinha mencionado, este sítio irá ficar-me marcado e não sei quando hei-de cá voltar, mas não há-de ser assim tão cedo.
        - Já arrumaste todas as tuas coisas? – Interroguei, achando estranho o facto de Tiago ter arrumado as suas coisas tão depressa.
        - Ao tempo, sua lenta. Tu é que estás a demorar. – Respondeu.
        - Estamos todos á tua espera. Até a Leonor acabou primeiro que tu, pela primeira vez na vida. – Comentou João.
Leonor já tinha acabado de arrumar as suas coisas e também as coisas do David. Naquele momento, ela encontrava-se na cama onde ele dormia.
João estava sentado no sofá, a mandar mensagens e Tiago estava na varanda. A varanda estava virada para as piscinas dos outros apartamentos. E eu estava a acabar de arrumar. As coisas tinham mudado novamente. Está tudo tão diferente.
Uma vez que a Tânia está morta, não pudemos ir de carro, portanto resolvemos ir de autocarro para Lisboa. A viagem fora novamente silenciosa, apesar de haver tanto por dizer ainda.
Chegámos a casa completamente estafados e nem nos apeteceu sair. Deprimo por completo só de pensar que daqui a uns dias vou ter que abandonar Lisboa, deixar os meus pais, alguns amigos, os meus melhores amigos e principalmente o Tiago, ele irá para uma escola de ensino superior noutra zona de Lisboa.
        Estou cada vez mais confusa quanto á questão do casamento e os motivos por quais eu estou assim são: ainda não ter falado com os meus pais e medo das consequências; porque o David faleceu há cinco dias e porque irei para Covilhã, enquanto o Tiago ficará em Lisboa. Nós os dois temos que resolver este assunto, temos que falar com os nossos pais. Quero mesmo muito casar com ele.
«»
        Hoje estive com o Tiago. Estivemos na praia que mais frequentamos. Estivemos sentados na areia.
        - Posso-te fazer uma pergunta? – Comecei.
Tiago deu-me um beijo na testa – O que quiseres, amor.
        - Ainda queres continuar com a ideia do casamento? – Perguntei, com um pouco de receio da reação dele.
        - Estás a dizer indiretamente que não queres casar comigo, é isso? – Respondeu ele num tom rude.
Estava com receio da reação dele, mas admito que não estava á espera desta reação dele, então fiquei um bocado a olhar para ele.
        - Não disse isso…
        - Então o que quiseste dizer com aquela pergunta? – Interrompeu ele, continuando a falar-me mal.
Ele é bipolar? Quer dizer, ao início foi super querido, depois eu fiz-lhe aquela pergunta que acho que não teve nada de mal, penso que não teve gravidade absolutamente nenhuma, no entanto foi o suficiente para ele se ter exaltado daquela maneira. Se não é bipolar, pelo menos pareceu-me.
        - Ei, tem calma! Deixa-me falar. Oque eu quis dizer com aquela pergunta foi por causa de eu ir embora de Lisboa, vou ainda esta semana para a Covilhã, vamos ter que namorar á distância e também não achas que seria um bocadinho mau casar numa altura destas, em que o David faleceu há uma semana? No entanto, “não quis dizer indiretamente”    que não queria casar contigo e muito sinceramente não vejo motivo para te teres exaltado tanto daquela maneira.
        - Mas pareceu e eu não disse que tínhamos de casar já – Tiago parou, para “corrigir” e continuara num tom arrogante – Isto é, se quiseres, claro.
        - Eu quero. Se não quisesse talvez não tivesse aceitado. Quero mesmo e tu não imaginas o quanto. E tu?
        - Isso não se pergunta.
        - Porque me estás a falar assim? A pergunta que eu te fiz ofendeu-te tanto?
        - Desculpa.
        - Responde.
        - Oh amor, não te sei explicar… Mas fizeste-me aquela pergunta assim do nada, fizeste essa pergunta num momento em que estávamos tão bem e pensei que já não quisesses casar e estar comigo. Eu sei que me passei sem motivos nenhuns, mas saiu-me da boca para fora e tu sabes como eu sou – Respondeu ele, acalmando-se e voltando a ser fofo – Desculpa.
Logo de seguida, beijámo-nos. Aquele foi um momento estranho. Mas eu não consigo chatear-me muito com ele.
Tiago olhara para o mar, tendo assim, ficado pensativo. Ficou estranho assim de um momento para o outro, o que me preocupou um bocadinho. Quis saber o que se estava a passar com ele.
        - Que se passa? De um momento para outro ficaste estranho e pensativo. Estás bem?
        - Sim, ‘tou bem. Apenas pensativo, mais nada.
        - Ainda é daquilo há pouco?
        - Não, amor. Não é isso, é outra coisa.
Preocupei-me – Começo a ficar preocupada. Diz-me de uma vez o que se passa.
Ele suspirou – Lembrei-me do David.
Ok, eu não estava bem a acreditar naquilo que tinha ouvido. O David faleceu há uma semana, por que razão ele se lembrou dele naquele preciso momento? Fiquei, de facto, muito surpreendida pois não estava á espera que uma coisa destas fosse acontecer. Não tenho nada contra, muito pelo contrário, acho que ele deve refletir. Mas muito honestamente não esperava, pois ele faleceu há uma semana e eles não eram assim muito amigos (não gosto de dizer isto, mas é a verdade, se forem aos capítulos anteriores pode-se confirmar) e as coisas estavam a ficar mais sossegadas. Quero dizer (acho que nem devia ter mencionado a palavra “sossegadas” porque nem se quer se adequa á situação)
        Leonor já não chora tanto, apesar de sentir muito a falta dele e pensar muito nesse assunto. E eu também não consigo não pensar nele. Penso muito nele. Apesar de ter esquecido o David como namorado jamais irei esquecê-lo da minha vida, do grande impacto que teve.
        - Porquê? – Perguntei eu ao Tiago.
Tiago permanecera a olhar para o mar, ainda sereno.
        - Eu e o David éramos amigos e chateámo-nos por cenas estúpidas. Ou melhor – corrigiu ele, fazendo uma pequena pausa – Eu chateei-me com ele por uma coisa que não queria aceitar e quis-me vingar dele. Sabes como sou… Eu sei que fiz porcaria e nem imaginas o quão arrependido estou.
        - O que queres dizer com isso? – Assustei-me.
        - Porque é que o David morreu? Eu é que devia ter ido em vez dele. Fiz cenas piores que ele e por um lado sinto-me culpado. Eu é que devia ter tido o acidente, não ele.
A minha mão estava a mexer, prestes a aproximar-se da cara dele, para lhe dar um estalo. Embora que naquele momento fosse merecido, não tive coragem para o fazer. Não fui capaz de continuar.
        - Estás completamente LOUCO! O David não escolheu este destino.
Era realidade, não estava a sonhar. O Tiago disse mesmo aquilo e eu não estava a acreditar naquilo que tinha ouvido.
        - Eu sei disso. Mas o que queres que diga mais? Não foi justo, aliás, a vida não é justa.
        - Eu sei. Acho que todos nós sabemos disso. Mas se cá estamos por alguma razão é: para sermos felizes. O David foi o meu primeiro namorado, claro que também me senti mal. Mas tu não tens que te sentir culpado, nem eu, nem tu, nem ninguém teve culpa do que aconteceu e isto é tudo imprevisível. Ninguém previa que isto fosse acontecer. Mas por favor, não te sintas assim. Tu fazes-me feliz. Eu amo-te muito, acredita.
O dia de hoje foi deveras estranho. Ele calou-se e eu não disse mais nada a seguir. Não valeu a pena continuar com este assunto.

«»
        - Olá, Leonor. – Cumprimentou Miguel, dando também um beijo na bochecha macia de Leonor.
Leonor sorriu e deu também um beijo na bochecha de Miguel.
        - Sei que ultimamente não temos falado muito, por isso é que eu te convidei para sair. Então, tudo bem? – Continuou ele.
        - Vai-se indo. E contigo?
        - Pois, acredito… Comigo sim. Já tinha dito que não temos falado muito.
        - Sim, já tinhas dito…
        - Pois. Eu sei e compreendo que andes um pouco em baixo por causa do David. Mas tipo, tu és uma miúda bué fixe e és linda, principalmente quando sorris.
        - Que querido, Miguel!
O que Miguel lhe disse deixou-a sem saber ao certo o que dizer, daí a ter dito apenas aquela frase.
        - Que achas de irmos dar uma volta pela Margem Sul? Aproveitávamos para nos conhecer-mos melhor.
        - Sim, pode ser. Parece-me bem.
Miguel sorriu e ficou pensativo – Afinal mudei de ideias. Que tal darmos uma volta por aí? Almoçávamos num sítio qualquer e depois dávamos um passeio por aí. O almoço sou eu que pago e não aceito um “não” como resposta! – disse Miguel, dando um sorriso meigo e lançando uma gargalhada.
        - Bem, sendo assim não tenho alternativa!
Os dois riram.   
        - Tu decides onde vamos e eu pago. É uma boa ideia! – Prosseguiu ele.
        - É simpático da tua parte, mas eu não sou nenhuma pedinte… - Declarou Leonor, soltando risos.
Miguel riu também.
        - Pedinte ou não eu pago. Agora escolhe o sítio. Só não te digo que sou eu a escolher porque isso não é cavalheiro. – Continuou ele, com um sorriso maroto.
Leonor pensou então num sítio para onde irem. Deslocaram-se de mota. O problema é que Miguel estava a ir um pouco depressa.
        - Não estás a ir um bocado rápido? Isso é perigoso…
Miguel abrandou.
        - Desculpa, é o meu ritmo. ‘Tou habituado a ir depressa.
Então, mais tarde, chegaram ao restaurante. Miguel puxou a cadeira para Leonor se sentar e ela sorriu e riu.
        - Obrigada. És um cavalheiro.
Miguel sentou-se a seguir. Os dois pediram a comida que pretendiam.
        - Então, fala-me de ti, diz qualquer coisa para nos conhecer-mos melhor. – disse Miguel, sorrindo.
        - Sou a Leonor, tenho dezassete anos, quase dezoito. Tenho uma boca, dois olhos, duas pernas, dois pés, dois braços, vinte dedos e duas mãos.
        - Uau. Que interessante. Fiquei a saber mais. – Balbuciou ele, rindo.
Leonor riu também. – Não sei que dizer mais.
        - Então eu posso começar. Chamo-me João Miguel, mas sempre me trataram por Miguel. Tenho dezoito anos, quase dezanove. Também tenho uma boca, dois olhos, duas pernas, dois pés, dois braços, vinte dedos e duas mãos. Por acaso gosto do nome Leonor.
        - Também gosto de João.
Miguel torceu o nariz de desaprovação.
        - Não me chames isso. Não curto muito que me tratem por João.
Leonor sorriu.
        - Está bem, então. Também gosto do nome Miguel.
Miguel retribui o sorriso. – Assim já gosto mais. Estou contente porque vamos ser da mesma turma e ainda por cima na Universidade de Coimbra!
        - Também gostei de saber. – respondeu Leonor, sorrindo enquanto bebia o seu Ice Tea – Ia sentir-me sozinha, porque nunca fui a Coimbra, principalmente para recomeçar tudo do zero.
        - Eu já fui algumas vezes a Coimbra e não te vais sentir sozinha. Desde já, quero que saibas que te acho muito gira –respondeu Miguel, sorrindo um pouco. – Também te acho muito fixe, fazes-me rir muitas vezes. Por favor, continua. És uma miúda espetacular. Noto que estás mais em baixo desde que o David faleceu. Não conheci o David mas parecia ser um tipo bacano. A vida continua e o tipo de pessoa que és não pode ficar triste para sempre. Claro que é evidente tu sentires saudades e vão aumentando cada vez mais, mas pensa que ele agora está num sítio melhor e não iria gostar de te ver triste. Lamento muito ter-te falado nisto, mas quando tenho algo a dizer, digo logo. Sou sincero. Quero que saibas também que podes contar comigo para tudo o que precisares.
        Leonor estava a pensa na resposta que havia de dar, mas depois Miguel acrescentou:
        - É mau quando se perde alguém. Eu sei o que isso é, porque por acaso também já perdi uma pessoa muito importante na minha vida.
        - E queres contar-me? –interrogou ela, mudando assunto para não ter que chorar por causa do que o Miguel acabara de dizer acerca da morte do David – Também estou aqui quando precisares.
        - Eu perdi a minha mãe quando tinha seis anos. Neste momento estou a viver com a minha “madrinha”. A minha “madrinha”, na realidade é minha tia, irmã mais velha do meu pai. Só que eu considero-a como minha madrinha, porque eu não vejo os meus padrinhos há anos, ainda era um puto na ultima vez que os vi.
        - E o teu tio? Também está a morar contigo? Os teus padrinhos deixaram de te falar assim do nada?
        - O meu tio e a minha “madrinha” divorciaram-se há quase oito anos. Ele agora está no Porto, falamos por vezes sim. Sim, os meus padrinhos deixaram de me falar sem qualquer motivo, nem eu sei porquê. Eles até se esquecem do meu aniversário e têm alguma mania por terem muito dinheiro. A minha tia trabalha numa escola, onde é auxiliar e o meu pai é empresário, chefe de uma boa empresa. Normalmente, todos me chamam de mimado. Tiro boas notas mas grande parte delas devem-se a cábulas e passo todo o tempo sozinho uma vez que sou filho único. Na minha casa discute-se todos os dias. Mas tento ter uma vida normal.
        - Mas isso é muito mau! Desculpa ter falado nisso…
        - Na boa. Já ‘tou habituado.
        - Nem sei bem o que dizer, porque na realidade isso felizmente nunca me aconteceu. É normal que isso te tenha afetado muito e certamente pela pior maneira. E o que aconteceu á tua mãe, isso irá afetar-te até ao fim da tua vida… Principalmente tenta manter-te forte. Quanto ás discussões tenta ignorar.
        - Pois o meu problema é esse. Não consigo ficar calado quando me zango. Parece que sinto necessidade de responder.
        - Tens de te controlar. Quanto mais responderes, pior será. Quanto mais ignorares vais ver que as coisas poderão acalmar. Pois se responderes, é como se estivesses a deitar lenha na fogueira. Vais ver que quanto mais ignorares melhor.
        - Pois. Vou tentar, talvez tenhas razão. – Miguel mudou de assunto – Temos de sair mais vezes.
Leonor sorriu.
        Portanto, a tarde de Miguel e Leonor resumira-se nisto. Fora então, uma tarde bem passada para ambos.
Leonor pensa que esta irá ser uma boa amizade, ou seja, das melhores amizades que irá ter. E das mais verdadeiras.

«»

        Entretanto, enquanto ouvia música, Marta estava a pensar no David, que não tinha conhecido muito bem mas que gostava que isso tivesse acontecido.
Depois, o seu pensamento foi parar a João. Ainda não tinha aceitado o facto de um “rapaz tão bonito” como o João ser homossexual. Uma teoria bastante estúpida, enfim.
Marta está deveras apaixonada por ele e importa-se imenso que ele namore com Mateus (apesar de conhecer Mateus desde criança). Ela ambiciona um futuro junta de João e que seja feliz a seu lado.
Foi então, que Marta teve uma ideia e queria por em prática o mais rápido possível.

Capítulo 14 - Uma boa ou má ideia

        Inicio de setembro. Não quero acreditar que amanhã já é o meu ultimo dia em Lisboa e que irei para a Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Irei estar, claro, longe das pessoas que mais amo e isso irá custar-me muito!
E se as coisas não correrem bem á distância? E se o Tiago arranja outra rapariga que lhe irá roubar o coração? E se ele me vai trair? Estas são (umas delas) as minhas maiores dúvidas, medos e inseguranças.
Mas porque é que tem de haver sempre um problema quando as coisas estão bem?
        Vou planear uma espécie de festa de despedida com todos os meus amigos e espero que seja do melhor, preciso de relaxar e aproveitar enquanto posso.

«»

        - Olá, Mateus. –cumprimentou Marta.  
        - Oi, Marta.
        - Posso pedir-te um favor, se não for a incomodar muito?
Mateus olhara para ela um pouco confuso e desconfiado – Sim, acho que sim. Diz.
        - Bem… - começou ela. -  A minha irmã trabalha demasiado com o computador devido ao emprego e o meu computador está a arranjar, porque estava com alguns vírus. E se não fosse pedir-te muito, eu queria pedir-te se posso usar o teu computador porque preciso de imprimir umas informações sobre a minha nova escola.
Mateus acreditou e fez um sorriso simpático – Não é pedir nada, é na boa.
        - Obrigada! – agradecera Marta, radiante.
        - Quando é que precisas?
        - Pode ser agora? Não quero mesmo incomodar-te, a sério e se fosse mais tarde podias-me achar chata até porque era para despachar logo.
        - Por mim tudo bem e não incomodas – continuou ele, sorrindo.
        - Obrigada, a sério!
        Mateus conduziu Marta até ao seu quarto. O quarto estava organizadíssimo (o Mateus é um rapaz bastante organizado). Apesar de Mateus não ser o melhor aluno da turma, é muito organizado.
        - Queres comer alguma coisa? – perguntou ele, de forma simpática.
        - Sim, se não te importares. – respondeu Marta, ligando o computador.
Mateus não se importou e dirigiu-se, portanto, para a cozinha e Marta ficou sozinha no quarto no computador que estava na secretária.
        Marta abriu todas as pastas do computador, todas as pastas que continham fotos de Mateus aos beijos com um outro rapaz, um ex namorado certamente. Então, ela retirou da sua carteira o cabo USB  do seu telemóvel para poder passar as fotografias para seu telemóvel e depois mandar para o telemóvel de Mateus.
O próximo passo era o seguinte: pegar no telemóvel de Mateus. Este estava de cima da mesa de cabeceira. Então, ela passou as fotografias, através do cabo USB. Curiosamente, o cabo era igual, visto que tinham a mesma marca de telemóvel. Ou seja, a Marta passou logo para o telemóvel do Mateus. Marta ficou pensativa.
A ultima etapa consistia em retirar o cabo, o telemóvel já tem as fotos desejadas, e através do número de Mateus, mandar mensagem com as fotos e escrever umas coisas.
Marta começara por escrever o seguinte: “Eu amo-o mesmo! Não acreditas? Então eu mando-te provas do nosso namoro.” E por baixo estava uma  foto, supostamente para comprovar.
        Marta escreveu uma “resposta” através do seu número. Depois, com o número de Mateus escrevera mais outra: “O João não passa de uma brincadeira. É óbvio que ele me curte. É tão ingénuo ao pensar que eu gosto dele… Que estúpido! “
Após ter enviado a ultima mensagem, Marta apagou as mensagens e fotos que tinha mandado com o telemóvel de Mateus, para ele não desconfiar de nada. Marta acredita que o plano de separar o João do Mateus irá dar resultado.
Marta reparou que a foto de fundo do ecrã do telemóvel de Mateus era uma foto em que estava a beijar apaixonadamente João.
        - Não se preocupes, a vossa felicidade irá acabar. – retorquiu ela para si própria, sorrido.
        Alguns minutos mais tarde, Marta foi ter com Mateus á cozinha, onde estava ele ainda a preparar o lanche.
        - Como não quis estar incomodar, resolvi escrever numa folha para não ter que estar a gastar tinteiros – disse Marta, a mentir.
        - Já te tinha dito que não incomodas – respondeu ele, acabando de preparar o lanche.
Horas depois, Marta saiu da casa de Mateus, agradecendo o lanche e por ter deixado utilizar o computador. Só faltava uma coisa para a ideia de Marta funcionar por fim: contar ao João e fingir que não tinha nada a ver com a situação e queria fazê-lo o mais rápido possível. Mal podia esperar!
«»

        Chegara então o meu ultimo dia em Lisboa. Tentei ao máximo não chorar á frente do Tiago. A sério, acreditem tentei mesmo. Esforcei-me ao máximo, mas não consegui.
Vou ter saudades dele do tamanho do Mundo!
        - Tens mesmo a certeza que é o ideal o nosso namoro permanecer apesar da distância? – perguntei, esperando que ele não ficasse zangado com esta pergunta.
        Ele demorou a responder e ficou pensativo – Sim, mas com uma condição.
        - Qual?
        - Não vais esticar-te para outros rapazes. É normal que venhas conhecer rapazes novos, não te impeço, acho compreensível e não tenho nada contra fazeres amigos. Eu não quero ser substituído, por isso acho bem que não dês muita confiança a outros rapazes. Se não, algo de muito mau pode acontecer.
        - E tu prometes que não vais fazer isso com outras raparigas?
        - Que achas?
        - Não sei… Como vou estar longe, não me posso certificar de nada.
        - Eu digo o mesmo, mas se te amo confio em ti e acho que tu devias também confiar em mim e tal como já tinha dito antes, não vai ser a distância que vai impedir de namorarmos, não vai estragar os meses que passamos juntos. O nosso namoro, o nosso amor. Percebe isso. E sabes porquê? Porque o amor que sinto por ti é muito maior e supera a distância que nos vai separar.
        - Eu também te digo o mesmo, mas eu não estou habituada a estar longe de ti e tenho algum medo de nós os dois conhecermos pessoas novas, percebes? Não penses coisas, sabes muito bem que és aquele que amo realmente e não vais ser substituído. Mas vamos conhecer pessoas novas e a distância faz sentir saudade.
        - Não há problema. Já disse á minha família que vou a Covilhã, todos os fins de propósito, irei de comboio ou autocarro ainda não sei bem. Quero passar os fins de semana contigo.
        - Foi querido mas sabes que não criar mau ambiente entre ti e a tua família.
        - E eu nem era para te ter contigo. Supostamente era surpresa.
        - Boa. Agora não sei o que responder – declarei, envergonhada porém irónica.
        - Não é preciso. Sabes que eu por ti faço tudo.
Fiquei completamente á nora. O Tiago pode ter vários defeito, incluindo o mau feitio, bipolaridade ou mesmo ser uma pessoa bastante diferente da pessoa que costumava ser antes, por exemplo há um ano atrás quando nos tínhamos acabado de conhecer ou até mesmo uma pessoa bastante diferente de David, mas eu apaixonei-me por ele mesmo assim.
Porque lá no fundo ele não é assim. Lá no fundo, apesar de ter mudado, ele continua a ser um rapaz meigo (mas por vezes não demonstra) e com caraterísticas que grande parte dos rapazes não têm. Por exemplo, quando ele quer uma coisa ele luta imenso por tal e faz de tudo para que isso corra bem. E eu posso dizer que sou a prova disso.
Vocês todos não têm noção das coisas que ele já fez por mim, até mesmo na altura em que eu não gostava dele da mesma maneira que gosto hoje (quando namorava com o David) ! Eu é que não contei tudo… Se eu contasse todos os acontecimentos, tenho a certeza que ficavam boquiabertos, a sério. Agora já não vou enumerar tudo o que ele já fez por mim quando eu tinha o coração fixado noutra pessoa, até porque isso já faz parte do passado e sei o quão ele vale para mim e o quão o amo.
Estou tão apaixonada!
        Irei partir de manhã, ás nove horas, para me poder adaptar á casa nova. Só sei que a casa é perto da Universidade, não vou ter que usar qualquer tipo de transportes para ir para lá. Também sei que vou ter que partilhar a casa com mais duas raparigas que também são caloiras. Espero dar-me com elas e que sejam fixes! Estou nervosa… E se as coisas  não correrem tão bem como estava á espera? Pode ser muito o negativismo da minha parte mas também é normal ter receio.
        A coisa mais estranha que alguma vez sentira até agora fora, de facto, despedir-me do Tiago. Dar-lhe o ultimo beijo, o ultimo abraço e só poder fazer isso daqui a algum tempo é sem dúvida doloroso. Sim, eu chorei quando o abracei e ele por mais evitasse ficou tão triste como eu. Também senti um enorme aperto no coração por não me ter despedido devidamente do David.
Não acredito que isto aconteceu. Porque é que teve de ser ele? Porque é que a vida prega tantas partidas quando menos esperamos? Porque é que a vida tem de dar tantas voltas?
Apesar de não me ter despedido dele como deve ser, resolvi fazê-lo uma vez que também já não estava com o Tiago (antes que ficasse ainda mais triste). Podem achar estranho, mas eu fui ao cemitério despedir-me Dele. Sentia um peso enorme na consciência caso não fizesse isso.
Quando lá cheguei, demorei algum tempo a situar a campa. Esta tinha uma das suas fotografias mais recentes. Mal vi a fotografia dele, desabei logo em lágrimas. Odeio cemitérios! Todavia, só lá fui para me despedir do David.
        - Onde quer que estejas, quero que saibas que vai estar sempre no meu coração. Ainda não me consegui mentalizar que partiste e que isso aconteceu a ti. – disse eu, a chorar tanto que mal se entendia – Não gosto mesmo nada de cemitérios , mas senti que isto era uma obrigação já que não me despedi corretamente de ti. Amanhã vou para a Universidade da Covilhã e é por isso que vim aqui despedir-me de ti já que não o fiz naquela noite. Foste o meu primeiro namorado, de todas as formas eu não te ia esquecer. A Leonor, no teu funeral contou-me o que se passou entre ti e a outra rapariga. Eu acreditei nela. Sabes, acho que trair uma pessoa sem estar bêbado ou drogado não era uma coisa tua e eu fui mesmo muito feliz contigo! Mas agora estás num sítio melhor, a descansar… Sinto-me um pouco culpada do teu falecimento. Se não tivesse organizado nenhuma festa ainda estarias vivo. Morreste tão jovem, tinhas tanto para viver ainda. Estejas onde estiveres vais estar sempre comigo, no meu coração e na minha memória. Já está a ficar tarde, amanhã vou ter que acordar bem cedo, no entanto havia tanto para dizer ainda… Descansa em paz, príncipe!
Alguns momentos depois, limpei as lágrimas e fui embora daquele triste lugar.


Chegara por fim o grande momento! Não me recordo da viagem, mas já estou na Covilhã! A casa tem uma vista linda para a cidade. Mais tarde, resolvi ir dar uma visita á serra uma vez que nunca lá tinha ido. Claro que esta estava sem neve, ainda é verão. Estava no ponto mais alto da serra.
        - Olá, Anna.
Reconheci esta voz, vinda de longe. Era a voz do David. Nem quis acreditar! Fiquei mesmo feliz!
        - David! O que estás aqui a fazer?
        - Vim ver-te – respondeu, sorrindo – Estás feliz?
De seguida abraçou-me. Abraços longos. Emocionei-me, chorei de alegria ao vê-lo.
        - Claro que estou! Mas não devias estar a descançar?
David sorriu. Eu retribui o sorriso.
        - Significa que voltaste?
        - Anna, nem imaginas as saudades que tinha. Não imaginas o que é cair num sono profundo e achar que não ia voltar.
        - Mas vais ficar? Senti que te tinha perdido para sempre.
        - Nunca me irás perder e disso tu podes ter a certeza.
        - Promete-me uma coisa, David.
David continuara a sorrir.
        - Promete-me que não vais embora.
        - Prometo que não vou embora – prometeu ele, ainda a sorrir.
Fiquei corada e talvez um pouco tímida – O teu sorriso continua lindo.
        - A sério? E sabias que tu és a causa dele? Não fazes ideia das saudades que tinha tuas e da felicidade que sinto neste momento.
        - Estás a ser querido, como sempre. Desculpa se alguma vez fui estupida ou incorreta contigo. Eu acreditei no que a Leonor disse e…
David interrompeu-me e beijou-me. Tinha o corpo gelado e continuava como estava no hospital: pálido. – Anna, eu ainda te amo.
De repente, o corpo dele começou a desaparecer lentamente, e eu deixei de sentir o corpo dele, era como se fosse um fantasma.
        - Espera! Onde vais? Prometeste que ficavas!  - supliquei.
        - Nunca deixei de te amar. Vou só descansar mais um pouco e não me te preocupes que eu não vou desaparecer completamente. Talvez volte, quem sabe talvez um dia nos voltemos a encontrar. Agora vou indo. Boa sorte para o que vier! Adeus, amo-te muito.
E dito isto, ele tornou a sorrir e o corpo dele despareceu por completo.
        - Mas tu prometeste… - falei eu para mim própria,  ficando a olhar para o meio do nada.
« Adeus, amo-te muito. »


De repente acordei.
Isto não tinha passado de um sonho. Um triste sonho. Comecei a chorar, embora impossível que o sonho se concretiza-se.
Onde estás tu, David?

«»
        Bom dia, Covilhã!
Chegara mesmo á pouco tempo, após umas três horas de viagem de comboio, segundo os meus cálculos (mas também quem disse que os meus cálculos estão corretos?)
Não dormi quase nada, devido á ansiedade e ao sonho que tivera. Estava com umas olheiras horríveis!
Quando estava a despedir-me da minha, naturalmente que ela começou a chorar e a dramatizar muito (coisas típicas da minha mãe) e quanto ao meu pai, ele disse um dos seus “discursos” (mas que não têm nada de discurso) do género : “juízo, boa sorte e porta-te bem!” ; “não te esqueças de avisar quando chegares.” ; “avisa sempre que acontecer alguma coisa!”  e a mais comum de todas: “Estuda! Já não és uma criança, és uma estudante universitária!”. Enfim, pais…
        Fui de autocarro e passei a viagem toda a falar por mensagens com a Leonor, para não me sentir sozinha. Leonor estava também em viajem, acompanhada por Miguel, no autocarro cujo destino era Coimbra, também iam para a Universidade.
        Como “espanto”, o Tiago àquela hora deveria estar a dormir…
        Covilhã é uma cidade bonita, porém eu acho-a um pouco estranha porque não faz caminhos retos (é só subir ou descer) devido a ser uma cidade situada na serra e porque é um pouco inclinada por causa disso.
Mal cheguei á minha nova casa, não hesitei em ir ver o meu novo quarto. Tem três camas e casa cada uma delas está destinada a mim e ás minhas novas colegas. O quarto tem uma varanda, com uma vista magnifica para a cidade, a casa fica situada num apartamento no sexto andar. Naquele momento, eu era a única habitante, mas não tardara a ficar com mais.
        - Olá. Chamo-me Rita. – cumprimentou a rapariga loira.

        - Oi. Eu sou a Alexandra, mas todos me tratam por Alex. Portanto eu sou a Alex – cumprimentou a rapariga morena. 
A Rita tem dezoito anos e a Alexandra também. Pelo que me pareceu, a Alex pareceu um pouco maria rapaz  e rebelde. Até mesmo pela maneira de falar. A Rita pareceu ser mais calma, também pela forma de falar e pelo estilo notava-se que é mais feminina que Alex. A Rita vem de Castelo Branco e a Rita vem da Guarda.
        Horas depois, Tiago ligara-me e disse que tinha saudades minhas. Não lhe que contei o sono que tivera tido na noite passada.
        Estou tão apaixonada… Já estou a morrer de saudades!
«»
        Entretanto, em Lisboa, Marta ainda tinha fé de separar Mateus de João e não conseguiu esperar mais tempo. Tinha de ser naquele e naquele momento!
Marta telefonou ao João.
        - ‘Tou? – atendeu ele.
        - João, sou eu a Marta. Preciso de falar contigo. Onde e quando nos podemos encontrar? – respondeu ela, parecendo realmente que estava aflita.
        - Mas é urgente?
        - Bastante… É sobre ti, por isso penso que é do teu interesse.
        - Está bem. Já vou ter contigo.
        - Ok, até já.
        João desligou e foi imediatamente ter com Marta. Alguns minutos depois, eles os dois já estavam juntos.
        - Então, diz lá o que me queres dizer que dizes que é tão importante.
        - Tens a certeza que está tudo bem?
João ficou confuso – Sim, ‘tou ótimo. Porquê?
        - Entre ti o Mateus está tudo bem? Como vão as coisas? – interrogou ela, sendo mais direta.
        - Bem.
        - De certeza?
        - Era só isto que tinhas para me dizer de tão importante?
Marta fez uma cara séria e falou num tom de voz mais sério (pelo menos pareceu) – Estou preocupada contigo! Não quero que nada de mal te aconteça ou que fiques magoado. Mas se eu fosse a ti tinha mais atenção ao Mateus.
Marta fez uma pequena pausa e falou ainda mais seriamente, juntamente com um tom de voz ainda mais preocupante – Fogo. Não sei como te hei-de dizer!
João permanecera confuso e então Marta resolveu tirar o telemóvel do bolso e mostrar as mensagens.
De seguida, mostrou as fotografias de Mateus aos beijos com outro rapaz.
        - Foi ele que te mandou isso? – perguntou João, não acreditando no que os seus olhos tinham acabado de ver.
        - Ele pediu-me para não te contar. Mas eu não achei correto ele continuar a mentir-te. Desculpa, mas eu achei que precisavas de saber.
João, ainda sem estar a acreditar ficara sem saber o que responder.
        - Lamento muito, João. Sempre pensei, assim como tu, que fosse tão verdadeiro. – continuou ela.
        João estava ainda em choque, não sabia ao certo o que dizer ainda.
        - Mas a que propósito ele te mandou isso?
        - Eu perguntei-lhe se estava tudo bem entre vocês os dois e de seguida ele perguntou-me se queria que fosse sincero. É claro que disse que sim, obviamente. Então, ele depois disse isso e de seguida até mandou essas fotos e tudo! A sério, eu pensei que ele fosse responder outra coisa. É que nunca me passou pela cabeça, o Mateus sempre me pareceu fiel, isto nunca me passou pela cabeça, ainda não estou a acreditar.
        - Pois. Nem tu nem eu.
        - Acho que devias falar com ele, para poderes ou tentares falar com ele sobre isto, pode ser que as coisas se resolvam. Espero que isto não passe de um mal entendido.
        - Duvido que seja, mas vou tentar falar com ele.


«»
        João resolveu ir falar com Mateus, para tirar as coisas a limpo, mas pouco valeu.
        - Posso perguntar-te uma coisa? – começou João.
        - Claro, o que quiseres, meu amor.
        - Tu gostas realmente de mim?
        - Tu sabes a resposta, amor. – respondeu Mateus, dando de seguida um beijo a João.
        João não prolongou, nem reagiu.
Mateus, com tal tamanho do espanto que teve, disse:
        - Wow. O que se passa?
        - Mateus, por favor, pára. – Pediu João, tentando fazer-se de forte.
        - Como assim?
        - Já sei que me achas estúpido e ingénuo mas não precisas de te fazer de parvo e fazer de mim burro.
Mateus não sabia realmente de que João estava a falar.
        - Podes explicar-te? É que de facto eu não sei do que falas.
        - Se não gostas de mim, podias ter dito logo. Não precisavas de “namorar” – justificou-se mesmo fazendo aspas com os dedos – comigo e com outro rapaz. A sério, podias ter dito logo que é uma farsa.
        - Mas ‘tás-te a passar? – continuou Mateus, já começando a perder a paciência – Sabes que eu sou incapaz dessas cenas e já agora não percebo a que propósito vieste com esta conversa, a que propósito surgiu e quem te pôs essas ideias na cabeça.
        - Ai é? Olha que acho que até sabes melhor do que eu.
        - Como se nem sei de que estás a falar?
        - Não gosto que me traiam e gozem comigo, nem que façam de mim parvo. Eu vi fotografias tuas com outro rapaz e estavam aos beijos.
Mateus ficou confuso – Mas o meu ultimo namorado, antes de ti, foi no ano passado! Quem te mostrou essas fotografias?
        - Não interessa. Mas muito sinceramente não sei se acredito nisso. Não precisas de te fazer de desentendido. Se me achas estupido e ingénuo, não valeu a pena o nosso namoro. Sim, eu “curto-te” – referiu João, fazendo de novo aspas com os dedos – E se não o fosse, não tinha namorado contigo. Agora de ti não se pode dizer isso, pois tu brincaste comigo e com os meus sentimentos, tudo o que eu sentia por ti. E pelos vistos, isso dava-te gozo! Mas pronto, deixa lá. Agora deixo-te andar com todos os gajos que quiseres. E sabes porquê? ACABOU.

        - Fico triste que isto seja assim e que não acredites em mim, significa que não confias em mim. Já te disse que nunca te traí e que gosto mesmo de ti. Eu vou descobrir quem te mandou essas fotos , podes ter a certeza. 

35 comentários:

  1. Gostei :D Continua ;)
    Beijinho *

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oh que fofinhos, beijaram-se! *-*

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  4. eheh , mesmo , ainda bem que gostas , o melhor está para vir :b

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  5. Está cada vez melhor ;) E não estou a gostar nada do Tiago e do João :$ They are mean! x)

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    1. ty ! yáh , pois são xD são tipo os bad boys da história :$
      também adoro , adoro mesmo muito as tuas ! ♥

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  6. Estou a gostar imenso, o João e a Leonor são mesmo fofos! *-*

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    1. ainda bem que gostas , mas ainda vão acontecer muitas outras coisas , isto está cheio de surpresas xd

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  7. Adorei a tua história, está mesmo fixe!*__*
    Podes visitar o meu blog?
    http://afinesmile.blogspot.pt/

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    1. olá, obrigada, também estou a gostar da tua e segui-te (:

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  8. Adorei *.*
    Continua :D
    Tou ansiosa pelo final *-------*

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  9. Ainda bem que continuaste e muito
    acho que é muito
    mas seria melhor mt mais xD
    Tou adorando como sempre
    miuda amo a tua historia *.*
    Continua

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  10. Fixe!Vai acontecer :O
    Nossa!Esta quase no fim :'(
    Buaaa ,amo essa historia
    CONTINUA :D

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  11. Estou a gostar, continua ;)

    Sou nova na blogosfera e este é o meu blog: http://heavenisaplaceonearth-08.blogspot.pt/
    Já sigo. Segues de volta?

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    1. olá, ainda bem que gostaste!
      estou um pouco atrasada quanto ao blog, porque tenho tido muito para fazer e não tenho tido muito tempo para continuar , mas continuarei em breve. (:

      segui de volta (:

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  12. Finalmente eu consegui ler. Nao perdia essa historia por nada nesse mundo apesar de estar atrasada lol. Fixeeee *---*
    Amei como sempre!! Estou ansiosa para ke continuas :3
    Como eu amo esta historia , tem cada supresa xD
    Ja agr boas festas Miuda Imperfeita e sorry minha ausencia tanto no forum como no face... :)
    Continua :D

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    1. Olá !
      Tenho andado realmente bastante ausente do blog. Ultimamente tenho estado sem pc mas vou tentar continuar o mais que puder.
      Obrigada por gostares , estou a cada dia poder melhorar a história !
      Como já passa do dia 6 de janeiro , agradeço-te e desejo-te um excelente ano de 2014 (:

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    2. Somos duas. Meu blog ta completamente inactivo -.- :(
      Mas pronto! De nada. Fixe!! *-* :D
      Tks ^.^
      E continua , a historia esta um espetaculo como smp!! Estoy cada vez mais ansiosa ><

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    3. de nada e obrigada (x
      ainda bem que estás a gostar :3

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  13. De nadaa ;)
    Como ja disse e impossivel nao gostar :) ;)

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    1. obrigada mais uma vez ! quando tiver mais tempo irei continuar mais um bocado. ultimamente tenho andado ocupada , os testes já começaram e não tenho tido muito tempo, também fico sem computador por vezes .. espero que continues a gostar e que dês a tua opinião, críticas (construtivas) ou dúvidas ! isso é importante para mim para melhorar a história (:

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. NOVIDADE!!!!!!!!

      tenho andado muito ausente de blog.
      mas não temho andado ausente da história. eu escrevo todos os dias num caderno e já cheguei ao capítulo 16. o caderno que contém os capítulos 11 e e 12 não está comigo, está com uma prima minha e ela mora longe.
      tal como disse, estou no capítulo 16 e muitas coisas aconteceram.
      já começei a passar os restantes capítulos para um word e assim que tiver o outro caderno continuarei. alterei algumas fotos das personagens (claro que não são dos verdadeiros ) , mudei ao respetivas informações destes. brevemente irei fazer algumas alterações aos primeiros capítulos (1,2,3) porque acho que a história está a ficar muito grande e tem lá algumas coisas que não são muito importantes e eu não quero que fartem da minha história ou que a achem secante xd
      e acrescentei ainda uma nova personagem ! ( e quem sabe se irei meter mais)
      por isso, a história está diferente aqui no blog e não só e vai ter ainda mais alterações. espero que gostem!
      E claro, dêm opiniões, dúvidas , se tiverem e críticas construtivas ((:

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  14. Hey!
    Ha muito tempo ham!
    Ha muito que nao vinha para o blog e ja estava a ficar triste se tinha perdido a historia :3
    Estou ansiosa que continuas! :D *.*

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    1. olá! sim, realmente não tenho continuado no blog.. mas em breve irei fazer algumas alterações á história, porque tem algumas partes um pouco infantis e há alguns capítulos um pouco grandes!
      é óbvio que não vais perder a história, simplesmente está um pouco atrasada...... e há muito para ler, muitas surpresas vão haver ao longo dos próximos capítulos! ^^

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    2. Fantastico! Continua sempre >.< :O
      OMG
      JA vai chegar a parte esperada :O >.<

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    3. olá! ainda bem que gostas! agora que já tenho os cadernos, por isso já continuei um bocado!
      infelizmente a parte esperada chegou..
      novidades irão surgir!

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  15. chegou sim :O
    EU tou xocada lol
    Tipo... Mesmo triste!...

    Ja agora ao visual do blog, é complicado ler com ele. Nao gosto muito. Da-me dor de cabeça kkkk
    Acho que devias trocar. É so a minha opiniao

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    1. olá! sei que tenho andado afastada do blog, mas já continuei um pouco.. continuei mais um bocado!
      em 2015 vou tentar vir cá mais vezes para continuar.
      trago novidades, vejam: http://smile-be-true-be-happy.blogspot.pt/2014/12/um-misto-de-emocoes.html

      aproveito para desejar um bom 2015! 😄

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